Esquema milionário de rifas ilegais desmantelado em Maceió

Um sofisticado **esquema de rifas ilegais em Maceió** foi desmantelado pelas autoridades, revelando um negócio que teria movimentado cerca de R$ 33,7 milhões. A operação aponta o influenciador digital Kleverton Pinheiro de Oliveira, de 40 anos, popularmente conhecido como Kel Ferreti, um ex-policial militar, como o principal mentor e líder da organização criminosa por trás dessas apostas e sorteios não regulamentados na internet.

Kleverton Pinheiro, que se apresenta como um “empreendedor digital” e guru em suas plataformas sociais, oferecia cursos sem regulamentação formal, prometendo aos participantes o sucesso em jogos online. Somente em um mês, as atividades renderam a Kel um faturamento expressivo de R$ 400 mil. Seu estilo de vida, caracterizado pela ostentação de bens de luxo como imóveis suntuosos, veículos importados e viagens internacionais, é investigado pelo Ministério Público de Alagoas (MPE/AL) como resultado direto de atividades ilícitas.

Esquema milionário de rifas ilegais desmantelado em Maceió

A investigação do MPE/AL sustenta que a organização criminosa sob a liderança de Kel Ferreti lucrava por meio de rifas e sorteios ilegais, cujos resultados eram frequentemente manipulados. O promotor Cyro Blatter, coordenador do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaesf), enfatizou que apostas em plataformas chinesas e coreanas, por exemplo, que não possuem legalização no Brasil, carecem de qualquer controle, evidenciando a fragilidade e os riscos para os apostadores. Esta falta de regulamentação criava um terreno fértil para as manipulações descobertas pela Operação Trapaça.

O modus operandi da quadrilha envolvia a divulgação de rifas com prêmios de altas somas, chegando a dezenas de milhares de reais. Contudo, os investigadores revelaram que parte dos bilhetes premiados era propositalmente reservada pela organização. Dessa forma, os consumidores adquiriam números com ínfimas chances de vitória, garantindo lucros milionários para os idealizadores a cada nova rodada dos sorteios ilegais. Este sistema de aposta, sem qualquer fiscalização, garantia a fraude.

A influenciadora digital Laís Oliveira, que conta com uma base de cinco milhões de seguidores, foi apontada como um elemento central na estrutura criminosa. A apuração indicou que seu envolvimento extrapolava a mera divulgação dos sorteios nas redes sociais. Entre janeiro e abril de 2024, Laís Oliveira teria recebido uma quantia de quase R$ 1 milhão de uma das empresas ligadas a Kel Ferreti. No mesmo período, seu marido, o criador de conteúdo digital Eduardo Veloso, teria recebido R$ 456 mil, evidenciando a profunda ligação financeira do casal com o esquema.

A repercussão das investigações levou à prisão de Laís e Eduardo em dezembro do ano passado, durante uma operação deflagrada pelo Ministério Público na cidade de Fortaleza. Embora tenham sido libertados dias após a prisão, a ação confirmou o vínculo do casal com as atividades ilícitas. Em resposta às acusações, a defesa de Laís Oliveira e Eduardo Veloso emitiu uma nota negando qualquer irregularidade, alegando não ter tido acesso a provas chave, como áudios mencionados na investigação, e afirmando que a participação do casal se limitava à prestação de serviços publicitários como influenciadores digitais, uma alegação contestada pelas autoridades.

No mesmo período em que o casal foi detido, Kel Ferreti também foi alvo das autoridades, sendo preso em dezembro do ano passado em seu apartamento localizado em Maceió. Durante a execução da Operação Trapaça, as forças de segurança apreenderam uma série de bens valiosos, incluindo joias, telefones celulares e uma soma aproximada de R$ 20 mil em espécie. Esses itens foram recolhidos como parte das evidências que fundamentam as acusações contra o influenciador e os demais envolvidos no esquema das rifas.

Histórico Conturbado

A ficha criminal de Kleverton Pinheiro de Oliveira é complexa. Em dezembro de 2023, sua expulsão da Polícia Militar foi formalizada. O desligamento ocorreu em decorrência de um incidente em 2022, quando, ainda no exercício de sua função, ele filmou e compartilhou nas redes sociais o ato de seu próprio voto, uma prática expressamente proibida pela legislação eleitoral brasileira, violando as regras de conduta para servidores públicos. A transparência e a imparcialidade das eleições são premissas defendidas pela Justiça Eleitoral, sendo crimes passíveis de punição severa. Para mais detalhes sobre as regulamentações eleitorais, acesse informações no portal da Justiça brasileira.

Adicionalmente à infração eleitoral e às atividades ilegais de jogos de azar, Kel Ferreti foi alvo de uma denúncia por estupro. O incidente teria ocorrido em junho do ano passado, mas a acusação veio a público apenas em dezembro, poucos dias após sua detenção na Operação Trapaça. A vítima do crime de estupro foi identificada como uma das apostadoras que haviam sido enganadas pelo esquema das rifas. O desdobramento resultou em uma condenação de Kel Ferreti por estupro, confirmada em primeira e segunda instâncias, impondo-lhe uma pena inicial de 10 anos de reclusão em regime fechado.

Imagem: g1.globo.com

Entretanto, sete meses após sua condenação, em agosto de 2025, a Justiça autorizou que Kel Ferreti deixasse o encarceramento e reduziu sua pena para 8 anos. Essa decisão foi fundamentada, em parte, pela ausência de estabelecimentos prisionais em regime semiaberto no estado de Alagoas, uma situação que permite a alguns detentos, sob determinadas condições e aval da justiça, cumprirem suas penas em domicílio, com permissão para saídas específicas. Após sua libertação, o ex-PM passou a utilizar uma tornozeleira eletrônica, mecanismo de monitoramento de localização.

As restrições impostas a Kel Ferreti após a sua saída da prisão são mínimas, limitando-se a não se aproximar a uma distância inferior a 500 metros da vítima. Fora dessa única imposição, ele mantém liberdade para acessar e utilizar as redes sociais, frequentar ambientes públicos como bares e restaurantes, e usufruir das praias de Maceió sem impedimentos aparentes. Essa condição, para muitos, contrasta com a gravidade das acusações e condenações que pesam sobre ele.

Em nota oficial, a defesa de Kel Ferreti reiterou sua posição, afirmando que o influenciador não detém a propriedade de nenhuma plataforma de apostas, limitando sua atuação a serviços de divulgação e publicidade. Em relação à acusação de estupro, a defesa declarou que Kel Ferreti nega veementemente as alegações e pretende recorrer judicialmente da condenação, buscando reverter a sentença nas instâncias superiores do sistema de Justiça.

A movimentação financeira com as rifas ilegais, que envolveu milhões de reais e a participação de figuras públicas, continua sendo objeto de atenção. As autoridades prometem acompanhar de perto as próximas etapas processuais, em um esforço contínuo para coibir o crime organizado e a manipulação em ambientes digitais, que causam grandes prejuízos aos consumidores desavisados. A transparência na regulamentação de atividades online é um tema em discussão para prevenir novos casos de fraude e proteger a sociedade contra golpes virtuais.

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Este caso complexo destaca a interseção entre o mundo digital e o crime organizado, ressaltando a importância da vigilância e da legislação para combater esquemas de rifas ilegais. Para aprofundar suas leituras sobre os impactos de casos como este na economia e na vida das cidades, explore outras análises detalhadas em nosso portal e mantenha-se informado sobre os acontecimentos mais recentes em nossa editoria de Notícias.

Crédito da imagem: Fantástico