Uma empresa ligada a indivíduos de nacionalidade chinesa no Piauí encontra-se sob investigação da Polícia Federal por suposto envolvimento em um esquema de tráfico de barbatanas de tubarão e cavalos-marinhos. A operação resultou na prisão de dois suspeitos em Parnaíba, no litoral piauiense, na quinta-feira, dia 25. A Polícia Federal apura se a companhia funcionava como fachada para remeter as espécies marinhas, legalmente protegidas, disfarçadas de equipamentos eletrônicos para São Paulo.
No domicílio dos detidos, situado no bairro Nova Parnaíba, em Parnaíba, os agentes localizaram aproximadamente duas toneladas de barbatanas e cavalos-marinhos. Estes animais estão categorizados como espécies protegidas pela legislação brasileira, e sua captura direcionada é proibida no país, sendo permitida apenas a comercialização de indivíduos obtidos incidentalmente em outras pescarias.
Empresa no Piauí alvo da PF por tráfico de barbatanas
A descoberta do crime ambiental se deu após denúncias de moradores à Vigilância Sanitária de Parnaíba, que relataram um forte e incomum mau cheiro vindo da residência dos suspeitos. Essa comunicação inicial levou à ação de equipes da Vigilância Sanitária, que prontamente mobilizaram a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e a Polícia Militar Ambiental para uma vistoria no local.
Durante a fiscalização preliminar, constatou-se a gravidade da situação, o que levou os órgãos ambientais a acionarem a Polícia Federal. A PF assumiu a investigação e determinou a apreensão de todo o material ilícito. Conforme o relatório policial, parte significativa das barbatanas estava cuidadosamente embalada e armazenada em 81 caixas. Os cavalos-marinhos, por sua vez, foram encontrados congelados dentro de um freezer horizontal.
Além das espécies marinhas proibidas, a operação resultou na apreensão de diversos itens essenciais à atividade criminosa. Foram recolhidos embalagens e caixas para acondicionamento dos produtos, balanças de precisão para pesagem das mercadorias e produtos químicos, incluindo peróxido de hidrogênio. No mesmo imóvel, foram identificadas ligações clandestinas de energia elétrica, configurando furto, e documentos que apontavam movimentações financeiras de alto volume e suspeitas. A polícia ressaltou que a frequência e o valor dessas transações, que alcançavam cifras milionárias, chamaram atenção durante a análise dos materiais.
O mercado ilegal de barbatanas de tubarão é extremamente lucrativo, com o quilo podendo ser negociado por valores próximos a US$ 3 mil no comércio clandestino. A elevada demanda por este item ocorre principalmente na China e em outros países asiáticos, onde as barbatanas são consideradas uma iguaria culinária de alto padrão.
A Receita Federal alerta que o principal objetivo de criminosos engajados nestas atividades ilegais é a remoção e o transporte das barbatanas de tubarões devido ao seu alto valor de mercado mundial. A exploração e comercialização clandestina das barbatanas prometem lucros substanciais, particularmente no Leste Asiático. Nesses países, a nadadeira é um ingrediente primordial para a famosa “sopa de barbatana”, conhecida também como “sopa ostentação”. No preparo, a barbatana se dissolve em fibras delicadas, lembrando um macarrão fino.

Imagem: g1.globo.com
Historicamente, a iguaria era exclusiva da mesa dos imperadores chineses. Mesmo após séculos, manteve-se como um símbolo de opulência na China até a eclosão da Revolução Comunista em 1949, quando seu apreço foi criticado em um contexto de crise política, econômica e pobreza generalizada. Todavia, a sopa de barbatana continua a ser um forte indicador de riqueza, status social e prestígio cultural na China, Singapura e Taiwan, refletindo a importância atribuída às diretrizes de proteção da fauna e combate a crimes ambientais em escala global.
Em restaurantes de alto padrão na China, por exemplo, o prato pode custar em torno de US$ 100, equivalente a aproximadamente R$ 560. A lucratividade da prática é um grande atrativo para as redes de tráfico, que operam à margem da lei.
Confira também: artigo especial sobre leis e valortrabalhista
O caso no Piauí ilustra a complexidade e a extensão do tráfico de animais marinhos no Brasil e suas ramificações internacionais. Ações de combate como esta, conduzidas pela Polícia Federal, são cruciais para a proteção da biodiversidade e para desmantelar redes criminosas. Para mais detalhes sobre investigações e outros assuntos de relevância para o país, continue acompanhando nossa editoria de Economia e outros segmentos.
Crédito da imagem: Rede Clube
🔗 Links Úteis
Recursos externos recomendados