A recente atuação do deputado federal Eduardo Bolsonaro na cena política internacional se resumiu a um papel de cabo eleitoral do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para 2026, gerando constrangimento para a Câmara dos Deputados, conforme análise da mídia especializada. Sua ausência, bem como a de Jair Bolsonaro, na crucial conversa entre o secretário de Estado norte-americano Marco Rubio e o ministro das Relações Exteriores brasileiro Mauro Vieira, demonstra que uma estratégia política anterior não obteve os resultados esperados. A situação atual indica uma mudança significativa na dinâmica das relações bilaterais entre Brasil e Estados Unidos, desfavorecendo as intenções do clã Bolsonaro.
Nunca antes na história política recente do Brasil uma abordagem internacional se revelou tão improdutiva para seus propositores. Marco Rubio, embora não seja alinhado ao espectro político do petista, recebeu diretrizes de seus superiores para normalizar e aprofundar os laços com o Brasil. Este movimento estratégico por parte dos Estados Unidos visa a múltiplos objetivos, primariamente evitar uma aproximação excessiva do país e do subcontinente sul-americano com a China, ao mesmo tempo em que buscam garantir acesso a matérias-primas essenciais, como as terras raras, cuja obtenção tem sido dificultada por parte dos chineses.
Eduardo Bolsonaro: Traição Ineficaz e Papel Minimizado nos EUA
Outras prioridades norte-americanas incluem a redução da inflação interna, barateando produtos agrícolas brasileiros – do café à carne – que encareceram devido a tarifas, e a ampliação das cotas de exportação de produtos como o etanol de milho para o mercado brasileiro. Há também o interesse em facilitar os negócios de grandes corporações dos EUA no Brasil. Essas razões se alinham aos legítimos interesses dos Estados Unidos no cenário global e comercial, contrastando diretamente com as demandas e aspirações de um grupo político familiar específico. Em suma, o cenário sugere que a política externa americana está disposta a tirar proveito das condições brasileiras atuais, suavizadas pelas sanções impostas anteriormente, buscando ganhos substanciais.
Embora um político como Donald Trump pudesse preferir a presença de uma figura que agisse conforme suas expectativas, à semelhança do ex-presidente argentino Javier Milei, essa dinâmica não se concretizou. É plausível que Trump, caso eleito, recorra a meios como suas plataformas de tecnologia e órgãos de inteligência para promover seus interesses. Contudo, o Brasil não cedeu às pressões ou “chantagens” oriundas de alguns setores da Casa Branca, conforme sugerido por alguns segmentos “entreguistas” no país. Apesar dos desafios econômicos e sociais resultantes desse período de tensão, o Brasil seguiu adiante, diversificando mercados ao exportar carne para a Indonésia e café para a China, além de adquirir frutas para programas de merenda escolar, demonstrando resiliência e adaptação.
As negociações empreendidas pelos Estados Unidos, particularmente sob a possível gestão de Donald Trump, visam consolidar vantagens para os interesses norte-americanos. Em um desfecho hipotético, Trump certamente declararia vitória, como é de seu feitio. Por sua vez, o presidente Lula também afirmaria triunfo, especialmente pela possibilidade de resolver questões econômicas pendentes – embora a questão das sanções envolvendo Alexandre de Moraes e sua família possa demandar um período maior para uma solução efetiva. Neste contexto, o grupo político dos Bolsonaro, e em especial Eduardo Bolsonaro, emergem como os principais prejudicados.
Houve tentativas por parte de Eduardo Bolsonaro e Paulo Figueiredo de interferir na reunião entre Rubio e Vieira, espelhando esforços anteriores para “melar” o encontro entre Fernando Haddad e o secretário do Tesouro Scott Bessent. Desta vez, seus movimentos foram largely infrutíferos, indicando uma mudança substancial no panorama político e diplomático, uma vez que o ex-presidente Trump optou por ajustar sua estratégia. Após a recente reunião, que foi descrita como amistosa, o deputado federal Eduardo Bolsonaro, que inicialmente propagava a ideia de que Marco Rubio desestabilizaria os representantes do governo Lula, mudou sua retórica. Ele passou a defender que o Brasil teria saído derrotado, justificando que não houve alterações tarifárias significativas.

Imagem: noticias.uol.com.br
Essa postura, segundo análises, visa a desviar o foco do verdadeiro êxito do encontro: sua própria realização e, crucially, a ausência de qualquer discussão sobre anistia ou perdão para Jair Bolsonaro, pauta central do deputado federal Eduardo Bolsonaro. A política americana é caracterizada por sua imprevisibilidade, e diversos cenários podem se desdobrar. Da mesma forma, as declarações do presidente Lula, ao afirmar que entre ele e seu homólogo não houve “química, mas sim uma indústria petroquímica”, são interpretadas como movimentos taticamente eleitoreiros. No presente, o Brasil segue engajado em negociações e adaptações, com o governo Lula capitalizando politicamente os benefícios proporcionados, em parte, pela atuação de seus adversários.
Até o momento, o principal prejudicado nesse enredo é, de fato, Eduardo Bolsonaro e seus colaboradores. Suas ações, no final das contas, foram interpretadas como uma “traição inútil” ao seu próprio país. Enquanto esses episódios se desenrolavam na esfera internacional, a Câmara dos Deputados indiretamente chancelava o “tarifaço”, ao não tomar medidas efetivas contra essa atuação que comprometia interesses nacionais. Essa situação levanta questões sobre a necessidade de mecanismos de controle, como uma “PEC da Blindagem”, para proteger o país de iniciativas desalinhadas com seus objetivos estratégicos.
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Em suma, a incursão de Eduardo Bolsonaro no palco diplomático evidenciou um descompasso com os interesses nacionais e uma estratégia falha, resultando em um saldo político desfavorável para seu grupo. A diplomacia brasileira, por sua vez, navega em águas turbulentas com pragmatismo. Para aprofundar-se nas complexidades da política externa e seus impactos domésticos, explore outros conteúdos em nossa categoria de Política e acompanhe as análises mais recentes.
Crédito da imagem: Mandel Ngan – 24.2.2024/AFPA
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