Nesta quarta-feira (1º), o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) confirmou a identificação de um novo e significativo sítio arqueológico em Bequimão, município localizado a 76 quilômetros de São Luís, no Maranhão. A descoberta, nomeada de Sambaqui de Boa Vista, foi realizada na comunidade quilombola de Boa Vista e promete revelar aspectos importantes da ocupação humana pré-histórica na região costeira brasileira, conforme informações divulgadas pelo Iphan, a entidade federal responsável pela preservação do patrimônio cultural.
O local concentra diversos sambaquis, formações arqueológicas constituídas por conchas, ossos e outros vestígios orgânicos e materiais, acumulados ao longo de milhares de anos por grupos pré-históricos. Durante os levantamentos iniciais, foram desenterrados artefatos líticos (de pedra), fragmentos cerâmicos e uma grande variedade de objetos, que juntos representam uma robusta evidência da prolongada presença humana no território. Essa diversidade de achados sublinha a relevância do Sambaqui de Boa Vista para a compreensão da história regional e nacional.
Descoberto Sítio Arqueológico Secular em Bequimão, MA
Os sambaquis são montes de terra característicos do litoral brasileiro, formados pela ação de grupos humanos que habitaram a costa ao longo de milênios. Estes montes servem como autênticos registros do passado, contendo não apenas conchas e restos de fauna e flora consumidos, mas também ferramentas, artefatos rituais e, ocasionalmente, sepultamentos, todos estratificados em camadas que contam a história das comunidades que os ergueram. A preservação desses depósitos naturais é crucial para o estudo da arqueologia.
A área do novo sítio arqueológico se encontra dentro de um território pertencente à família de Raul Rodrigues Souza, que, segundo relatos do Iphan, demonstra um notável compromisso com a conservação do local ao longo dos anos. Mesmo sem uma formação específica em arqueologia ou patrimônio, a família tem preservado os materiais encontrados e reconhece o valor histórico e cultural inestimável para a memória local, tornando-se um exemplo de guardiões do legado ancestral da comunidade.
A descoberta do Sambaqui de Boa Vista é atribuída ao arqueólogo Cleberson Carlos, da Superintendência do Iphan no Maranhão. O achado foi realizado durante uma rotineira fiscalização na área, o que demonstra a importância da vigilância contínua para a identificação e proteção de patrimônios culturais. Para Cleberson Carlos, a identificação deste sítio arqueológico transcende a mera catalogação, significando um fortalecimento da identidade cultural não apenas para a comunidade quilombola de Boa Vista, mas para toda a região maranhense.
O arqueólogo ressaltou que “esse achado é um ganho para a história da região, pois reafirma a importância da ocupação humana no território e valoriza o patrimônio cultural de uma comunidade quilombola que sempre preservou seu espaço. Além disso, trata-se de um dos sítios mais bem preservados que já tive a oportunidade de identificar”, reforçando a magnitude da descoberta e a necessidade de estudos aprofundados sobre o local.
Após a etapa de identificação e registro inicial, o Sambaqui de Boa Vista foi devidamente catalogado e formalmente incluído no mapa arqueológico do Maranhão. Com essa inclusão, Bequimão passa a ser reconhecido como um polo arqueológico, abrindo novas portas para investigações científicas. A partir de agora, espera-se que o acesso e o conhecimento sobre a presença e a resistência de populações tradicionais no estado sejam ampliados.
Este reconhecimento possibilita, sobretudo, a revelação de informações cruciais sobre os modos de vida, as técnicas de produção, as estruturas sociais e as complexas relações estabelecidas pelas populações que habitaram o território maranhense há séculos. A pesquisa em Bequimão complementa outros esforços no estado, como o significativo trabalho realizado em janeiro de 2024 em São Luís, que evidenciou a rica história arqueológica da capital.

Imagem: g1.globo.com
Em uma descoberta anterior, noticiada em janeiro de 2024, arqueólogos encontraram 43 esqueletos humanos durante as escavações para a construção de condomínios residenciais do programa Minha Casa Minha Vida, no bairro Vicente Fialho, em São Luís. A construtora MRV estava envolvida na obra. Além das ossadas, a equipe de pesquisa e escavação arqueológica, coordenada pelo arqueólogo Wellington Lage da empresa W Lage Arqueologia, revelou cerca de 100 mil fragmentos.
Estes fragmentos incluíam peças de cerâmica, materiais líticos, carvão, ossos e conchas decoradas, constituindo um acervo histórico impressionante. As descobertas tanto em Bequimão quanto em São Luís reforçam a complexidade e a profundidade da história pré-colonial do Maranhão, servindo como pilares para novas investigações sobre a diversidade cultural e social das populações que antecederam a colonização europeia.
O Maranhão, com suas ricas tradições culturais e paisagens históricas, continua a ser um campo fértil para a arqueologia. As evidências de Bequimão, aliadas a outras recentes descobertas, permitem aos pesquisadores reconstruir o mosaico de interações humanas e a adaptação desses povos ao seu ambiente, contribuindo para uma compreensão mais completa da história do Brasil.
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Essas revelações não apenas enriquecem o conhecimento acadêmico, mas também valorizam a herança dos povos quilombolas e indígenas, cujas narrativas históricas estão intrinsecamente ligadas a esses achados. Para ficar por dentro de mais notícias e aprofundar-se em análises sobre importantes descobertas e temas relevantes em cidades brasileiras, continue acompanhando nossa editoria de Cidades e suas últimas atualizações.
Crédito da imagem: Divulgação/Iphan
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