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Estupro Gisèle Pelicot: Réu recorre e nega intenção

Um dos homens sentenciados pelo brutal caso de **estupro de Gisèle Pelicot**, 72, declarou à justiça que jamais teve a intenção de cometer o crime. Husamettin Dogan, de 44 anos, é o único dos 51 condenados a apresentar recurso contra a sentença recebida no processo que chocou a França e o mundo. A vítima, Gisèle […]

Um dos homens sentenciados pelo brutal caso de **estupro de Gisèle Pelicot**, 72, declarou à justiça que jamais teve a intenção de cometer o crime. Husamettin Dogan, de 44 anos, é o único dos 51 condenados a apresentar recurso contra a sentença recebida no processo que chocou a França e o mundo.

A vítima, Gisèle Pelicot, foi submetida a anos de abuso sexual após ser drogada e violentada enquanto inconsciente. Os crimes foram orquestrados por seu ex-marido e dezenas de outros agressores ao longo de décadas. Dogan foi condenado em 2024 a nove anos de reclusão pelo seu envolvimento nos delitos.

Estupro Gisèle Pelicot: Condenado recorre e nega intenção

No tribunal de apelações da cidade de Nîmes, Husamettin Dogan defendeu sua posição, afirmando categoricamente: “Eu nunca tive a intenção de fazer isso. Estou aqui porque eu nunca quis estuprar esta senhora, por quem tenho respeito”. O réu confirmou ter mantido contato sexual com Pelicot, mas argumentou desconhecer que a vítima estivesse sob efeito de substâncias que a incapacitassem. Sua alegação é um ponto central na audiência de apelação, que se estende por quatro dias.

A própria Gisèle Pelicot esteve presente na corte nesta segunda-feira, dia 6 de maio. Ela sentou-se ao lado de seu filho mais novo, Florian, demonstrando notável resiliência. Conforme havia feito no julgamento original, Pelicot reafirmou sua decisão de renunciar ao direito ao anonimato perante os juízes. Ao chegar ao tribunal, foi recebida por um grupo de apoiadores que exibiam faixas de agradecimento à sua coragem. Ao deixar o recinto, ela foi novamente aplaudida pela demonstração de força e determinação.

A postura pública de Pelicot reflete sua intenção expressa de que o processo completo fosse conduzido de forma aberta. Ela havia rejeitado veementemente que o julgamento original, ocorrido entre setembro e dezembro de 2024, se realizasse a portas fechadas. Sua exigência, comunicada aos tribunais, visava um objetivo claro: fazer com que “a vergonha mudasse de lado” e deixasse de ser um fardo imposto às vítimas de estupro, passando a recair sobre os agressores.

O Contexto Ampliado do Caso e As Condenações

O ex-marido de Gisèle Pelicot, Dominique Pelicot, figura central na orquestração dos abusos, recebeu uma pena de 20 anos de prisão em dezembro do ano passado. Ele, ao contrário de Dogan, não interpôs recurso contra a sentença. Os demais 50 réus envolvidos no esquema foram julgados culpados de estupro e outros crimes, e suas penas variaram de três a 15 anos de prisão. Alguns deles tiveram parte da pena suspensa. As idades dos condenados, na época, oscilavam entre 27 e 74 anos, evidenciando a diversidade dos envolvidos na longa rede de crimes.

A força de Gisèle Pelicot e sua eloquência foram marcos em sua declaração final no julgamento dos 51 homens. Em um pronunciamento que ecoou na corte, ela afirmou: “É hora de a sociedade machista e patriarcal que banaliza o estupro mudar. É hora de mudarmos a maneira como vemos o estupro”. Essa mensagem de desafio e reivindicação de mudança social destaca a profundidade e o impacto do seu caso na discussão pública sobre violência sexual.

O reconhecimento da bravura e da influência de Gisèle Pelicot se estendeu para além dos tribunais. Em meados de abril de 2025, ela foi nomeada uma das cem pessoas mais influentes daquele ano pela prestigiada revista americana Time. Este reconhecimento ressalta o papel fundamental de sua história na conscientização global sobre os direitos das vítimas. Além disso, a magnitude do seu testemunho resultará na publicação de suas memórias em 27 de janeiro de 2026, com lançamento previsto em 20 idiomas, prometendo alcançar um público ainda mais vasto e inspirar transformações.

Estupro Gisèle Pelicot: Réu recorre e nega intenção - Imagem do artigo original

Imagem: www1.folha.uol.com.br

Para aprofundar a compreensão sobre figuras que moldam o debate global e impactam a sociedade com suas histórias, vale a pena conferir a lista completa na edição especial da revista Time que destaca as cem pessoas mais influentes, incluindo a própria Gisèle Pelicot.

O Histórico de Husamettin Dogan

A trajetória de Husamettin Dogan, conforme detalhado pelo jornal britânico The Guardian e reiterado em tribunal, apresenta um panorama complexo. Nascido na Turquia, ele migrou para a França por volta dos cinco anos de idade, acompanhando seu pai, que trabalhava como porteiro. A família de Dogan foi realocada para um alojamento de emergência em um conjunto habitacional após um incêndio quando ele ainda era criança, ambiente onde, posteriormente, o acusado começou a se envolver com tráfico de drogas.

Aos 17 anos, Dogan enfrentou sua primeira condenação, resultando em uma pena de prisão que ele cumpriu a partir dos 20 anos. O tribunal ouviu sobre uma vida pessoal instável, marcada pela violência de seu pai e uma carreira profissional intermitente, com contratos temporários na construção civil. Houve períodos em que ele viveu em situação de rua desde a adolescência, aos 17 anos.

Informações adicionais apresentadas na corte revelaram o histórico de abuso de substâncias por parte de Dogan. Ele relatou ter começado a fumar maconha aos 10 anos de idade e, em um período de sua vida adulta, consumia uma garrafa de uísque diariamente. No entanto, houve uma interrupção em seu uso de álcool e fumo com o nascimento de seu filho, que possui síndrome de Down. Dogan assumiu a responsabilidade pelo cuidado do filho por vários anos, enquanto sua esposa estava empregada em uma cantina escolar.

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O recurso de Husamettin Dogan no caso de estupro de Gisèle Pelicot reacende as discussões sobre a intenção nos crimes sexuais e a voz das vítimas. Acompanhe a continuidade deste e de outros importantes debates sobre justiça e questões sociais em nossa editoria de Política.

Crédito da imagem: Gabriel Bouys/AFP

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