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Empresário turco questiona venda de ativos de níquel no Brasil para estatal chinesa por preço inferior

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O empresário bilionário turco Robert Yüksel Yıldırım, de 65 anos, manifestou publicamente sua forte insatisfação e questionamento acerca da conclusão de um negócio de aquisição de ativos de níquel no Brasil, onde sua empresa, a Corex Holding, teria oferecido um valor significativamente maior do que o aceito por uma concorrente chinesa. Yıldırım, proprietário do Yıldırım Group, um vasto conglomerado com atuação diversificada nos setores de mineração, logística, energia e transporte marítimo, descreve a operação como um evento que representa uma “virada mundial” no cenário do comércio de minerais estratégicos.

A controvérsia centraliza-se na venda das operações de níquel que a multinacional Anglo American possuía no estado de Goiás, no Brasil. Além desses ativos existentes, a negociação incluía projetos novos nos estados do Pará e Mato Grosso, ampliando o escopo geográfico da transação. Segundo Robert Yıldırım, uma das entidades de seu grupo, a Corex Holding, uma empresa fundada na Holanda e focada no setor de minerais críticos, formalizou uma oferta robusta de US$ 900 milhões para adquirir esses empreendimentos.

Contrariando a proposta de Yıldırım, a Anglo American, a vendedora, optou por selar o acordo com a empresa chinesa MMG (China Minmetals Group) por um valor consideravelmente menor, fechando o negócio em US$ 500 milhões. Essa discrepância de US$ 400 milhões na proposta final se tornou o cerne da indignação do executivo turco. Yıldırım enfatizou, em suas declarações, que não dirige sua oposição à companhia chinesa em si, mas sim à decisão em que um vendedor supostamente recusou uma oferta superior. Ele afirmou nunca ter testemunhado tal cenário, no qual seu preço mais elevado não foi aceito.

Implicações Estratégicas e Críticas de Yıldırım

Conhecido internacionalmente como o “rei do cromo”, Robert Yıldırım, em entrevista concedida à Folha, externou profunda preocupação com o que ele percebe como uma tendência do Brasil de ceder seu subsolo a investidores chineses, sem uma visão de longo prazo para as repercussões futuras. Ele sublinhou a natureza estratégica do níquel no contexto da transição energética global, sustentando que “quem controla o níquel, controla muito do futuro”. Essa perspectiva adiciona uma dimensão geopolítica e econômica substancial à sua objeção.

Ainda detalhando sua posição, Yıldırım explicou os motivos pelos quais contestou especificamente a venda dos ativos de níquel da Anglo American no Brasil para a MMG. Ele esperava um processo justo e, mais importante, uma explicação clara e transparente para a escolha, especialmente considerando que múltiplos interessados participaram. Ele próprio, através da Corex Holding, foi selecionado para a fase final do processo competitivo, disputando com a empresa chinesa. Ele descreveu o ativo como um dos melhores a nível mundial, capaz de representar um divisor de águas para sua organização. Contudo, a decisão favoreceu a proposta chinesa.

O significado desses projetos para o conglomerado de Yıldırım era substancial. Os ativos em questão representavam um dos maiores empreendimentos globais no setor de níquel, com uma capacidade estimada de 40 mil toneladas de níquel contido na produção de ferroníquel. Seu plano de negócios para a eventual aquisição era estratégico e distribuído, prevendo que 80% da produção fosse direcionada para o mercado doméstico brasileiro, bem como para os Estados Unidos e a Europa, enquanto os 20% restantes seriam alocados para a China. Esse planejamento, segundo Yıldırım, contava com o apoio de autoridades europeias e americanas, evidenciando o alinhamento de seu projeto com interesses geopolíticos mais amplos.

Questionado sobre a natureza privada da decisão da Anglo American, Yıldırım reconheceu esse aspecto, mas ressaltou o anúncio formal, datado de 18 de fevereiro deste ano, sobre a venda para a MMG por US$ 500 milhões. Ele reafirmou a contradição entre este valor e sua própria oferta de US$ 900 milhões, notando que a MMG é uma empresa estatal chinesa, o que adiciona outra camada de complexidade ao cenário.

Tentativas de Contato e Alegações Não Fundamentadas

Diante da inesperada decisão, Robert Yıldırım buscou esclarecimentos. Ele relatou tentativas de contato direto com Duncan Wanblad, presidente da Anglo American, durante uma conferência realizada na Flórida. Apesar da promessa inicial de um encontro, o executivo turco afirmou que o CEO da Anglo American nunca o atendeu, ignorou suas ligações e mensagens, deixando-o com uma sensação de decepção. Essa falta de comunicação direta e justificação exacerbou sua preocupação.

Posteriormente, Yıldırım decidiu aprofundar suas próprias investigações sobre o desfecho do negócio. Ele reconheceu que a divulgação da Anglo American mencionava um “processo competitivo”, o que ele concordou ser verdadeiro. Entretanto, o bilionário turco apontou que a fundamentação da decisão final era insuficiente. Sua oferta de US$ 900 milhões foi desconsiderada. As justificativas apresentadas, segundo Yıldırım, indicavam a escolha de um ofertante com um “bom histórico em mineração”, um critério que ele alega preencher com suas mais de dez companhias de mineração operacionais. Adicionalmente, foi mencionado o respeito aos princípios de ESG (Ambiental, Social e Governança), e Yıldırım contestou essa razão, afirmando que sua obtenção de créditos em bancos europeus e americanos demonstra sua aderência rigorosa a esses padrões.

