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Empresários são detidos em Campinas por plano do PCC contra promotor

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Dois empresários foram presos na manhã da última sexta-feira, dia 29 de agosto, em Campinas, São Paulo. Eles são apontados como financiadores de um plano da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) para assassinar um promotor do Ministério Público. Além do promotor, o esquema também visava a execução de um comandante de uma polícia paulista, cuja identidade e função não foram reveladas pelas autoridades.

O alvo central deste plano era o promotor Amauri Silveira Filho, integrante do Ministério Público de Campinas. Amauri Silveira Filho tem um histórico de atuação marcante na repressão a organizações criminosas e na investigação de graves esquemas de corrupção, que envolvem tanto contratos públicos quanto a conduta de policiais civis vinculados ao tráfico de drogas. Essa trajetória o colocou repetidamente na mira de grupos criminosos.

A seriedade das ameaças contra o promotor não é algo recente. Em 2013, Amauri Silveira Filho já havia recebido uma carta com informações detalhadas sobre sua vida pessoal e a de seus familiares, além de fotografias de sua residência e de parentes, acompanhadas de explícitas ameaças de morte. O documento, redigido de forma digitada, citava ainda um segundo promotor. A autoria da correspondência foi assinada com as expressões “chumbo grosso com munições” em letras maiúsculas, sublinhando a gravidade das intimidações.

Atuação do promotor: o Caso Sanasa

Um dos casos mais emblemáticos nos quais o promotor Amauri Silveira Filho desempenhou papel crucial foi o conhecido como “Caso Sanasa”. Esta investigação veio à tona em maio de 2011 e revelou um amplo esquema de corrupção na Companhia de Saneamento de Campinas. A ação, conduzida pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), resultou na prisão preventiva de 11 indivíduos. Entre os detidos, estavam secretários municipais e ex-diretores da autarquia, evidenciando o envolvimento de figuras importantes na gestão pública da cidade.

Conforme apurações do Gaeco, o modus operandi da organização criminosa incluía o pagamento de propina a políticos e funcionários públicos. O objetivo era favorecer empresas específicas em processos licitatórios e na celebração de contratos com a Sanasa. Para garantir a eficácia do esquema, empresas concorrentes combinavam previamente os preços, gerando um superfaturamento nos valores dos contratos. Os lucros obtidos por meio dessa fraude eram, então, repartidos entre os envolvidos.

As revelações do esquema de corrupção na Sanasa tiveram profundas consequências políticas em Campinas. A suspeita de irregularidades nos contratos da empresa motivou a instauração de duas comissões processantes na Câmara de Vereadores em 2011. Esse processo levou à cassação do então prefeito Hélio de Oliveira Santos, ocorrida em agosto do mesmo ano. Em seu lugar, assumiu o vice-prefeito, Vilagra, que, posteriormente, também sofreu um processo de impeachment e foi afastado do cargo.

O desdobramento judicial do caso teve início com a primeira audiência em 23 de novembro de 2012. Na ocasião, o juiz responsável pelo processo ouviu o depoimento de Luiz de Aquino, ex-presidente da Sanasa e figura central na revelação do esquema, que atuou como delator. Aquino detalhou pormenorizadamente a participação dos acusados, entre eles a ex-primeira-dama Rosely Nassim Santos, apontada por ter recebido valores indevidos.

Após anos de trâmites legais, em setembro de 2019, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) confirmou as condenações de 15 réus. As acusações incluíam fraudes em licitações, atos de corrupção e formação de quadrilha. Entretanto, houve nuances nas decisões individuais. O ex-vice-prefeito Demétrio Vilagra, que inicialmente havia sido condenado a uma pena de 13 anos de prisão, foi absolvido das acusações por insuficiência de provas para sustentar a condenação.

A ex-primeira-dama Rosely Nassim Santos também teve sua pena reavaliada. Sua condenação foi reduzida de 17 para 14 anos, devido à prescrição do crime de associação criminosa. Outros dois réus tiveram suas penas totalmente extintas, enquanto as condenações dos 12 restantes foram integralmente mantidas pelo tribunal. Este resultado representou um capítulo significativo na luta contra a corrupção na administração pública de Campinas.

