Dólar Abre em Baixa e Mercado Monitora Exterior e Brasília

Últimas Notícias

A cotação do dólar abre em baixa nesta quinta-feira, 23 de outubro, repercutindo o movimento de desaceleração da moeda norte-americana frente a outras divisas de mercados emergentes ao redor do mundo. Investidores mantêm o foco na aguardada divulgação de dados de inflação dos Estados Unidos, prevista para amanhã, sexta-feira (24), um fator crucial para definir os próximos passos da política monetária global.

Perto das 9h12, a moeda estadunidense registrava uma queda de 0,21%, sendo negociada a R$ 5,3864. Essa desvalorização se segue a um fechamento em alta na quarta-feira (22), quando o dólar valorizou 0,12% para R$ 5,396. A Bolsa de Valores, por sua vez, encerrou a sessão anterior em 144.872 pontos, com uma valorização de 0,54% impulsionada por ações como as da Vale (+1,77%) e Petrobras (+1,15%). O dia atual iniciou em relativa estabilidade, ganhando fôlego positivo ao longo da tarde, enquanto o mercado direciona sua atenção às dinâmicas internas e externas.

Dólar Abre em Baixa e Mercado Monitora Exterior e Brasília

Em território nacional, as atenções se voltaram para as deliberações em Brasília. O governo, sob a administração de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), está em busca de uma resolução para o Orçamento de 2026, especialmente após o Congresso Nacional rejeitar, no início do mês, a Medida Provisória (MP) dos Impostos. Diante desse cenário, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, confirmou na terça-feira (21) que o Executivo segmentará as proposições compensatórias à MP em dois distintos projetos de lei (PLs). Tais iniciativas, que buscam restabelecer o equilíbrio das contas públicas, serão enviadas ao Congresso com a máxima celeridade.

Propostas para o Orçamento e Responsabilidade Fiscal

O primeiro dos projetos de lei contemplará medidas de contenção de despesas, com uma estimativa de impacto fiscal de R$ 15 bilhões. Adicionalmente, esta proposta inclui um endurecimento no limite para a utilização de créditos tributários na compensação de impostos a pagar, visando aumentar a arrecadação em R$ 10 bilhões no próximo ano. Entre as medidas de ajuste nos gastos, o ministro Haddad mencionou revisões no seguro-defeso (benefício para pescadores artesanais em períodos de restrição da pesca), no sistema Atestmed (ferramenta online para concessão de auxílio-doença sem perícia presencial) e a incorporação do programa Pé-de-Meia ao piso da educação.

Haddad explicou que a estratégia de desmembrar a agenda de ajuste das despesas tem como propósito evitar que a oposição “tenha o pretexto de não votar o que eles reivindicam como a agenda deles”. O titular da pasta da Fazenda projeta que este primeiro PL gere uma receita superior a R$ 20 bilhões para as contas públicas.

O segundo projeto de lei, por sua vez, deverá abordar o incremento da taxação sobre apostas esportivas, popularmente conhecidas como “bets”, bem como o aumento da tributação sobre fintechs e os Juros sobre Capital Próprio (JCP), um mecanismo de remuneração a acionistas. As estimativas preliminares do Executivo indicam que essas medidas poderiam gerar um incremento de R$ 8,3 bilhões nas receitas de 2026. Inicialmente, o governo almejava encaminhar ambos os projetos ao Congresso ainda na terça-feira (21), porém, o dia se encerrou sem que as propostas fossem oficialmente protocoladas.

As propostas detalhadas nesses novos PLs replicam as iniciativas contidas na Medida Provisória de aumento de impostos que foi derrubada pela Câmara dos Deputados em 8 de outubro, data limite para sua tramitação. A Constituição Federal proíbe o governo de reenviar tais propostas via outra MP na mesma legislatura, mas permite a apresentação através de projeto de lei. O governo acredita que essa abordagem será suficiente para assegurar os recursos do Orçamento de 2026, evitando cortes de R$ 7,1 bilhões em despesas do Executivo e emendas parlamentares que ocorreriam na ausência dessas compensações.