Um ponto crucial na narrativa de Yıldırım é sua alegação de que, durante as fases de negociação, ele chegou a sugerir a ampliação de seus investimentos na proposta. Contudo, teria recebido uma resposta da Anglo American para não aumentar o valor, indicando que seu preço já era considerado bom. Essa suposta recusa em considerar um aumento na proposta financeira é vista pelo empresário como um “grande ponto de interrogação”. Ele reitera que, em suas múltiplas aquisições em 58 países, jamais presenciou um vendedor recusar um aumento de preço. Ele também afirma ter entregue todas as garantias bancárias solicitadas, sem que fossem levantados problemas de financiamento por parte de sua empresa. Mesmo com todos esses fatores, sua oferta foi preterida, causando-lhe um grande prejuízo emocional e estratégico.

Busca por Revisão e Implicações Geopolíticas

Perante o fato de que a MMG é uma empresa estatal, Yıldırım esclareceu que sua postura não é de enfrentamento contra um Estado, mas sim de busca por uma explicação para o ocorrido. Embora ele tenha sido aconselhado a não fazer declarações públicas devido a um Acordo de Confidencialidade (NDA), ele argumenta que o processo de concorrência já se encerrou e que, dada a natureza de capital aberto da Anglo American, a empresa deve uma explicação a seus acionistas, entre os quais Yıldırım e seus amigos se incluem, sobre a recusa de uma oferta com US$ 400 milhões a mais.

Empresário turco questiona venda de ativos de níquel no Brasil para estatal chinesa por preço inferior - Imagem do artigo original

Imagem: www1.folha.uol.com.br

Em sua busca por justiça e transparência, a Corex Holding de Yıldırım apresentou uma queixa formal à Comissão Europeia. Ele explica que a Anglo American é listada em bolsas europeias, operando como uma companhia global que requer aprovações concorrenciais em diversas jurisdições. O objetivo dessa ação é proteger sua empresa europeia da pressão exercida pelos grandes players chineses de níquel, que, segundo ele, têm praticado o que chama de “derrubada de preços”, impactando a viabilidade de muitos ativos paralisados ou disponíveis para venda em regiões como Austrália, África e América Latina.

Paralelamente à iniciativa europeia, Robert Yıldırım também sinalizou sua intenção de acionar o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) no Brasil. Sua solicitação às autoridades brasileiras é para que, ao analisar a venda desses ativos, façam uma reflexão aprofundada. Ele vê este como o primeiro caso concreto dessa natureza no Brasil, embora existam outros projetos minerais com perspectivas similares. Ele argumenta que a venda deveria ser bloqueada, dado o seu receio de que, no futuro, a totalidade da produção de níquel seja destinada à China. Essa questão é crucial, pois, para Yıldırım, o Brasil está se consolidando como um ator essencial na disputa geopolítica por minerais críticos.

O empresário turco reforça seu ponto de vista estratégico, afirmando que “quem controla o níquel, controla muito do futuro”, não necessariamente no presente imediato, mas com impacto significativo nos próximos 10, 15 ou 20 anos. Ele ressalta, no entanto, que o seu grupo empresarial segue avançando em outros empreendimentos no Brasil.

Outros Investimentos no Brasil e Avaliação da Relação Brasil-China

Como prova de seu compromisso com o mercado brasileiro, Robert Yıldırım mencionou a recente vitória de sua empresa em uma disputa por um projeto de cobre na região de Carajás, no Pará, antes pertencente à BHP. O negócio, avaliado em US$ 465 milhões, marca a entrada de seu grupo no mercado brasileiro de cobre, com planos de desenvolver novas minas e expandir a capacidade de produção. O empresário vislumbra a possibilidade de realizar investimentos de maior valor agregado, como em refinaria e metalurgia de cobre no país, caso seja viabilizado o acesso a eletricidade de baixo custo.

Além de níquel e cobre, Yıldırım expressou interesse em outros minerais considerados críticos para a Corex Holding no Brasil, citando o vanádio e o nióbio como elementos de grande interesse.

Ao abordar a aproximação das relações entre Brasil e China, Robert Yıldırım ponderou que a condição do Brasil como membro dos BRICS, somada à estreita relação entre os presidentes Lula e Xi Jinping, gera nele alguma dúvida sobre a probabilidade de as autoridades brasileiras adotarem uma postura mais assertiva em relação à venda de níquel para a MMG.

Sobre a possibilidade de reverter a situação, Yıldırım é taxativo. Ele acredita que há uma única via para “virar o jogo”: o Brasil e sua autoridade antitruste precisam agir com perspicácia. Ele sugeriu que as autoridades “mostrem um cartão vermelho aos chineses”, indicando que a aquisição foi efetuada por um preço consideravelmente abaixo do mercado, e que há questionamentos sobre a garantia de que todas as obrigações futuras serão cumpridas integralmente. Em vez disso, Yıldırım propõe que o Brasil considere a presença de um investidor europeu com uma oferta superior e prontidão para agir corretamente, o que possibilitaria reabrir conversas com a Anglo American, superando a oferta chinesa e executando o negócio de forma considerada justa e adequada.

Com informações de Folha

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