O cenário geopolítico global foca novamente na Faixa de Gaza, onde a questão do desarmamento do Hamas emergiu como um ponto crítico nas negociações de cessar-fogo. Após a assinatura de um acordo pelo presidente Donald Trump, o secretário de Estado americano, Marco Rubio, destacou, na última sexta-feira (24), que a eventual recusa do grupo em entregar suas armas será encarada como uma violação direta do pacto. Essa postura implicaria na necessidade de impor a desmilitarização da organização designada como terrorista.
Rubio evitou pormenores sobre como a medida de desarmamento seria aplicada, mas reiterou a necessidade de sua execução. “Não vou entrar em detalhes sobre os mecanismos pelos quais isso [desarmamento do Hamas] ocorreria, mas teria de ser aplicado. Quer dizer, isso é um acordo, e um acordo exige o cumprimento das condições. Israel cumpriu seus compromissos. Eles estão na linha amarela, e isso depende da desmilitarização”, disse o secretário, referindo-se à demarcação para o recuo militar israelense em Gaza.
EUA avaliam imposição de desarmamento ao Hamas
O desarmamento do Hamas constitui um dos temas mais delicados nas tratativas e ameaça a estabilidade do acordo. O grupo já indicou resistência em ceder seu arsenal completo. Recentemente, ambas as partes têm trocado acusações de infrações ao cessar-fogo, elevando a tensão na região. As declarações de Rubio ressaltam a seriedade com que Washington vê a aderência aos termos estabelecidos.
Em sua explanação, Rubio enfatizou o propósito dos Estados Unidos de fomentar um ambiente em Gaza onde a população possa prosperar livre da influência do Hamas, desfrutando de estabilidade e oportunidades de trabalho. Ele afirmou: “Queremos ajudar a criar condições em que as pessoas em Gaza não precisem mais ser aterrorizadas pelo Hamas, mas possam ter vidas, negócios e um futuro melhor”. O secretário de Estado apontou que este é um projeto com perspectivas de longo prazo.
Estas afirmações ocorreram durante a passagem de Marco Rubio por Israel. Ele integra uma delegação americana mobilizada para instar o governo de Binyamin Netanyahu a manter o cessar-fogo em vigor, após sucessivos dias de ataques na Faixa de Gaza. O vice-presidente americano, J.D. Vance, também em visita à região e com quem o premiê israelense se encontrou, esclareceu que Washington ainda não estabeleceu um prazo final para o desarmamento do Hamas.
De acordo com o plano elaborado por Trump, o desarmamento ocorreria em uma etapa subsequente. O tratado ainda projeta a formação de um governo tecnocrático para administrar Gaza, um outro aspecto cujos pormenores ainda carecem de definição completa. Este planejamento complexo evidencia as muitas arestas a serem aparadas para uma paz duradoura.
Simultaneamente, o Departamento de Estado americano divulgou a nomeação do embaixador Steven Fagin, atualmente representando os EUA no Iêmen, para ser o chefe civil do recém-estabelecido Centro de Coordenação Civil-Militar. Instalado no sul de Israel, o órgão tem como funções implementar o plano de paz de 20 pontos proposto por Trump e coordenar o acesso de assistência humanitária à Faixa de Gaza. A criação deste centro visa otimizar os esforços de estabilização e apoio à população civil.
Nesta mesma sexta-feira, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou que a instituição de corredores médicos para o transporte de pacientes em Gaza representaria um avanço crucial para as cerca de 15 mil pessoas que dependem de tratamento médico externo. A infraestrutura de saúde da região foi quase totalmente aniquilada desde o começo do conflito entre Israel e o Hamas, em outubro de 2023, intensificando a severa crise humanitária. Para mais informações sobre a situação de saúde na região, consulte os relatórios da Organização Mundial da Saúde.
Rik Peeperkorn, que representa a OMS nos territórios palestinos, solicitou a abertura completa de todas as passagens de Gaza com Israel e Egito durante o período de cessar-fogo, não só para as operações de saúde mas também para o ingresso de ajuda humanitária. Ele salientou que a organização está preparada para ampliar as transferências de pacientes, se houver condições. O representante destacou que, no ritmo atual, a remoção das 15 mil pessoas que requerem cuidados, incluindo 4 mil crianças, levaria aproximadamente uma década, tornando urgentes as medidas.
Peeperkorn enfatizou a essencialidade da reabertura das rotas médicas que ligavam Gaza à Cisjordânia e a Jerusalém Oriental, caminhos utilizados antes da eclosão da guerra. A OMS também reforçou a importância de reabrir a passagem de Rafah, situada na fronteira com o Egito, para viabilizar a transferência de pacientes para tratamento no país vizinho ou em outras nações. Desde o início do confronto, mais de 700 indivíduos perderam a vida aguardando autorização para sair de Gaza para tratamento.
Após dois anos de guerra, Gaza se encontra coberta por mais de 61 milhões de toneladas de destroços, com mais de 75% de suas edificações destruídas, segundo informações da ONU analisadas pela agência AFP. Este volume massivo de entulho corresponde a 170 vezes o peso do Empire State Building, em Nova York, ilustrando a escala da devastação. A reconstrução e estabilização de Gaza é um desafio monumental que exige cooperação internacional e, crucialmente, um efetivo desarmamento do Hamas.
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Este panorama demonstra a complexidade da busca pela paz e pela estabilidade na Faixa de Gaza, onde a pressão dos Estados Unidos pelo desarmamento do Hamas se soma aos apelos humanitários internacionais. O cenário permanece incerto, exigindo vigilância e articulação diplomática constante para evitar novas escaladas de conflito. Para aprofundar suas análises sobre política internacional e seus impactos globais, convidamos você a explorar mais conteúdo em nossa editoria de Política.
Crédito da imagem: Fadel Senna/AFP


