Um alerta crucial em saúde pública: a viralização de um vídeo que dissemina a desinformação de que a prática de massagem na mão não salva vidas em caso de infarto. A alegação, que sugere que um ponto específico na mão esquerda pode resolver crises cardíacas, incluindo infarto, angina ou pânico, é categoricamente falsa. Essa notícia inverídica tem se espalhado rapidamente nas redes sociais, gerando preocupação entre profissionais da saúde pela possibilidade de as pessoas adiarem o socorro médico adequado, onde cada minuto é vital para a sobrevivência do paciente.
A publicação falsa mostra uma mulher vestindo um uniforme de enfermeira que descreve detalhadamente uma técnica: por três minutos, uma massagem em um ponto específico da mão esquerda teria o poder de reverter um infarto iminente ou uma crise de angina. De acordo com o conteúdo viralizado, essa manobra simples poderia impedir a evolução para uma parada cardíaca, permitindo que a pessoa chegasse ao hospital sem complicações graves. A suposta técnica seria aplicável tanto pela própria pessoa que estivesse infartando quanto por outra que a presenciasse, vendendo a ideia de um “conhecimento simples” capaz de salvar uma vida. Essa narrativa, porém, carece totalmente de embasamento científico, conforme desmentido por especialistas.
É FAKE: Massagem na Mão Não Salva Vidas em Caso de Infarto
O perigo dessa informação distorcida foi prontamente identificado por iniciativas de checagem, como o Fato ou Fake, que recebeu sugestões de leitores pelo WhatsApp. Ao consultar o médico Agnaldo Pispoco, diretor da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp), a verdade veio à tona. Pispoco alerta veementemente que essa recomendação “não tem nenhum respaldo científico e, pior, pode causar confusão, retardando que essa pessoa procure ajuda médica, onde os minutos contam muito”. A divulgação e crença em práticas não comprovadas pode ter consequências fatais, desviando a atenção da urgência de um atendimento médico profissional.
Para o especialista, indivíduos que experimentam dor no peito ou qualquer outro sintoma suspeito de infarto não devem, em hipótese alguma, recorrer a manobras sem comprovação científica. Cada instante perdido com tais procedimentos impede que o paciente receba o tratamento especializado que é crucial. O diretor da Socesp enfatiza que os “minutos contam” literalmente para desobstruir uma artéria. O tempo é um fator determinante, pois o atraso no socorro pode levar a quadros de arritmia cardíaca grave, aumentando drasticamente o risco de óbito. Práticas que são divulgadas como “milenares”, mas que não possuem reconhecimento em diretrizes médicas contemporâneas, não devem ser seguidas, reforça Pispoco.
Pessoas que sentem uma dor no peito que se caracteriza como um aperto ou queimação devem imediatamente ligar para o 192, que é o número do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU). O SAMU deve despachar uma viatura, preferencialmente equipada com médico e desfibrilador, para realizar um eletrocardiograma (ECG) rapidamente. O diagnóstico precoce e a intervenção em um pronto-socorro são fundamentais, sendo o transporte por ambulância a forma mais segura e eficiente de chegar a uma unidade de saúde em tempo hábil.
Identificando Sinais de Crise Cardíaca: Quando o Tempo é Crucial
A rapidez na busca por auxílio médico é tão vital quanto reconhecer os primeiros sinais de um infarto. Dr. Agnaldo Pispoco detalha que os indícios incluem “dor no peito, de início súbito”, frequentemente descrita como um aperto intenso ou uma sensação de queimação, que pode ser acompanhada de suores. Esta dor tem potencial de irradiar para outras partes do corpo, como o braço (tanto esquerdo quanto direito), as costas, a região da mandíbula e até mesmo para a área epigástrica, localizada no centro do abdome, logo abaixo do esterno. A dor epigástrica, em particular, pode confundir a pessoa, fazendo-a crer que se trata de um problema estomacal. No entanto, qualquer quadro de dor no peito que surge repentinamente deve ser avaliado com extrema rapidez, já que, infelizmente, mais de 50% das mortes relacionadas a infartos ocorrem na primeira hora após o início dos sintomas. A atenção à saúde cardíaca é tema de inúmeras organizações, incluindo a Sociedade Brasileira de Cardiologia, que constantemente atualiza informações sobre prevenção e atendimento de emergência.
Além da dor, outros sinais importantes que podem acompanhar uma crise cardíaca são o suor frio (sudorese), falta de ar e episódios de tontura. Contudo, um sinal de perigo ainda mais grave e iminente é a perda súbita de consciência, que pode indicar a ocorrência de uma parada cardiorrespiratória devido ao infarto. Diante de qualquer um desses sintomas, é imperativo acionar o socorro o mais rápido possível, pois a diferença entre a vida e a morte está na celeridade da intervenção profissional.

Imagem: g1.globo.com
Distinguindo Condições Cardíacas de Outras Urgências
O diagnóstico preciso de condições cardíacas como infarto e angina pectoris é complexo e deve ser sempre realizado por profissionais de saúde em ambiente hospitalar, segundo Agnaldo Pispoco. A angina, por exemplo, é caracteristicamente uma dor no peito que costuma surgir após esforços físicos e que tende a desaparecer, mas não por isso deve ser subestimada. Dependendo da artéria que esteja parcialmente obstruída, a angina pode ser muito grave. Por essa razão, a diferenciação entre angina e infarto não deve ser tentada por leigos, mas sim por médicos, já com um desfibrilador por perto e um eletrocardiograma realizado, assegurando uma análise completa e segura.
Outro fator que gera grande confusão e que pode mimetizar os sintomas de um infarto é a crise de pânico. Indivíduos que já possuem um diagnóstico estabelecido de crise de pânico, e que já passaram por avaliações prévias que excluíram problemas cardíacos, podem receber medicação específica para sua condição psiquiátrica. No entanto, o alerta do Dr. Pispoco é enfático: jamais se deve deixar de considerar a possibilidade de um quadro cardíaco se houver uma alteração no tipo de sintoma. A percepção de mudanças nos padrões da dor ou nos sintomas que acompanham a crise pode ser um indicativo de que um novo e mais grave problema cardíaco esteja em curso, demandando nova e imediata investigação médica.
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É fundamental que a população confie apenas em informações de saúde provenientes de fontes científicas e profissionais qualificados. A desinformação, como no caso da falsa massagem para infarto, não apenas é ineficaz, mas coloca em risco a vida das pessoas ao desviar a atenção de protocolos de emergência comprovados. Ao experimentar dor no peito ou quaisquer outros sintomas que sugiram um problema cardíaco, a ação imediata deve ser sempre acionar o SAMU (192) ou dirigir-se ao pronto-socorro mais próximo. Para se manter sempre bem informado sobre saúde e outros temas relevantes, continue explorando nossa editoria de notícias e análises.
Foto: Reprodução
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