Atuação do promotor: o Caso Denarc

Entre os anos de 2012 e 2013, o promotor Amauri Silveira Filho também foi um dos nomes à frente das investigações contra uma complexa rede de corrupção que envolvia policiais civis. As apurações revelaram que esses agentes de segurança estavam envolvidos com o traficante Wanderson Nilton de Paula Lima, amplamente conhecido como “Andinho”. Andinho estava detido desde 2002 em um presídio de segurança máxima em Presidente Venceslau, no interior de São Paulo, mas, apesar do confinamento, continuava a comandar o tráfico de drogas na região.

Empresários são detidos em Campinas por plano do PCC contra promotor - Imagem do artigo original

Imagem: envolvimento em plano do PCC para matar via g1.globo.com

O esquema investigado era vasto e chocante. Treze policiais civis e dez traficantes atuavam em conjunto. Os policiais eram acusados de vazar informações sobre operações da polícia, facilitando a ação dos criminosos, e também de auxiliar na venda de drogas. Além disso, participavam ativamente da extorsão de outros criminosos. A ação levou à prisão de dois delegados lotados no Departamento Estadual de Repressão ao Narcotráfico (Denarc), destacando a profundidade da infiltração da criminalidade na estrutura policial.

Detalhes revelados pelo Gaeco indicavam a dimensão da corrupção. Segundo as investigações, os policiais envolvidos chegavam a receber propinas anuais que podiam atingir até R$ 300 mil cada um. O esquema de extorsão era particularmente brutal: eles sequestravam familiares de traficantes como forma de pressão para garantir o pagamento de valores exigidos. Provas robustas foram obtidas por meio de escutas telefônicas, que contaram com a devida autorização judicial. Essas gravações capturaram Andinho ordenando retaliações e administrando, de dentro do presídio, a vasta rede de tráfico.

Os investigados incluíam diversos escalões da Polícia Civil: delegados, investigadores, escrivães e carcereiros, com ramificações tanto em Campinas quanto na capital paulista, mostrando a capilaridade da rede criminosa. O aprofundamento das investigações trouxe ainda mais desdobramentos críticos.

Em 15 de julho de 2013, um dos sócios de “Andinho” foi detido na cidade de Ribeirão Preto, São Paulo, sob a grave suspeita de estar envolvido no planejamento da morte de promotores do Gaeco. Esse incidente demonstrou a disposição da facção de eliminar obstáculos às suas atividades. As primeiras audiências do processo envolvendo os 23 réus aconteceram em Campinas em 6 de junho de 2014. Dada a presença de Andinho, considerado um dos criminosos mais perigosos do estado de São Paulo, foi necessário um reforço extraordinário na segurança do tribunal para o desenrolar das sessões.

O plano atual do PCC contra o promotor Amauri Silveira Filho

As recentes prisões de Maurício Silveira Zambaldi e José Ricardo Ramos estão diretamente ligadas ao plano da facção criminosa. Ambos os empresários atuam nos segmentos de comércio de veículos e transporte e foram detidos em diferentes localidades de Campinas: um no bairro Cambuí, região central da cidade, e o outro no luxuoso condomínio Alphaville. A operação foi deflagrada por uma força-tarefa que incluiu o Gaeco de Campinas e o 1º Batalhão de Ações Especiais de Polícia (Baep) da mesma metrópole paulista.

Durante a execução dos mandados, o namorado da filha de Maurício Silveira Zambaldi também foi apreendido. A equipe policial o levou para averiguações sobre uma possível tentativa de obstrução da justiça, já que o telefone celular do indivíduo foi encontrado quebrado sobre o telhado de um imóvel vizinho ao local onde a operação estava sendo realizada.

A Justiça de Campinas havia emitido três mandados de prisão como parte desta operação. No entanto, o terceiro investigado permanece foragido. Segundo informações do Ministério Público, o indivíduo ainda em fuga é Sérgio Luiz de Freitas Filho, mais conhecido pelo codinome “Mijão”, apontado como um dos principais líderes da facção criminosa PCC. A motivação do plano de assassinato contra o promotor e o comandante policial, conforme apontado pelo Ministério Público, seria interromper as investigações em andamento sobre diversos crimes cometidos pela organização criminosa.

Com informações de G1 Campinas e Região

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