A desaceleração da economia chinesa marcou o terceiro trimestre do ano, conforme dados divulgados pelo regime do país asiático. O período entre julho e setembro apresentou um crescimento mais contido em comparação aos dois trimestres iniciais. Simultaneamente, o mês de setembro registrou uma diminuição nas exportações de terras raras, revertendo a tendência de superávit observada nos três meses anteriores. Este panorama revela as contínuas repercussões da intensa guerra comercial com os Estados Unidos, afetando as dinâmicas econômicas globais e a dependência chinesa do mercado externo em um cenário de demanda interna limitada.
Os dados governamentais apontam para uma clara influência da disputa comercial com Washington. Enquanto as tarifas aplicadas pelos EUA impactam diretamente o volume de bens exportados pela China, as medidas de contraponto referentes a minerais estratégicos, como as terras raras, criam atritos significativos entre as duas maiores potências econômicas do mundo. Essa interdependência, aliada a tensões crescentes, delineia um horizonte complexo para o desenvolvimento econômico de ambas as nações, com efeitos sistêmicos que ecoam por cadeias de produção e mercados internacionais.
Desaceleração da Economia Chinesa e Queda nas Terras Raras
Conforme relatórios do Escritório Nacional de Estatísticas da China, o Produto Interno Bruto (PIB) do país exibiu um crescimento de 4,8% de julho a setembro deste ano. Essa performance representa um arrefecimento notável frente aos 5,4% apurados entre janeiro e março e os 5,2% verificados de abril a junho. Embora os índices apontem para uma moderação no ritmo de expansão, a economia chinesa continua direcionada para alcançar a meta oficial de um crescimento de 5% do PIB até 2025. O resultado do último trimestre do ano será crucial para a consolidação desse objetivo de médio prazo.
Apesar da desaceleração geral, a mídia estatal chinesa apresentou uma visão positiva sobre setores específicos da economia. Em suas declarações, é enfatizado o bom desempenho da produção agrícola, o rápido crescimento da produção industrial e a evolução constante do setor de serviços. Essa perspectiva contrasta com os dados que indicam um ritmo geral mais lento, refletindo a intenção oficial de transmitir confiança e estabilidade em meio aos desafios econômicos. Tais declarações geralmente precedem discussões importantes sobre política econômica e planejamento.
Paralelamente a esses indicadores, a desaceleração econômica e as implicações da guerra comercial devem ser temas centrais durante a sessão plenária do Comitê Central do Partido Comunista Chinês. A reunião, agendada para ocorrer em Pequim entre segunda-feira, dia 20, e quinta-feira, dia 23, congrega as principais lideranças do regime. Neste fórum crucial, os dirigentes são esperados para deliberar sobre as diretrizes de desenvolvimento do país e avaliar o papel das exportações e importações com os Estados Unidos no próximo plano quinquenal da China, um documento estratégico que definirá os rumos da política econômica pelos próximos cinco anos.
Enquanto a economia chinesa em seu conjunto registrava apenas uma desaceleração no crescimento do PIB, um segmento específico e de alta relevância estratégica apresentou uma retração mais acentuada: as exportações de ímãs de terras raras. Houve uma queda de 6,1% em setembro na comparação com agosto. Este recuo sucede um período de três meses consecutivos de superávit neste setor. A volatilidade neste mercado é amplificada pelas crescentes tensões geopolíticas e comerciais, tornando os movimentos da China especialmente relevantes para o abastecimento global de alta tecnologia.
Esta notícia sobre a diminuição das exportações precedeu, em certa medida, as consequências de uma medida regulatória significativa implementada por Pequim em setembro. Nesta ocasião, o governo chinês estabeleceu que qualquer produto manufaturado no exterior que incorporasse terras raras de origem chinesa exigiria uma licença de exportação emitida pelas autoridades do país asiático. Esta iniciativa elevou o patamar da disputa comercial entre China e Estados Unidos, intensificando a rivalidade pelo controle de recursos minerais vitais para indústrias de ponta.

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A decisão da China de exigir licenças para exportação de produtos que utilizam terras raras provocou uma forte reação nos Estados Unidos. O então presidente Donald Trump classificou a medida como um “movimento agressivo” e prontamente ameaçou retaliar com a imposição de tarifas adicionais de 100% a partir do dia 1º de novembro, caso a política chinesa não fosse reconsiderada. Essa escalada demonstra o peso estratégico das terras raras e como o controle de sua cadeia de suprimentos pode ser utilizado como ferramenta em conflitos geopolíticos.
Diante do cenário de crescente pressão, tanto os americanos quanto os europeus têm empreendido esforços significativos para mitigar a hegemonia chinesa no setor de terras raras. A China detém cerca de 90% do processamento global desses minerais e aproximadamente 60% das reservas mundiais, o que confere ao país uma posição de controle estratégico vital. Para contrapor essa dependência, diversos países têm buscado desenvolver fontes alternativas e parcerias para diversificar o abastecimento e reduzir a vulnerabilidade em um mercado tão crucial. Uma visão abrangente do cenário comercial asiático pode ser encontrada em relatórios de autoridades como a Reuters Asia.
Como uma das alternativas para diminuir essa dependência, o ex-presidente Donald Trump selou um acordo com o primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese. O convênio prevê um investimento de até US$ 8,5 bilhões (equivalente a R$ 45 bilhões) por parte dos Estados Unidos no processamento de terras raras na Austrália. Embora essa iniciativa represente um passo inicial na busca por fontes diversificadas, analistas de mercado avaliam que, no momento atual, o acordo não representa uma ameaça iminente à soberania chinesa no processamento desses minérios, dada a vasta infraestrutura e experiência que o país asiático já possui.
Esses importantes movimentos no xadrez geopolítico ocorrem às vésperas de um possível encontro bilateral entre o ex-presidente Trump e o mandatário chinês Xi Jinping. O diálogo esperado está agendado para ocorrer paralelamente à cúpula da APEC (Cooperação Econômica Ásia-Pacífico), que será sediada na Coreia do Sul. Os líderes, que estarão presentes no evento para tratar de temas econômicos regionais, devem aproveitar a ocasião para debater assuntos sensíveis, como tarifas comerciais e os recentes controles de exportação de terras raras, temas que têm dominado as agendas de negociação nos últimos meses e pautado a relação entre as duas nações.
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Este cenário complexo da economia chinesa, marcado pela desaceleração e pelas repercussões da guerra comercial, realça a importância das terras raras na estratégia global de poder. Acompanhe a editoria de Economia para se manter atualizado sobre como essas tensões continuam a moldar o futuro das relações comerciais internacionais e seus impactos diretos nos mercados e na indústria global. Acesse nossa seção de Economia e não perca nenhuma atualização sobre os acontecimentos que movimentam o mundo.
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