A estudante de Direito investigada por envenenamento em São Paulo e no Rio de Janeiro é Ana Paula Veloso Fernandes, de 36 anos. A Polícia Civil de São Paulo concentra esforços em apurar a possível participação da estudante em pelo menos quatro mortes, todas com forte suspeita de terem sido provocadas por envenenamento. A complexidade do caso e os indícios colhidos pelas autoridades levaram à sua classificação como uma possível assassina em série.
As motivações apontadas para os crimes, segundo as investigações, são variadas, indo desde o desejo de vingança até claros interesses financeiros, conforme o que foi revelado durante as análises preliminares. O delegado Halisson Ideião, que conduz as investigações, destacou em pronunciamento que o perfil da suspeita demonstra uma busca por satisfação no ato de matar. “Ana Paula tem prazer em matar. A motivação pouco importa pra ela, ela quer matar”, afirmou Ideião, enfatizando a frieza e o premedito observados em suas ações.
Estudante de Direito investigada por 4 mortes em SP e RJ
A abordagem utilizada por Ana Paula para se aproximar de suas vítimas exibia um padrão meticuloso e diversificado. Em todos os casos sob investigação, a estudante foi a última pessoa a ter contato direto com as vítimas antes de seus falecimentos e, surpreendentemente, também a primeira a acionar as autoridades policiais, um comportamento que se tornou um ponto crucial nas análises do perfil de conduta.
Primeira Ocorrência: Morte de Marcelo Fonseca em Guarulhos
O primeiro caso examinado pela Polícia Civil data de janeiro e teve como palco a cidade de Guarulhos, na região metropolitana de São Paulo. A vítima, Marcelo Fonseca, teve sua casa compartilhada com Ana Paula, que alegava ter se mudado sob o pretexto de um acordo de aluguel. Apenas quatro dias após sua chegada, as investigações sugerem que Ana Paula administrou veneno a Fonseca. Chocantemente, o corpo foi então deixado em estado de decomposição por vários dias antes que qualquer aviso fosse feito à polícia.
O Caso Maria Aparecida Rodrigues: Veneno Após Encontro e Tentativa de Incriminação
Em abril, um novo episódio adicionou Maria Aparecida Rodrigues à lista de vítimas. Ela foi encontrada morta após um café na residência de Ana Paula. A conexão entre as duas havia se estabelecido por meio de um aplicativo de namoro. A filha da vítima expressou profunda dor e desolação diante da tragédia: “Minha mãe era minha melhor amiga. É muito difícil saber que alguém tirou ela de mim”, disse a filha, emocionada, refletindo o impacto devastador do crime. A apuração policial também revelou que Ana Paula teria engendrado uma intrincada trama para incriminar um ex-namorado, que é policial militar. Ela teria forjado bilhetes e até um bolo que supostamente conteria veneno na tentativa de direcionar a culpa. O delegado Ideião esclareceu o objetivo desta ação: “O objetivo dela, neste caso, não era que fosse feito um boletim de ocorrência de morte natural, mas, sim, de morte suspeita”, indicando a intenção de causar um inquérito que prejudicaria o ex-parceiro.
Morte de Hayder Mhazres Após Relação e Gravidez Forjada
No mês de maio, a comunicação da morte de Hayder Mhazres, um cidadão tunisiano de 21 anos, recaiu sobre Ana Paula, que mantinha um relacionamento com ele. Após o término da relação, a suspeita teria forjado uma gravidez, utilizando essa manipulação para pressionar Hayder. Diante de sua rejeição em retomar o relacionamento, Ana Paula é apontada por ter envenenado o jovem com um milkshake. Hayder Mhazres passou mal em sua casa e faleceu em decorrência do suposto envenenamento, levantando mais questões sobre o padrão de conduta da estudante.

Imagem: g1.globo.com
O Quarto Homicídio em Duque de Caxias: Encomenda e Transporte de Veneno
O quarto crime que integra as investigações ocorreu também em abril, na cidade de Duque de Caxias, no estado do Rio de Janeiro. A vítima era Neil Correia da Silva, pai de uma colega de faculdade de Ana Paula. A causa da morte foi a ingestão de comida que, de acordo com as evidências, havia sido preparada com veneno. A polícia detalhou que o crime foi uma encomenda de Michele Paiva de Queiroz, filha da vítima, e que Ana Paula foi responsável por transportar o veneno de São Paulo até o Rio de Janeiro para a execução. Michele foi presa na faculdade onde estuda, no Rio, e subsequentemente transferida para São Paulo para prosseguir com as investigações. O irmão de Michele, Carlos Silva, manifestou sua crença de que a irmã foi uma vítima de manipulação: “Não tenho dúvida de que minha irmã foi vítima de uma psicopata”, afirmou Carlos, reiterando a gravidade e o alcance da influência da estudante.
Ana Paula e sua irmã, Roberta, também considerada cúmplice nas investigações, encontram-se atualmente detidas. Em depoimento formal às autoridades, Ana Paula admitiu sua participação em dois dos assassinatos, porém negou categoricamente ter utilizado veneno como método para causar as mortes. A defesa da estudante, por sua vez, afirma que a cliente apenas forneceu relatos dos fatos conforme seu conhecimento e que a verdade integral sobre todos os acontecimentos será devidamente esclarecida à medida que as investigações avançarem e chegarem a uma conclusão final. Este caso, com suas intrincadas motivações e métodos de execução, adiciona mais um capítulo complexo aos anais da criminologia brasileira, reforçando a importância da perícia e da investigação detalhada na elucidação de crimes hediondos, como frequentemente destacado em análises sobre o sistema judicial.
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A investigação envolvendo a estudante de Direito e as quatro mortes com suspeita de envenenamento continua a mobilizar as autoridades, buscando desvendar por completo a teia de crimes e suas ramificações. Para compreender outros desafios e histórias envolvendo a segurança pública e o cotidiano urbano no país, o leitor pode acessar a editoria de Cidades em nosso portal e manter-se informado.
Foto: Reprodução/Fantástico
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