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Eu e Meu Avô Nihonjin: Animação resgata imigração japonesa

A aguardada animação Eu e Meu Avô Nihonjin, dirigida por Célia Catunda, conhecida por seus trabalhos em “Peixonauta” e “O Show da Luna”, está em cartaz nos cinemas brasileiros e promete levar o público a uma jornada emocionante. O filme explora a rica história da imigração japonesa para o Brasil, resgatando as memórias e desafios […]

A aguardada animação Eu e Meu Avô Nihonjin, dirigida por Célia Catunda, conhecida por seus trabalhos em “Peixonauta” e “O Show da Luna”, está em cartaz nos cinemas brasileiros e promete levar o público a uma jornada emocionante. O filme explora a rica história da imigração japonesa para o Brasil, resgatando as memórias e desafios enfrentados por esses pioneiros, tudo através do olhar e da relação que se desenvolve entre um neto e seu avô, conectando gerações.

A trama central se desenrola em torno de Noboru, um menino brasileiro de ascendência japonesa com apenas dez anos, que recebe a tarefa escolar de investigar a trajetória de sua própria família. Para cumprir o trabalho, ele precisa dedicar as tardes pós-aula ao convívio com Hideo, seu avô monossilábico e notoriamente ranzinza. Esses encontros iniciais, permeados por diferenças geracionais e culturais, pavimentam o caminho para descobertas profundas sobre suas origens e, inesperadamente, a revelação da existência de um parente até então desconhecido pela criança.

Eu e Meu Avô Nihonjin: Revisitando a Herança Imigratória

Nessa vivência compartilhada, o jovem Noboru mergulha no passado de seus antepassados, compreendendo as adversidades enfrentadas pelos primeiros imigrantes japoneses no Brasil no início do século 20. Além disso, a animação Eu e Meu Avô Nihonjin o faz reconhecer em sua própria realidade como nipo-brasileiro traços de uma identidade multifacetada. A história explora, por exemplo, a aversão compartilhada entre Noboru e um tio em relação ao apelido “japa”, evidenciando as nuances e desafios da integração cultural e o processo de autoidentificação.

Os diálogos cotidianos entre avô e neto, por vezes lentos e hesitantes, transformam-se em pontes para uma conexão mais profunda e empática. Entre a degustação de um tradicional udon preparado por sua “batchan” (avó em japonês), a assimilação de novas palavras da língua japonesa e os atritos intergeracionais inevitáveis com o patriarca, Noboru começa a desvendar a riqueza das experiências de Hideo. Durante boa parte da obra cinematográfica, a narração é conduzida pelo próprio Hideo, cuja voz é dublada por Ken Kaneko, imprimindo à narrativa um ritmo mais cadenciado, com flashbacks de caráter contemplativo. Essa escolha artística diferencia a animação no cenário atual das produções infantis, que frequentemente optam por narrativas mais agitadas e com pouco espaço para respiros, oferecendo ao público uma cadência única e envolvente.

A Visão Criativa por Trás da Produção

A diretora Célia Catunda defende a abordagem mais profunda do filme, afirmando seu compromisso em não subestimar a capacidade infantil de absorver narrativas complexas. “Resolvi encarar esse desafio de fazer um filme que, do ponto de vista do mercado, não é uma aventura muito louca e cheia de trapalhadas, aquela coisa que vende, porque sou super contra subestimarmos a capacidade da criança de entender histórias mais complexas”, detalha Catunda. A criadora reforça a importância de considerar os dramas dos mais jovens em produções infantis, buscando dar destaque a questões psicológicas, familiares e identitárias, transcendendo o universo meramente lúdico da brincadeira e da fantasia.

A animação “Eu e Meu Avô Nihonjin” é uma adaptação do romance “Nihonjin”, de Oscar Nakasato, obra premiada com o Jabuti em 2012. O autor comenta que, durante o processo de transposição para as telas, cenas mais delicadas como adultério e assassinato foram retiradas. Nakasato elogia a capacidade da equipe de “conseguir levar para as telas a essência de algumas questões relacionadas à imigração japonesa, o trabalho duro na fazenda de café, a dificuldade durante a Segunda Guerra pelo fato do Japão pertencer a um dos países do Eixo”. Para aprofundar a compreensão sobre este marco histórico, é possível consultar informações detalhadas sobre a imigração japonesa no Brasil. Esses elementos foram crucialmente preservados no espírito da obra cinematográfica.

Influências Artísticas e Atuações Notáveis

Outro elemento significativo na adaptação foi a direção de arte, inspirada diretamente na obra do pintor Oscar Oiwa. Célia Catunda explica que, além das paisagens rurais que remetem ao interior de São Paulo e das cenas urbanas, diversos recursos do traço singular do artista foram essenciais para evocar o universo onírico e as memórias do avô Hideo. Exemplos disso incluem o estudo detalhado de luz nas folhas das árvores e as transições de cena que brincam com elementos da cultura japonesa, como a metamorfose de um tofu em um ônibus. “A memória vai se constituindo dessas pequenas partículas”, ilustra a diretora, evidenciando como esses detalhes enriquecem a narrativa da animação.

O elenco de vozes contribui significativamente para a autenticidade de Eu e Meu Avô Nihonjin. O ator japonês Ken Kaneko, de 90 anos, que reside no Brasil desde 1960, dubla o avô Hideo. Kaneko relatou sua imediata identificação com o roteiro ao lê-lo pela primeira vez, o que, segundo ele, permitiu que a dublagem fluísse de maneira completamente natural, sem a necessidade de forçar qualquer sotaque. “Não fiz esforço, mas como eu sou”, afirmou o ator.

Eu e Meu Avô Nihonjin: Animação resgata imigração japonesa - Imagem do artigo original

Imagem: www1.folha.uol.com.br

Estreando na dublagem de voz original, Pietro Takeda, de 11 anos e também de ascendência japonesa, empresta sua voz ao personagem Noboru. O jovem ator destaca que a mensagem central transmitida pelo filme é o respeito, ressaltando a jornada de Noboru ao passar a valorizar seu “ditchan” (avô em japonês) à medida que compreende sua história e a complexidade de suas vivências.

Legado e Herança Cultural Nipo-Brasileira

Ken Kaneko, com sua vasta experiência em produções que abordam a temática nipônica, como “Gaijin – Os Caminhos da Liberdade”, de Tizuka Yamasaki, e “Corações Sujos”, de Vicente Amorim, vê nesta animação um legado cultural importante. Para ele, o filme funciona como uma valiosa herança para as novas gerações de nipo-brasileiros que, muitas vezes, não têm acesso ou conhecimento profundo sobre as vivências e o legado cultural trazido pelos primeiros imigrantes. “Claro que tem diferenças, mas mesmo assim tem amor. Esse amor não desaparece. Mesmo que o netinho não fale japonês”, finaliza Kaneko, enfatizando a universalidade dos laços familiares e da cultura.

Informações sobre a Produção:

  • Quando: Em cartaz nos cinemas
  • Classificação: Livre
  • Produção: Brasil, 2025
  • Direção: Célia Catunda
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O filme “Eu e Meu Avô Nihonjin” é uma produção brasileira que celebra a cultura nipo-brasileira e a importância do diálogo intergeracional para a preservação da memória. Representa uma ponte cultural vital, convidando as famílias a refletir sobre suas próprias histórias e legados. Convidamos nossos leitores a continuar explorando o panorama de análises aprofundadas e notícias relevantes sobre cultura e sociedade em nosso site.

Crédito da imagem: Cena do filme ‘Eu e Meu Avô Nihonjin’, de Celia Catunda – Divulgação

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