A Polícia Federal (PF) efetuou a prisão de um deputado estadual do Rio de Janeiro nesta quarta-feira (3), em uma extensa operação que visa desarticular uma rede criminosa ligada a facções do tráfico de drogas com atuação em nível nacional. O parlamentar é acusado de envolvimento direto com uma das maiores organizações criminosas do país. Ao todo, a ação resultou em 15 detenções, com o deputado sendo o principal alvo das investigações.
Os agentes federais se dirigiram inicialmente à Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), mais especificamente ao gabinete do deputado Thiego Raimundo dos Santos Silva, filiado ao Movimento Democrático Brasileiro (MDB). No local, foram cumpridos mandados de busca e apreensão. Simultaneamente, um mandado de prisão já estava emitido contra ele. No entanto, o parlamentar não foi encontrado em sua residência, uma mansão localizada na Barra da Tijuca. A captura de Thiego Raimundo dos Santos Silva aconteceu posteriormente, na casa de um amigo, situada em um condomínio de luxo, também no mesmo bairro. A acusação formal, apresentada pelo Ministério Público, aponta que o deputado operava para duas das mais proeminentes facções do tráfico do Rio: o Comando Vermelho e o Terceiro Comando Puro, este último considerado rival. Para entender melhor o contexto do combate ao crime organizado no estado, aprofundamos nos detalhes desta operação.
👉 Leia também: Guia completo de Noticia
A operação foi resultado de um esforço conjunto e coordenado, envolvendo a Polícia Federal, o Ministério Público Federal (MPF), o Ministério Público do Rio (MPRJ) e a Polícia Civil. Essas instituições atuaram em colaboração através da Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (FICCO), demonstrando a complexidade e a abrangência da investigação.
Acusações Graves e Mecanismos de Atuação
As investigações detalhadas revelaram um modus operandi complexo e perigoso por parte do parlamentar. De acordo com os levantamentos da Polícia Federal, o deputado dividia seu tempo entre as responsabilidades legislativas na Alerj e atividades ilícitas, incluindo a negociação de armamentos e substâncias entorpecentes para as quadrilhas.
Comércio Ilegal de Armas e Interferência Política
Um dos episódios mais flagrantes apontados pela PF data de 2024, quando Thiego Raimundo dos Santos Silva teria negociado a compra e venda de dois fuzis por um valor estimado em R$ 120 mil para os traficantes. Além da negociação de armas, o deputado também é suspeito de se envolver no contrabando de equipamentos cruciais para a defesa das quadrilhas contra a ação policial. Entre os materiais citados pelos investigadores estão dispositivos projetados para derrubar drones, que são utilizados pelas forças de segurança em operações de vigilância e combate ao crime.
A conduta do parlamentar contrasta fortemente com seu discurso público, onde defendia fervorosamente a pauta da segurança pública, o que o superintendente da Polícia Federal do Rio de Janeiro, Fábio Galvão, classificou como uma “ironia”.
“Por ironia, a bandeira dele era a defesa da segurança pública. Em contrapartida, ele a todo momento tentava, através do seu poder, fazer ingerências políticas para atender os objetivos da facção.”
A PF ainda sustenta que Thiego Raimundo dos Santos Silva se valia do poder conferido pelo seu mandato para beneficiar o Comando Vermelho. Um dos métodos utilizados para isso seria a nomeação de parentes de traficantes, especialmente mulheres, para cargos comissionados dentro da estrutura pública, facilitando a infiltração e influência das facções em setores do estado.
Outros Detidos na Operação e o Caso do Delegado Federal
A operação não se limitou à prisão do deputado. Outras 14 pessoas foram detidas, entre elas quatro policiais militares (PMs) e, surpreendentemente, um delegado federal: Gustavo Steel. A imagem da noiva do delegado exibindo uma aliança confeccionada pelo deputado, conhecido como “TH Joias” – um apelido que remete à sua outra atividade de criação de joias personalizadas, como colares e anéis –, gerou atenção.
Envolvimento do Delegado com Esquemas Ilegais
O delegado Gustavo Steel é alvo de suspeitas de corrupção, acusado de receber propinas em troca de vazamento de informações sigilosas de investigações da Polícia Federal. Essas informações, de acordo com as apurações, seriam repassadas tanto para traficantes quanto para o próprio deputado Thiego Raimundo dos Santos Silva. O esquema, entretanto, falhou na última quarta-feira (3), quando Steel foi preso pelos próprios colegas de profissão. A detenção ocorreu em um momento inesperado, enquanto ele dormia em seu plantão dentro da delegacia no Aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro.
Repercussão Política e Legal
O MDB, partido ao qual Thiego Raimundo dos Santos Silva era filiado, agiu prontamente. Após a divulgação da prisão, o partido informou que o deputado foi expulso de seus quadros, um procedimento padrão diante de acusações tão graves. Até o momento do fechamento desta notícia, o Jornal Nacional, que cobriu o caso, não obteve retorno da defesa do parlamentar. Da mesma forma, a defesa do delegado Gustavo Steel não foi contatada pela reportagem.
📌 Confira também: artigo especial sobre redatorprofissiona
As investigações prosseguem para desvendar todos os detalhes e ramificações da complexa rede criminosa envolvendo agentes públicos, forças de segurança e facções do tráfico de drogas, reafirmando o compromisso das autoridades no combate à corrupção e ao crime organizado.
Fonte: G1
Imagem: g1.globo.com
🔗 Links Úteis
Recursos externos recomendados
