Neste Dia de Finados, Rio Branco se encheu de homenagens, com milhares de famílias se reunindo nos cemitérios da capital acreana para prestar tributo aos seus entes queridos. O feriado nacional de 2 de novembro é um período de profunda emoção, marcando um reencontro com memórias preservadas e o fortalecimento de tradições familiares, em um cenário pontuado por arranjos florais, velas cintilantes e orações discretas.
A data, reservada para a saudade e a celebração da vida daqueles que partiram, viu uma movimentação intensa. Dentre os inúmeros visitantes, destacou-se Francisca de Souza, uma aposentada de 71 anos que mantém um rito com quase quatro décadas. Viúva desde 1985, ela visita anualmente o jazigo do esposo no cemitério Jardim da Saudade, mantendo a memória viva. Para ela, essa tradição de limpeza e manutenção do túmulo é uma expressão de amor e respeito.
Dia de Finados: Rio Branco presta homenagens aos entes queridos
Francisca compartilha a convicção de que manter o local em bom estado é uma honra, uma maneira de demonstrar carinho, expressando a necessidade de cuidar do último repouso de um familiar. Além da manutenção, acender velas é um gesto que lhe traz satisfação. Segundo ela, esta ação a preenche de felicidade, representando uma singela, porém significativa, homenagem. As autoridades municipais estimam que aproximadamente 50 mil pessoas tenham percorrido os cemitérios ao longo do dia em Rio Branco.
O cemitério São João Batista, o mais antigo da cidade, concentrou uma parcela substancial desses visitantes. Este local histórico abriga os restos mortais de mais de 80 mil pessoas, incluindo figuras proeminentes. Um exemplo notório é o ex-governador Edmundo Pinto, cujo túmulo permanece entre os mais visitados, evidenciando a perenidade da lembrança e do legado de algumas personalidades na região. Compreender as diferentes formas como o Dia de Finados é vivenciado no Brasil, assim como suas origens, pode oferecer um panorama mais amplo desta importante data nacional. Para mais detalhes sobre a tradição do Dia de Finados no Brasil, clique aqui e confira uma matéria do G1.
As imediações dos cemitérios também testemunham uma movimentação comercial particular. Ana Líbia de Oliveira, empreendedora de 62 anos, é um dos rostos desse comércio, dedicando mais de duas décadas à confecção de arranjos florais a partir de EVA. Com pétalas e folhas vibrantes, suas criações ajudam as pessoas a manter viva a lembrança dos que já se foram. Anualmente, no Dia de Finados, Ana Líbia chega ao seu posto em frente ao cemitério às 5h da manhã e só encerra as atividades por volta das 17h.
Apesar de observar uma redução nas vendas nos últimos anos, a empreendedora se diz grata, ressaltando que, mesmo com a diminuição do movimento, a comercialização se mantém satisfatória. A arte de fazer as flores foi aprendida com a irmã em Porto Velho, mas o desenvolvimento da técnica e os aperfeiçoamentos foram fruto de sua própria criatividade. Atualmente, a produção é um esforço familiar, com o envolvimento de sua filha e neta, que auxiliam no processo. As flores de Ana Líbia, modeladas a partir de plantas naturais com um meticuloso trabalho de corte, tingimento e moldagem, são vendidas por valores que variam de R$ 2 a R$ 60, atendendo a diferentes necessidades dos visitantes.

Imagem: g1.globo.com
Além das vendas e do cumprimento de rituais, o Dia de Finados é um tempo para celebrar memórias. A analista clínica Ana Fernandes, de 27 anos, visita o túmulo de sua bisavó. Carinhosamente apelidada de “cachinhos dourados” pela avó, a memória do apelido evoca lembranças afetuosas para a jovem. Ana vê o dia não como um motivo de tristeza, mas como uma ocasião de união familiar para relembrar a história de seus antepassados, acreditando em um lugar de paz para os que partem.
A jovem também compartilha detalhes sobre seu bisavô, hoje com 99 anos, que, com bom humor, costuma brincar sobre a própria morte, inclusive fazendo pedidos para um futuro túmulo com ar-condicionado. A tradição de levar flores anualmente também é seguida pelo aposentado Antônio Mendes, de 60 anos, ao jazigo de sua mãe. Para ele, a partida da mãe deixou um legado imenso de amor e dedicação, uma presença materna fundamental na vida de toda a família.
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As vivências neste 2 de novembro em Rio Branco são um retrato vívido da resiliência das memórias e da profundidade das relações humanas, reiterando a importância do Dia de Finados como uma oportunidade coletiva para honrar aqueles que, embora ausentes, permanecem presentes em histórias, tradições e no coração dos familiares. Para se aprofundar nas notícias sobre o panorama da capital acreana e outras cidades brasileiras, continue acompanhando nossa editoria de Cidades.
Crédito da imagem: Jhenyfer de Souza/g1 Acre



