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Efeito Metanol Atinge Destilados; Vendas Caem em SP

O efeito metanol já se faz sentir no comércio paulistano, impactando diretamente o consumo de destilados na capital. Desde a primeira sexta-feira de outubro de 2025, logo após a escalada de casos de suspeita de intoxicação por metanol ligados a bebidas alcoólicas adulteradas, a rotina de bares e ambulantes na região da Santa Cecília, no […]

O efeito metanol já se faz sentir no comércio paulistano, impactando diretamente o consumo de destilados na capital. Desde a primeira sexta-feira de outubro de 2025, logo após a escalada de casos de suspeita de intoxicação por metanol ligados a bebidas alcoólicas adulteradas, a rotina de bares e ambulantes na região da Santa Cecília, no centro de São Paulo, começou a ser alterada.

A mudança no comportamento dos frequentadores é palpável, com uma redução notável nos pedidos de bebidas como o gim. Este destilado, antes popular, tem sido evitado pelos clientes desde que garrafas adulteradas na zona sul de São Paulo causaram graves intoxicações, reacendendo o alerta sobre a procedência dos produtos oferecidos.

Estabelecimentos frequentados pelo UOL em 3 de outubro de 2025 confirmaram a mudança no perfil de consumo. Enquanto dias de pagamento costumavam impulsionar o consumo de bebidas como gim e uísque, a apreensão gerada pela possível contaminação tem levado os clientes a reconsiderarem suas escolhas.

Efeito Metanol Atinge Destilados; Vendas Caem em SP

Um comerciante do Largo Santa Cecília lamentou: “Até agora não vendi um copo de gim.” A preferência se inclinou notadamente para alternativas mais seguras, como cervejas, vinhos e outras bebidas pré-embaladas em latas e long necks. Este panorama sugere uma adaptação cautelosa dos consumidores em resposta ao temor generalizado.

Impacto Direto nas Vendas e Comportamento do Consumidor

Marcos Mendes, outro comerciante na Santa Cecília, relatou que “os dias de pagamento estimulam as pessoas a beber, mas o medo do metanol está fazendo as pessoas trocarem as bebidas”. Segundo ele, as tradicionais “sextas de pagode” que geralmente vendiam muito gim e uísque, viram uma queda significativa. “O pessoal está vindo atrás de cerveja ou coquetéis, xeque-mate [bebida em lata à base de rum], até que se conserte isso aí”, desabafou Mendes. Essa observação mostra a agilidade com que o mercado reage a crises de segurança pública, mesmo que a afluência de pessoas às praças e bares da noite paulistana permaneça alta, segundo relatos dos próprios vendedores.

A percepção exata do impacto financeiro dessa redução de consumo de destilados, contudo, só será mensurada de forma mais precisa após o término do final de semana. Um vendedor ambulante de caipirinha expressou preocupação com a possibilidade de prejuízo, apesar de não ter conseguido avaliar plenamente os efeitos até o momento. “Preocupado eu tô, eu preciso saber como vai ser o final de semana”, disse Filipe Lima, destacando a incerteza que paira sobre o setor. Proprietários de casas noturnas compartilham da mesma visão, apontando que as bebidas prontas em lata são agora mais procuradas e que a avaliação completa virá nos próximos dias.

Mudança de Hábitos e Desconfiança Crescente

Consumidores estão mais vigilantes quanto à procedência das bebidas. Uma frequentadora do samba próximo à estação Santa Cecília afirmou: “A gente tá indo de vinho e cerveja por enquanto”. Duas outras mulheres, que preferiram não ser identificadas, revelaram que antes não checavam a origem dos produtos, mas, após o alerta de intoxicação por metanol, suspenderam o consumo de destilados e passaram a evitar bebidas manipuladas, como os populares “copões” de caipirinha e misturas com energéticos e gelos saborizados.

Em um pequeno bar no Largo Santa Cecília, uma atendente relatou que apenas um cliente pediu uísque com energético, o mesmo que já havia consumido na semana anterior. A confiança nos locais habituais e em bebidas lacradas tem sido um fator determinante. Uma consumidora expressou: “Bebemos o que está lacrado e de lugares que a gente já frequenta. Damos esse voto de confiança. Até o próprio gim era algo esporádico, agora então.” Outra complementou: “A gente precisa que um caso seja exposto para começar a cuidar, né.” Contudo, um outro cliente observou que a preocupação ainda não é universal entre todos os frequentadores.

Respostas de Entidades e Dados Nacionais

A Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes) informou que ainda não houve uma queda de faturamento expressiva, exceto em estabelecimentos que foram temporariamente fechados. A entidade ressaltou que os números concretos sobre o impacto do consumo de destilados na indústria só poderão ser apurados na próxima semana, quando consolidarem os dados do fim de semana.

Em nível nacional, a situação do metanol continua a mobilizar as autoridades de saúde. Uma única morte por intoxicação por metanol em bebidas alcoólicas foi confirmada em todo o Brasil, registrada no estado de São Paulo. O boletim mais recente do Ministério da Saúde indica que o total de casos suspeitos no país subiu para 102, com 11 desses casos já confirmados.

