Em meio a discussões cruciais sobre transição energética e inclusão financeira, o debate sobre a segurança pública ganhou destaque inesperado em um evento com empresários brasileiros realizado em Londres. O encontro, que reuniu importantes figuras do cenário econômico e político, foi palco para a expressão de profunda preocupação com a crescente crise no Brasil, especialmente após operações policiais marcantes no Rio de Janeiro. O tema central abordado pode ser resumido pelo Empresários Debatem Segurança Pública e Novo Ministério em Londres, revelando a urgência do assunto para o setor produtivo nacional.
O evento, promovido pelo Lide e liderado por João Doria, encerrou-se nesta sexta-feira (31), marcando a guinada da pauta para uma das maiores inquietações da sociedade brasileira. Empresários e executivos brasileiros presentes na capital britânica manifestaram-se abertamente sobre a necessidade de um empenho maior do governo federal para enfrentar o cenário desafiador.
Empresários Debatem Segurança Pública e Novo Ministério em Londres
A preocupação foi articulada de forma contundente pelo empresário José Batista Júnior, representante da família J&F. Em sua fala, Júnior enfatizou a insegurança que afeta o ambiente de negócios. “O governo federal precisa começar a trabalhar muito forte nas questões de segurança nacional para dar a nós empresários a tranquilidade de poder trabalhar e produzir, que é o que sabemos fazer”, afirmou, destacando o impacto direto na capacidade produtiva do país.
Inteligência Financeira no Combate ao Crime
Reforçando a visão de um combate mais estratégico ao crime, Roberto Campos Neto, que já presidiu o Banco Central e hoje atua como vice-chairman e chefe global de políticas públicas do Nubank, defendeu o papel da inteligência. Segundo ele, a inteligência financeira constitui uma ferramenta indispensável e potente para minar as estruturas do crime organizado. Essa abordagem visa desmantelar as redes financeiras que sustentam atividades ilícitas, promovendo uma segurança pública mais efetiva.
Liderança no Rio: Elogios à Ação Policial
Paralelamente, houve manifestações de apoio explícito às ações de governos estaduais. Hazenclever Cançado, presidente da Loterj, foi enfático ao exaltar a liderança do governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), e a atuação das forças policiais no estado. Cançado expressou reconhecimento por uma liderança “firme e destemida” que, em sua visão, tem reorientado o Rio de Janeiro. Ele descreveu o estado como atuante, reativo e transformador, com um governo que não hesita diante dos desafios, enfrentando-os com trabalho árduo.
Proposta de Recriação do Ministério da Segurança Pública
Um ponto central nos debates sobre a segurança pública foi a proposta do ex-presidente Michel Temer de restaurar o Ministério da Segurança Pública no âmbito federal. Temer, que implementou a pasta entre 2016 e 2018 durante seu governo, viu-a ser posteriormente reincorporada ao Ministério da Justiça na gestão Bolsonaro. “Eu almejo que, na área federal, esse seja um setor específico”, declarou o ex-presidente. Ele argumenta que, com as inúmeras funções atuais do Ministério da Justiça, a complexidade da segurança pública, em particular o enfrentamento às organizações criminosas – que ele descreveu como uma “coisa extraordinária” –, demanda uma atenção e estrutura exclusivas. Este ponto é frequentemente discutido por entidades e órgãos de estado, incluindo o próprio Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), ao abordar os desafios do setor no país. Temer possui experiência na área, tendo sido secretário estadual de Segurança Pública em São Paulo nos anos 1980 e 1990.
Necessidade de Ação Coordenada e Transnacional
O ex-presidente também pontuou a carência de coordenação nas estratégias de segurança pública atuais. Ele relembrou os tempos em que Raul Jungmann, então ministro da Segurança, organizava reuniões frequentes, quase que mensais ou quinzenais, com secretários de segurança de todos os estados brasileiros. Essa coordenação é vital, conforme Temer, porque “o crime ultrapassa as fronteiras dos Estados e até do país. Ele é transnacional”. Essa característica das organizações criminosas exige uma resposta federal unificada e que transcenda os limites geográficos e políticos.

Imagem: valor.globo.com
Doria Apoia, mas Lamenta Vidas Perdidas
João Doria, que além de organizar o evento foi governador de São Paulo entre 2019 e 2022, também se posicionou sobre as ações no Rio de Janeiro. Embora apoie a firmeza do governador Cláudio Castro, ele fez uma importante ressalva em relação às mortes resultantes das operações. Doria enfatizou que uma postura de firmeza na segurança pública, especialmente em um contexto desafiador como o carioca, não é simples. Sugeriu que Castro deve intensificar o diálogo com o governo federal, elogiando o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, como uma figura de bom trânsito. A firmeza demonstrada na ação, mesmo com o lamento pelas mortes, encontra respaldo na opinião popular, conforme Doria. Ele identificou setores como o de combustíveis como particularmente afetados pelo crime organizado, mas destacou que o impacto é disseminado.
Para Doria, este é o momento propício para a união de esforços: “recriar o Ministério da Segurança Pública, buscar as melhores pessoas e tecnologias, destinar investimentos para ter resultados e evitar que novos crimes aconteçam e novas vidas se percam”. A chamada é para uma mobilização nacional que envolva todas as esferas do governo e da sociedade civil para enfrentar a escalada da criminalidade.
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Os debates em Londres deixaram clara a dimensão da preocupação do setor empresarial brasileiro com a segurança pública, catalisando propostas concretas para o aprimoramento das políticas governamentais. Desde a necessidade de maior investimento em inteligência financeira até a reinstalação de um ministério específico, a busca por soluções efetivas e coordenadas é unânime. Continue acompanhando nossas análises sobre o cenário político e econômico brasileiro. Para mais conteúdos aprofundados, explore nossa editoria de Política.
Crédito da imagem: Valor Econômico


