Estado de Emergência em Lima é Decretado pelo Presidente do Peru

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O estado de emergência em Lima, capital do Peru, foi formalmente declarado nesta terça-feira (21) pelo presidente José Jerí. A medida, com duração de 30 dias, tem como principal objetivo conter a escalada da criminalidade e a crescente violência que afligem a cidade. A decisão, que entrará em vigor à meia-noite no horário local (2h no horário de Brasília), reflete a gravidade da situação de segurança na metrópole e a determinação do governo em restaurar a ordem pública.

A declaração segue um período de intensa discussão no governo, que já havia anunciado sua intenção de impor tal estado na semana anterior. Esta iniciativa surge em um momento de forte pressão social, exacerbada por recentes protestos organizados principalmente por jovens identificados como parte da “Geração Z”. As reivindicações do grupo englobam ações concretas contra o aumento da criminalidade, a exigência pela saída do presidente interino, o fechamento do Congresso e a convocação de uma assembleia constituinte para reformular a Constituição do país.

Neste contexto de instabilidade, a medida de exceção se posiciona como uma resposta direta não apenas à escalada da violência urbana, mas também aos recentes e intensos protestos protagonizados pela juventude peruana. Essas manifestações, muitas vezes designadas pela imprensa como os “protestos da Geração Z”, ecoam um descontentamento profundo com a conjuntura política e social do país. A imposição do

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acontece poucos dias após o governo já ter sinalizado publicamente sua intenção de adotar tal medida, indicando uma estratégia planejada para conter os desafios securitários e sociais que assolam a capital.

Protestos da Geração Z intensificam crise

Os protestos, que alcançaram um pico significativo na última quarta-feira (15), reuniram manifestantes predominantemente jovens na emblemática Praça San Martín, localizada no centro da capital. Imagens da manifestação registraram a violência dos confrontos, com jovens incendiando cercas, arremessando coquetéis molotov, fogos de artifício e outros objetos contra as forças policiais que tentavam controlar a situação. Em resposta à escalada da agressão, a polícia utilizou gás lacrimogêneo e balas de borracha para dispersar a multidão, conforme reportado pela imprensa local. Estes foram os primeiros grandes atos de oposição ao presidente interino José Jerí, que havia assumido o cargo apenas seis dias antes.

Os confrontos resultaram em um considerável número de feridos: 55 policiais e 20 civis necessitaram de atendimento. Além disso, dez pessoas foram detidas durante os atos. O evento mais trágico da série de manifestações foi a morte do rapper Eduardo Ruiz Sanz, conhecido como Trvko, em decorrência de um disparo policial. O falecimento de Ruiz desencadeou uma forte onda de comoção social e intensas críticas direcionadas à gestão de José Jerí. Em uma declaração posterior, o presidente expressou condolências à família da vítima e afirmou que “as investigações determinarão com objetividade os fatos e responsabilidades” relacionadas ao incidente.

As demandas dos manifestantes são multifacetadas, incluindo a urgência em combater o aumento da criminalidade, que serve de pano de fundo para a atual declaração de estado de emergência. Paralelamente, os jovens exigem a renúncia do presidente interino, a dissolução do Congresso e a convocação de uma Assembleia Constituinte, refletindo uma profunda insatisfação com as estruturas de poder e a governança no Peru. Tais manifestações pela juventude não são um fenômeno recente; ondas de protestos lideradas pela Geração Z já vinham ocorrendo no país antes mesmo da destituição da ex-presidente Dina Boluarte, indicando um histórico de descontentamento latente e organizado através das redes sociais.

Origem dos atos: O Poder da Geração Z

A força mobilizadora da Geração Z no Peru espelha tendências globais de engajamento cívico. Este grupo demográfico, composto por indivíduos nascidos entre 1995 e 2009 (com idades entre 16 e 30 anos), tem demonstrado notável capacidade de organização. As manifestações, incluindo as de 15 de outubro, caracterizaram-se por confrontos e feridos. A onda de insatisfação começou em setembro do ano passado, motivada por uma reforma previdenciária promovida pelo governo de Dina Boluarte, que tornava obrigatória a adesão a um provedor de pensão para todos os peruanos maiores de 18 anos. Esse descontentamento se somou a uma insatisfação crônica com Boluarte e o Congresso, escândalos de corrupção, incerteza econômica e o aumento constante da criminalidade. Compreender o contexto legal de tais medidas excepcionais é fundamental; um estado de emergência, por exemplo, é uma prerrogativa constitucional, conforme discutido em portais jurídicos especializados.

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Imagem: g1.globo.com

A Queda de Dina Boluarte e a Ascensão de Jerí

A declaração do estado de emergência ocorre poucos dias após a turbulenta sucessão presidencial que alçou José Jerí ao poder. Na madrugada de sexta-feira, 10 de outubro, o Congresso do Peru aprovou o impeachment da então presidente Dina Boluarte, sob a acusação de “incapacidade moral”. A votação foi unânime, com 122 deputados votando a favor do afastamento, um número recorde que superou inclusive a votação que removeu o ex-presidente Alberto Fujimori, posteriormente condenado por crimes contra os direitos humanos.

O processo de impeachment de Boluarte foi motivado por graves alegações de corrupção, incluindo o infame “Rolexgate”, um escândalo que investigou uma coleção de relógios de luxo não declarados. A denúncia, assinada por 34 congressistas de diversas legendas, ganhou destaque após uma reportagem do programa “La Encerrona” expor o uso de diversos relógios de alto padrão pela então presidente em compromissos oficiais, sem a devida transparência.

José Jerí, que presidia o Congresso, assumiu a presidência interinamente em uma cerimônia realizada logo após a votação do impeachment. Em seu discurso de posse, Jerí, de 38 anos e membro do partido conservador Somos Peru, delineou um governo pautado pela reconciliação nacional e declarou “guerra contra o crime”, afirmando: “O principal inimigo está lá fora, nas ruas: as gangues criminosas”. Sua ascensão faz dele o sétimo presidente do Peru desde 2016, um dado que ressalta a profunda instabilidade política do país nos últimos anos. As novas eleições presidenciais já estão marcadas para abril de 2026, com o mandato de Boluarte originalmente previsto para terminar em 28 de julho de 2026. Jerí prometeu defender a soberania do Peru e garantir a transição de poder ao vencedor do próximo pleito.

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A declaração de estado de emergência em Lima, imposta pelo presidente José Jerí em 21 de outubro, visa estabilizar a capital peruana em meio à crescente criminalidade e intensos protestos da Geração Z. Esta medida excepcional reflete um período de profunda crise política e social no Peru, exacerbado pela recente destituição de Dina Boluarte. Acompanhe mais análises sobre os desafios políticos na América Latina e no Peru em nossa editoria de Política.

Crédito da imagem: CONNIE FRANCE / AFP

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