EUA: Protestos “No Kings” de oposição marcam sábado contra Trump
Uma série de protestos massivos, denominados “No Kings”, mobilizou milhares de pessoas nos Estados Unidos neste sábado (18) em oposição a Donald Trump. As manifestações, programadas para Washington e centenas de cidades americanas, foram convocadas para combater o que organizadores veem como uma crescente “erosão das instituições democráticas” sob o ex-presidente. Em meio a um clima político polarizado, no qual Trump anula a pena de um ex-deputado condenado, este evento é amplamente reconhecido como o maior ato nacional de oposição desde o retorno dele à Casa Branca. Esta mobilização popular sublinha a profunda preocupação com o curso da democracia americana.
A data dos “protestos No Kings” coincide com o décimo oitavo dia de uma paralisação do governo federal, intensificando ainda mais o cenário de turbulência política. Enquanto os ativistas tomavam as ruas para defender os princípios democráticos, o ex-presidente Donald Trump passava o fim de semana em sua propriedade de Mar-a-Lago, na Flórida. Na ocasião, ele era anfitrião de um jantar de arrecadação de fundos para seu Super PAC, o MAGA Inc., conhecido pelo custo exorbitante de US$ 1 milhão por prato. Antes de deixar Washington, Trump fez uma declaração à Fox News, rebatendo as acusações de autoritarismo: “Dizem que me chamam de rei. Eu não sou um rei.”
EUA: Protestos “No Kings” de oposição marcam sábado contra Trump
A força dos “protestos No Kings” sinaliza um momento crucial na oposição a Donald Trump, que reflete diretamente um modelo de governança caracterizado por embates com o Congresso e o Judiciário. A amplificação de poderes executivos para contornar a oposição política e as ações, como a anulação da pena de um ex-deputado condenado, alimentam o argumento dos organizadores sobre a necessidade de defender o sistema de freios e contrapesos. Este cenário de confronto tem gerado amplas discussões sobre o futuro da governança nos Estados Unidos, intensificando a retórica sobre os limites da presidência.
Críticas à Concentração de Poder e a Perspectiva da Oposição
Organizadores da movimentação “No Kings” argumentam que as manifestações são uma resposta direta ao modo de governar de Trump. Este modelo tem sido frequentemente marcado por intensos atritos com as outras esferas de poder — o Legislativo e o Judiciário — e por uma tendência a utilizar de forma crescente os poderes executivos para anular decisões e contornar a oposição política. Ezra Levin, um dos cofundadores do movimento Indivisible, que atua na coordenação dessa mobilização com inúmeros grupos parceiros em todo o país, reforçou a ideia ao afirmar: “Não há ameaça maior a um regime autoritário do que o poder do povo patriota.” Mais de 2.600 manifestações estavam previstas para ocorrer neste sábado em grandes e pequenas cidades americanas. A abrangência do movimento estende-se internacionalmente, com atos planejados também no exterior, incluindo capitais europeias como Madri, organizados pelo grupo Democrats Abroad.
Para analistas políticos, a dimensão e a frequência desses protestos contra Donald Trump demonstram uma virada na postura da oposição. Até pouco tempo antes, essa oposição era percebida como fragmentada e desmotivada frente ao aparente fortalecimento político de Trump. O histórico recente do movimento reforça essa percepção: em abril, cerca de 1.300 marchas foram registradas contra o ex-presidente e o empresário Elon Musk. Em junho, esse número subiu para 2.100, e agora, no sábado, mais de 2.600 locais foram registrados para os “protestos No Kings”. “Estamos vendo os democratas mostrarem alguma espinha dorsal”, comentou Levin. “O pior que poderiam fazer agora é se render.”
Republicanos Reagem com Hostilidade e Acusações de Partidarismo
As lideranças republicanas, por outro lado, têm recebido os “protestos No Kings” com acentuada hostilidade, categorizando-os como manifestações “antipatrióticas” e de “extrema esquerda”. Mike Johnson, presidente da Câmara, classificou o evento como um “Hate America Rally”, sugerindo que os participantes estariam expressando ódio aos Estados Unidos. Ele previu a presença de diversos grupos políticos considerados extremistas pelos conservadores, afirmando: “Veremos antifa, marxistas e pessoas que odeiam o capitalismo em plena exibição.”
O governo e seus aliados republicanos no Congresso também atribuem aos democratas a responsabilidade pelo impasse orçamentário que mantém o governo federal paralisado, agora em seu décimo oitavo dia. A acusação é que o partido estaria se recusando a votar propostas de reabertura, ao mesmo tempo em que demanda novos investimentos significativos na saúde pública. Já os democratas, em sua defesa, alegam que a persistente paralisação governamental constitui uma tática de resistência. Eles afirmam estar reagindo ao avanço percebido como autoritário de Donald Trump e empenhados em proteger o essencial equilíbrio entre os Poderes da República.
É um Ato de Amor à Constituição: Senadores Defendem o Movimento
Entre os mais vocais apoiadores da mobilização “No Kings” estão figuras proeminentes como o líder democrata no Senado, Chuck Schumer, e o influente senador independente Bernie Sanders. Sanders fez questão de rebater veementemente as críticas republicanas, expressando sua visão sobre o significado dos atos. “É um ato de amor à América”, escreveu o senador em suas plataformas digitais, destacando o propósito patriótico das manifestações. Ele prosseguiu, afirmando que “milhões de pessoas vão às ruas para defender a Constituição e a liberdade americana — e para dizer a Trump que este país não será transformado em uma autocracia.”
Hakeem Jeffries, líder democrata na Câmara, optou por não confirmar sua presença nas manifestações deste sábado. Contudo, ele aproveitou a oportunidade para criticar de forma incisiva a narrativa apresentada pelos republicanos. Referindo-se a eventos anteriores, ele declarou: “O que foi realmente odioso aconteceu em 6 de janeiro”, fazendo uma clara alusão à invasão do Capitólio em 2021. Para Jeffries, os eventos previstos para este fim de semana representariam um genuíno “patriotismo: cidadãos protestando contra o extremismo que Trump voltou a liberar sobre o povo americano”. Com o governo ainda em estado de paralisação e a tensão política em um patamar elevado, o sábado dos “protestos No Kings” promete ser um teste significativo. Este dia avaliará tanto a resiliência e a capacidade de reorganização de uma oposição determinada, quanto os limites da intensa polarização que divide os Estados Unidos entre a lealdade e a resistência a um presidente que frequentemente desafia as convenções democráticas do país.
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A intensa jornada de “protestos No Kings” em todo o território americano ressalta a profunda divisão política e o debate em torno das bases democráticas do país. As ruas expressaram tanto a contestação ao estilo de governo de Donald Trump quanto a reafirmação dos valores constitucionais, enquanto o governo federal permanece paralisado, acirrando os ânimos de ambos os lados. Para aprofundar a compreensão sobre os desafios políticos e sociais que moldam a nação, continue acompanhando as análises e notícias da nossa editoria de Política.
Crédito da Imagem: Dee Cahill, de Margate, na Flórida, segura um cartaz com os dizeres No Kings enquanto participa de um protesto pró-democracia e anti-Trump em frente à propriedade de Trump em Mar-a-Lago, em Palm Beach (Flórida), na quinta-feira, 17 de julho de 2025. Foto: AP Photo/Rebecca Blackwell, File. Manifestantes participam do protesto No Kings em 14 de junho de 2025, em Portland, Oregon. Foto: (AP Photo/Jenny Kane, File)