Seis estados estão com investigações em andamento para apurar casos suspeitos. Além de São Paulo, com 101 casos suspeitos, Pernambuco (6), Distrito Federal (2), Bahia (2), Paraná (1) e Mato Grosso do Sul (1) registram ocorrências, ampliando o escopo da crise de saúde pública. Em uma ação preventiva, o Ministério da Saúde adquiriu 150 mil ampolas de etanol farmacêutico, o antídoto para a intoxicação por metanol. Segundo o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, os estoques devem ser entregues nos “próximos dias” e distribuídos aos centros de referência de intoxicação das secretarias estaduais, um passo crucial para mitigar os riscos e salvar vidas em todo o país. Informações adicionais podem ser encontradas em fontes confiáveis como a página oficial do Ministério da Saúde, reforçando o compromisso com a saúde pública.

Efeito Metanol Atinge Destilados; Vendas Caem em SP - Imagem do artigo original

Imagem: noticias.uol.com.br

Como Proteger-se: Sinais de Alerta e Reações de Emergência

A proteção contra a intoxicação por metanol reside principalmente na desconfiança e na observação atenta. Gabriel Pinheiro, diretor da Abrasel-SP, aconselha os consumidores a desconfiarem de preços muito baixos e a inspecionarem minuciosamente as embalagens. Garrafas reutilizadas, lacres ou tampas tortos, rótulos desalinhados ou desgastados, erros de ortografia, logos com variações ou a ausência de informações como CNPJ, endereço do fabricante, distribuidor e número do lote são sinais claros de adulteração.

É crucial entender que não existe um teste caseiro confiável para identificar metanol em bebidas. A substância é traiçoeira, pois não altera o gosto nem o cheiro do álcool etílico, misturando-se facilmente sem ser detectada durante o consumo. Álvaro Pulchinelli Junior, médico toxicologista e presidente da SBPC/ML, alertou que “o metanol não tem um cheiro desagradável, nem tampouco um sabor ruim. Ele se mistura bem à bebida… isso torna a intoxicação pelo metanol um feito bem traiçoeiro.” A identificação ocorre apenas por sintomas após exames clínicos.

O risco de adulteração com metanol é significativamente maior em destilados ilegais ou falsificados, pois a destilação inadequada pode concentrar o metanol a níveis letais. Em contrapartida, bebidas fermentadas como a cerveja, que não passam pelo processo de fracionamento, apresentam um risco praticamente nulo, exceto em casos raros de produção clandestina com aditivos ilícitos. É um alerta internacional: os CDCs dos EUA, a Organização Mundial da Saúde e a Organização Pan-Americana da Saúde documentam surtos em diversos países, todos ligados a destilados clandestinos.

Sintomas da Intoxicação por Metanol

Os principais sintomas de intoxicação por metanol surgem entre seis e 12 horas após a ingestão, embora nem todos os intoxicados sintam-se mal imediatamente. Começam com desconforto abdominal, seguidos por confusão, sonolência, insuficiência respiratória e dores de cabeça intensas. Em situações mais graves, pode ocorrer hemorragia craniana.

O organismo reage à transformação do metanol em ácido fórmico, uma substância altamente tóxica que acidifica o sangue e compromete o funcionamento celular. A intensidade dos efeitos varia de acordo com fatores como peso corporal e capacidade metabólica do indivíduo; pessoas com menor peso tendem a metabolizar o metanol mais rapidamente, desenvolvendo sintomas mais graves de forma precoce. Importante ressaltar que qualquer quantidade de metanol é nociva e capaz de desencadear manifestações severas.

A diferenciação entre a intoxicação por metanol e uma ressaca comum é vital. Enquanto a ressaca causa dor de cabeça e náuseas, a intoxicação se manifesta com uma dor abdominal aguda e visão turva. Em caso de qualquer sintoma suspeito após o consumo de álcool, a busca por atendimento médico imediato é fundamental.

Alerta Nacional e Orientação

O consumidor deve estar atento. Para qualquer suspeita de intoxicação, é imprescindível procurar um serviço de urgência médica sem demora. Além disso, comunicar as autoridades competentes é crucial. O Disque-Intoxicação (0800 722 6001) da Anvisa oferece orientação clínica/tóxica. Também é recomendado contatar a Vigilância Sanitária local (municipal ou estadual), a Polícia Civil e o Procon (órgão de defesa do consumidor).

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Em suma, a crise do metanol sublinha a importância da vigilância no consumo de destilados e a responsabilidade tanto dos consumidores quanto dos estabelecimentos comerciais. Fique atento às recomendações de segurança e, em caso de dúvida, priorize sua saúde. Para mais notícias e análises sobre o cenário social e econômico, continue acompanhando a editoria de Cidades.

Crédito da imagem: Uesley Durães/UOL

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