O espetáculo ‘Eu Capitu’ fará sua estreia em Manaus, oferecendo ao público sessões gratuitas e aprofundadas sobre o universo feminino em uma releitura do clássico “Dom Casmurro”, de Machado de Assis. As apresentações estão marcadas para os dias 25 e 26 de outubro, às 19h30, no icônico Teatro da Instalação, situado na rua Frei José dos Inocentes, no coração do Centro da capital amazonense.
Esta produção contemporânea propõe um novo olhar sobre a obra machadiana, destacando temas urgentes da sociedade brasileira atual sob uma perspectiva feminina. Questões como violência de gênero, relacionamentos abusivos, machismo estrutural e o silenciamento das mulheres são abordadas com sensibilidade e profundidade.
Espetáculo Eu Capitu chega a Manaus com sessões gratuitas
A iniciativa proporciona não apenas o acesso gratuito à cultura, mas também promove a inclusão. No sábado, 25 de outubro, após a sessão principal, o público poderá participar de uma roda de conversa, aprofundando os debates propostos pela peça. No dia seguinte, domingo, 26 de outubro, a apresentação contará com audiodescrição e tradução em Libras (Língua Brasileira de Sinais), garantindo que espectadores com deficiência visual e auditiva possam vivenciar plenamente a experiência teatral. Os ingressos serão disponibilizados na bilheteria do Teatro da Instalação, com retirada uma hora antes de cada sessão. A classificação indicativa é de 14 anos, e a duração estimada do espetáculo é de 90 minutos.
Concepção e Ideia Central da Peça
Com texto de Carla Faour e direção de Miwa Yanagizawa, “Eu Capitu” acompanha a jornada de Ana, uma adolescente interpretada por Mika Makino. A jovem busca refúgio em seu mundo imaginário para fugir de um lar marcado pela violência doméstica. Sua mãe, Leninha, vivida por Flávia Pyramo, está imersa em um relacionamento abusivo, situação que afeta drasticamente a vida da filha.
Ao se deparar com a necessidade de estudar “Dom Casmurro” para uma prova decisiva, Ana encontra paralelos surpreendentes entre sua realidade e a ficção de Machado. É neste ponto de confluência que Capitu, a lendária figura da literatura, ganha voz em primeira pessoa no palco, permitindo que a peça explore sua própria narrativa. A escritora Carla Faour explica que a intenção foi transformar a dureza da realidade em arte, optando por uma abordagem lúdica e metafórica em vez de um realismo explícito. Ela enfatiza a importância de dar voz a narrativas femininas em um contexto cultural e social predominantemente masculino.
Inspiração e Origem da Produção
A peça “Eu Capitu” foi idealizada pelo produtor Felipe Valle, após ele ser testemunha indireta de um episódio de violência doméstica no qual não conseguiu intervir, e a denúncia à polícia foi recusada. O sentimento de impotência o remeteu ao clássico de Machado de Assis. Ao reler “Dom Casmurro” com uma perspectiva contemporânea, Valle percebeu a violência intrínseca ao livro, decidindo então reencená-lo sob o olhar feminino.
A escolha de mulheres para a direção, roteiro e encenação não foi arbitrária, mas sim uma decisão consciente para trazer à tona uma história eterna, rica em nuances e simbolismos, que dialoga diretamente com os machismos cotidianos. Para a diretora artística Miwa Yanagizawa, o teatro serve como um espaço essencial para a reflexão, onde o público é instigado a observar a realidade por múltiplos ângulos e participar ativamente da narrativa. Ela ressalta que o objetivo é levantar questionamentos e explorá-los, ao invés de apresentar soluções simplistas e definitivas.
Reconhecimento e Turnê Nacional
O projeto “Eu Capitu” obteve aprovação na concorrida Seleção Petrobras Cultural e conta com o respaldo da Lei Federal de Incentivo à Cultura, do Ministério da Cultura do Brasil, demonstrando o reconhecimento de seu valor artístico e social. Você pode saber mais sobre a Lei de Incentivo à Cultura no site oficial do Governo Federal. Antes de chegar à capital amazonense, o espetáculo, originário do Rio de Janeiro, realizou uma bem-sucedida turnê nacional, passando por cidades como São Luís, Rio Branco, Porto Velho, Salvador e Fortaleza. Manaus marca o ponto final dessa importante circulação pelo país.
Programação Adicional: Oficinas Gratuitas
Além das apresentações, a estadia da equipe em Manaus incluirá uma série de oficinas voltadas para artistas, estudantes de teatro e produtores culturais. No dia 24 de outubro, sábado, a diretora e atriz Miwa Yanagizawa, também fundadora do AREAS Coletivo, conduzirá a “Oficina Petrobras Eu Outra”. A atividade propõe a exploração de conexões entre narrativas pessoais e ficcionais, utilizando objetos afetivos como ponto de partida. A oficina acontecerá das 9h às 13h, no auditório Coronel Pedro Henrique Cordeiro Junior, no Centro Cultural Palacete Provincial, com limite de 15 participantes e inscrição prévia.
No domingo, 26 de outubro, Bárbara Galvão, produtora cultural e sócia da Pagu Produções Culturais, ministrará a “Oficina Petrobras Da Ideia ao Projeto”. Este workshop detalhará o processo de criação, planejamento e elaboração de um projeto cultural completo. Os tópicos abordarão desde a apresentação e objetivos até a justificativa, cronograma, público-alvo, contrapartidas, plano de divulgação, estratégias de democratização do acesso e orçamento. A oficina ocorrerá no próprio Teatro da Instalação, das 13h às 17h, com capacidade para 50 participantes. Ambas as atividades requerem inscrição prévia e são direcionadas a artistas e estudantes da área teatral.
Serviço Completo
O espetáculo “Eu Capitu” em Manaus ocorrerá no Teatro da Instalação, localizado na rua Frei José dos Inocentes, Centro. No dia 25 de outubro, às 19h30, haverá sessão gratuita com roda de conversa. Já em 26 de outubro, no mesmo horário, uma sessão gratuita com audiodescrição e tradução em Libras. A classificação indicativa é para maiores de 14 anos, e a duração da peça é de aproximadamente 90 minutos. A retirada dos ingressos deve ser feita na bilheteria do teatro, uma hora antes de cada apresentação.
Confira também: crédito imobiliário
O espetáculo ‘Eu Capitu’ representa uma oportunidade singular para o público de Manaus se engajar com uma obra de teatro que, partindo de um clássico, se volta para as discussões sociais mais relevantes do presente. Uma chance de assistir, debater e refletir sobre a força e os desafios do universo feminino. Não deixe de conferir esta importante montagem e acompanhar as novidades de nossa editoria de Cidades para mais informações sobre eventos culturais.
Crédito da imagem: Foto: Divulgação