A análise do cenário econômico por especialistas corrobora a apreensão. Carlos Braga Monteiro, CEO do Grupo Studio, destacou que o impasse em torno do orçamento para o próximo ano contribui para o aumento da incerteza fiscal e para uma diminuição da confiança do mercado na responsabilidade governamental em relação ao equilíbrio das contas públicas. “A falta de previsibilidade compromete o planejamento econômico e pressiona as expectativas de juros e inflação para o próximo ano”, observou Monteiro. A ausência de sinalizações claras quanto à tramitação dos dois projetos mantém o mercado em estado de cautela, à espera de informações mais concretas.

Dólar Abre em Baixa e Mercado Monitora Exterior e Brasília - Imagem do artigo original

Imagem: www1.folha.uol.com.br

Cenário Externo: Negociações Comerciais Brasil-EUA e Tensão EUA-China

Paralelamente ao cenário doméstico, os investidores também acompanham as negociações comerciais entre Brasil e Estados Unidos, inseridas no contexto das tarifas adicionais impostas pelo governo do presidente Donald Trump. Uma reunião entre o presidente Lula e o líder americano foi agendada para domingo (26), na Malásia, coincidindo com a participação de ambos na cúpula da Asean (Associação das Nações do Sudeste Asiático), que ocorrerá entre 26 e 28 de outubro.

Diplomatas brasileiros adotam uma postura de cautela em relação ao encontro, uma vez que não houve uma confirmação oficial por parte da Casa Branca, embora ambos os lados estejam trabalhando para que a reunião aconteça. Permanece incerto também se haverá algum anúncio relativo à redução das tarifas de importação de 50% sobre produtos brasileiros, visto que as discussões mais aprofundadas sobre essas sobretaxas tiveram início recentemente. As tratativas foram formalmente iniciadas na semana passada, durante um encontro entre o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, e o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio. Este foi o primeiro contato direto entre os chefes da diplomacia dos países desde o último diálogo entre os presidentes.

No front das negociações tarifárias, a dinâmica entre Estados Unidos e China segue sob a lupa dos investidores. Na terça-feira, o presidente Trump expressou a expectativa de que um acordo seja alcançado em seu encontro com o líder chinês, Xi Jinping, mas não descartou a possibilidade de a reunião não ocorrer. “Tenho um ótimo relacionamento com Xi e espero fazer um bom negócio com ele. Quero que ele faça um acordo positivo para a China, mas tem que ser justo”, declarou Trump. Este encontro está previsto para o fim do mês, durante o fórum de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico, a ser realizado na Coreia do Sul.

A complexidade dessa relação escalou após Trump anunciar sobretaxas adicionais de 100% sobre uma série de produtos chineses e novos controles de exportação sobre “todo e qualquer software crítico”, com validade a partir de 1º de novembro. Essas medidas surgem apenas nove dias antes do encerramento da trégua tarifária em vigor entre as duas maiores economias do mundo. No último sábado (18), o governo chinês comunicou que representantes dos dois países devem se reunir nesta semana para uma nova rodada de negociações. As recentes ações comerciais dos EUA foram uma resposta à ampliação, por parte da China, dos controles de exportação de elementos de terras raras, minerais estratégicos para diversas indústrias, desde a automotiva até a de defesa. Essa sucessão de eventos reacendeu os temores de uma nova e intensa guerra comercial global, semelhante à observada no início do ano. Acompanhe as atualizações do Federal Reserve sobre o cenário econômico mundial.

Confira também: crédito imobiliário

Diante do cenário volátil tanto no mercado de câmbio quanto nas mesas de negociação internacionais, é essencial manter-se informado sobre os desdobramentos que moldam a economia global e brasileira. Para análises aprofundadas e as últimas notícias sobre política e finanças, explore nossa editoria de Economia.

Crédito da imagem: Dado Ruvic/Reuters

Deixe um comentário