TÍTULO: Empresas brasileiras na Argentina: otimismo pós-eleição
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META DESCRIÇÃO: Entenda como a vitória legislativa de Javier Milei pode impulsionar ações de empresas brasileiras com exposição à Argentina, abrindo novas perspectivas para investidores.
Acompanhando o cenário político argentino, o mercado registrou uma onda de otimismo no início da semana, reverberando nos ativos relacionados ao país. As empresas brasileiras na Argentina, ou com significativa exposição à nação vizinha, são observadas com atenção por analistas. Esse sentimento positivo é atribuído ao desempenho robusto do partido Libertad Avanza (LLA), liderado pelo presidente Javier Milei, nas eleições legislativas realizadas no domingo, 26 de outubro de 2025, um resultado que pode pavimentar o caminho para a aprovação de reformas propostas pelo atual governo.
Na segunda-feira, 27 de outubro de 2025, o S&P Merval, principal índice de ações da Argentina, experimentou uma valorização impressionante de 21,7%. No cenário internacional, os American Depositary Receipts (ADRs) de companhias argentinas listadas em Nova York também apresentaram fortes ganhos. Destaques incluem o ADR da YPF, com avanço de 23,8%, o Banco Macro, que disparou 37,6%, a Pampa Energia, com alta de 23,75% em Wall Street, e a Telecom Argentina, que registrou uma subida de 37,5%.
Empresas brasileiras na Argentina: otimismo pós-eleição
A leitura do mercado indica que o sucesso eleitoral do LLA, superando as expectativas, oferece um forte suporte à agenda de reformas do governo Milei. Especialistas do UBS avaliam que este resultado contribuirá significativamente para que os preços dos ativos se recuperem aos patamares anteriores às eleições da Província de Buenos Aires. Para o banco suíço, a eleição fortaleceu o mandato de Milei para implementar políticas de austeridade fiscal, combater a inflação e executar reformas estruturais. O UBS também observou que a expectativa de assistência financeira dos EUA, que inclui uma linha de swap de US$ 20 bilhões recentemente anunciada e uma potencial linha de recompra com instituições privadas no mesmo valor, pode ter incentivado os eleitores a apoiar o LLA nas urnas.
Perspectivas Otimistas e Exposição de Companhias na Região
O Itaú BBA corroborou o cenário de otimismo, sugerindo que os resultados são “ligeiramente positivos” para toda a região da América Latina. O banco realizou um mapeamento para identificar a exposição de companhias não-argentinas ao país. Em sua análise, o BBA mantém uma postura “overweight” (recomendação de compra, indicando exposição acima da média) para ações do Brasil e do Chile, além de uma exposição menor, mas relevante, na Argentina por meio da Vista (empresa de energia).
O mapeamento detalhou 26 companhias com exposição comercial direta à economia argentina. Embora a relevância na composição geral do índice de seus respectivos países seja pequena, empresas do Chile (principalmente em bens de consumo essenciais), Brasil (em setores diversificados) e México (em menor escala) possuem operações ou receitas provenientes do mercado argentino.
Empresas Brasileiras Beneficiárias e Desempenho Chave
O Itaú BBA apontou especificamente algumas empresas brasileiras com recomendação de compra, consideradas potenciais beneficiárias da melhoria do momento econômico e do sentimento no país vizinho. Dentre elas, destacam-se: Mercado Livre (BDR: ROXO34), com expressivos 22% de sua receita e 43% de sua margem de contribuição originárias da Argentina; Arcos Dorados, operadora da franquia McDonald’s, representando aproximadamente 13% do seu Ebitda; e Natura (NATU3), que obtém cerca de 21% de seu Ebitda da Argentina. Outra relevante é a Coca-Cola Andina, que possui cerca de 22% de exposição em seu Ebitda no país vizinho, ambas as últimas com mais de 10% de seus negócios atrelados à economia argentina.
No segmento de bens de capital, o Bradesco BBI também analisou a exposição de empresas brasileiras, utilizando como base os resultados financeiros de 2024. A Fras-le (FRAS3) reporta que cerca de 7% de sua receita anual provém da Argentina, enquanto a Mahle Metal Leve (LEVE3) tem uma exposição de 10%. A Marcopolo (POMO4), no período de 12 meses, também atribui cerca de 7% de sua receita à Argentina. A Randoncorp (RAPT4), por sua vez, possui aproximadamente 7% de sua exposição concentrada na região que engloba o Mercosul e o Chile. O BBI enfatizou que as exportações brasileiras para a Argentina foram um catalisador de crescimento significativo para a Marcopolo durante este ano.
