Os embates no PT do Rio de Janeiro atingiram um novo patamar de intensidade, revelando uma acirrada disputa interna entre setores da sigla no estado fluminense. Em meio a essa escalada de tensões, Washington Quaquá, prefeito de Maricá e também vice-presidente nacional do Partido dos Trabalhadores, direcionou severas críticas a lideranças que, segundo ele, estariam próximas do Planalto. Quaquá acusou essas figuras de se valerem da estrutura federal para conduzir políticas próprias, além de manifestarem o que ele classificou como “descaso” com a imagem e os objetivos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A reação às declarações de Quaquá foi imediata e igualmente contundente. Lindbergh Farias, atual líder da bancada do Partido dos Trabalhadores na Câmara dos Deputados, categorizou o colega de partido como “desprezível” e empregou expressões fortes como “cheiro de esgoto” para repudiar as acusações. Esse choque de palavras, que se estendeu publicamente, expõe a profunda divisão entre influentes membros do PT carioca, acirrando o clima político antes das próximas disputas eleitorais.
Embates no PT do Rio: Quaquá x Lindbergh, Ceciliano e Gleisi
A ofensiva verbal de Quaquá teve início com a publicação em seus stories do Instagram, acompanhada de um texto suplementar disseminado via WhatsApp para diversos de seus contatos. A mensagem crítica foi explicitamente endereçada a Lindbergh Farias, a André Ceciliano – que exerce a função de secretário especial de assuntos parlamentares no governo Lula – e, surpreendentemente, também à ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann.
No cerne da denúncia de Quaquá estava um vídeo em que Lindbergh Farias e André Ceciliano apareciam ao lado do prefeito do município de Casimiro de Abreu. O vice-presidente nacional do PT criticou veementemente o fato de o presidente Lula ser mencionado de forma extremamente breve e apenas no final do conteúdo, recebendo atenção por somente um segundo. Além disso, Quaquá ressaltou a ausência de qualquer citação ao prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), considerado um nome provável para concorrer ao governo do estado.
O prefeito de Maricá argumentou que Lindbergh e Ceciliano estariam capitalizando sua proximidade e influência junto à Ministra Gleisi Hoffmann para “fazer política própria”. Ele salientou que a Ministra Hoffmann e Lindbergh Farias são namorados, e que a posição de Ceciliano no governo está sob a alçada da pasta gerenciada pela ministra. Para Quaquá, essa teia de relações facilitaria a instrumentalização da máquina federal para interesses políticos particulares. Para um melhor entendimento sobre o papel das estruturas governamentais na articulação política, é possível consultar a estrutura de governo federal e o funcionamento da Secretaria de Relações Institucionais.
Em um texto adicional, divulgado de forma mais restrita, Washington Quaquá elevou o tom de suas acusações, declarando: “Aqui no Rio o uso da máquina federal por Lindbergh e Ceciliano serve só pra eles! Não falam sequer do Lula! Não organizam nada pra fazer campanha pro Presidente Lula e Eduardo Paes!”. As críticas à ministra Gleisi Hoffmann foram ainda mais incisivas: “Ministra Gleisi, pare de usar a máquina do governo federal pra fazer política particular! Não vamos tolerar isso!”.
A forte reação de Washington Quaquá provocou uma réplica imediata de Lindbergh Farias. O líder do PT na Câmara publicou em suas redes sociais um texto em que manifestava “preguiça” e “uma sensação de perda de tempo” por ter de responder a uma figura que, em suas palavras, “cada vez mais, considero desprezível”. Farias utilizou também as qualificações de “baixo nível” e “cheiro de esgoto” para referir-se às atitudes de Quaquá.

Imagem: infomoney.com.br
Em sua defesa, Lindbergh Farias esclareceu que os projetos e obras mencionados na conversa com o prefeito de Casimiro de Abreu já haviam sido selecionados no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) logo no início do mandato do presidente Lula. Ele fez questão de pontuar que, à época da seleção dos projetos, Gleisi Hoffmann ainda não exercia a função de ministra. Farias expressou surpresa com o que considerou um “ataque tão gratuito a Gleisi”, além de evocar a “perseguição a Benedita”, referindo-se aos esforços internos para tentar inviabilizar a candidatura da deputada federal Benedita da Silva ao Senado.
Essa mencionada “perseguição” à candidatura de Benedita da Silva para o Senado evidencia uma fissura maior dentro do PT do Rio de Janeiro. A legenda se encontra dividida: de um lado, estão os setores que endossam Benedita, um nome incentivado por Lindbergh, Ceciliano, pela ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, e pelo presidente da Embratur, Marcelo Freixo. De outro, a ala de Washington Quaquá e seus aliados, que agora acenam com o apoio ao sambista Neguinho da Beija-Flor, planejando filiá-lo ao PT, e também indicaram suporte à candidatura de Alessandro Molon (PSB).
Lindbergh Farias foi além em suas críticas, alegando que Washington Quaquá “frequentemente adota posições avessas ao PT no campo político, prejudicando as ações partidárias e nossa retomada política”. Ele exemplificou, citando o apoio de Quaquá à anistia para os envolvidos nos ataques de 8 de janeiro e, posteriormente, a defesa da chamada “PEC da Blindagem”. Segundo o líder do partido na Câmara, tais posturas tornam Quaquá uma figura que “sobra no PT”. Nos últimos meses, as diferenças internas entre as várias facções do partido no estado vinham se manifestando de forma cada vez mais clara, impulsionadas, em grande parte, pelas movimentações visando a eleição de 2026, com a disputa pelo Senado como o principal ponto de atrito.
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Este confronto político entre proeminentes líderes do PT do Rio de Janeiro não só escancara as complexas dinâmicas internas da legenda, mas também projeta um cenário de incertezas e disputas acaloradas para as próximas eleições. A briga pela narrativa e pelo domínio do espaço político no estado promete continuar. Para acompanhar todas as atualizações sobre este e outros temas políticos relevantes, convidamos você a permanecer conectado à nossa editoria especializada no Hora de Começar: Política no Hora de Começar.
Crédito da imagem: Agência Brasil

 
						 
						