Dados de Exposição das Companhias na Argentina
A seguir, detalhamos a exposição das companhias com vínculos comerciais com a Argentina, com foco nas empresas brasileiras. Os percentuais de exposição (receita ou EBITDA) e desempenho refletem o panorama até 27 de outubro de 2025.
- Mercado Livre (MELI): Atuando no Consumo Discricionário, a companhia tem 22% da receita e 43% da margem de contribuição na Argentina, registrando performance de 5,6% (27/10/25) e 34,2% (acumulado 2025).
- Ambev (ABEV3): No Consumo Essencial, apresenta 13% de exposição na receita e 15% no EBITDA. A performance em 27/10/25 foi de 0,3%, e a acumulada em 2025, 3,5%.
- WEG (WEGE3): Do setor Industrial, tem entre 3% e 5% de exposição na receita, com 0,7% de performance no dia e queda de 21,0% no acumulado de 2025.
- Banco do Brasil (BBAS3): No segmento Financeiro, sua exposição é de 1% dos ativos e 3% do patrimônio via Patagônia, com 1,6% de performance no dia e retração de 13,7% no ano.
- Gerdau (GGBR4): Na área de Materiais, 2% de receita e 1%-2% de EBITDA provêm da Argentina. A performance foi de 0,1% (27/10/25) e 0,4% (acumulado 2025).
- Klabin (KLBN11): De Materiais, tem entre 3% e 4% de exposição na receita, com queda de 1,1% no dia e 23,4% no acumulado de 2025.
- Natura (NATU3): Companhia de Consumo Essencial com 17% de exposição na receita e 21% no EBITDA. Sua performance em 27/10/25 foi de 0,8%, e no acumulado do ano, uma queda de 31,0%.
- Marcopolo (POMO4): Setor Industrial com 5% a 10% de exposição na receita e 5% no EBITDA. Registrou performance de 0,7% (27/10/25) e alta de 18,6% (acumulado 2025).
- Minerva (BEEF3): De Consumo Essencial, tem 10% de exposição na receita, com queda de 0,4% no dia e uma impressionante alta de 57,0% no acumulado de 2025.
- Usiminas (USIM5): Do setor de Materiais, 3% de sua receita é oriunda da Argentina. Teve performance de 0,5% (27/10/25) e alta de 2,6% (acumulado 2025).
- Fras-le (FRAS3): De Consumo Discricionário, 7% da receita vem da Argentina, com 0,1% de performance no dia e alta de 12,3% no acumulado de 2025.
- Mahle Metal Leve (LEVE3): Outra empresa de Consumo Discricionário com 10% de exposição na receita. Sua performance foi de 0,5% (27/10/25) e 3,8% (acumulado 2025).
- Randoncorp (RAPT4): Atuante em Industriais, com 2% de exposição na receita, 0,8% de performance no dia e queda de 39,1% no acumulado de 2025.
- Tupy (TUPY3): Também de Industriais, com 1% a 5% de exposição na receita, 2,8% de performance no dia e queda de 46,9% no acumulado de 2025.
- Iochpe Maxion (MYPK3): Do Consumo Discricionário, com 5% de receita proveniente da Argentina, 1,2% de performance no dia e queda de 2,7% no acumulado de 2025.
- CVC (CVCB3): De Consumo Discricionário, 18% da receita e 6% do EBITDA da Argentina, com 3,9% de performance no dia e 34,8% de alta no acumulado de 2025.
Adicionalmente, outras companhias regionais e globais como Cencosud, Coca Cola Andina, Globant, CCU, Orbia, Alpek, Genomma Lab, AdecoAgro e VTEX também apresentam variados níveis de exposição à economia argentina, complementando o panorama de otimismo e análise estratégica no contexto pós-eleitoral. Você pode aprofundar sua leitura sobre o desempenho da economia argentina em relatórios especializados.
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O cenário de euforia e a consolidação da agenda de reformas do presidente Javier Milei prometem um ambiente promissor para empresas com atuação no mercado argentino. A atenção dos investidores volta-se para os próximos passos da política econômica e seus desdobramentos regionais. Mantenha-se atualizado em nossa editoria de Economia.
(com Estadão Conteúdo)