A CVM (Comissão de Valores Mobiliários) tem avançado, de forma sigilosa, na apuração de uma denúncia de suposta manipulação no preço das ações da Ambipar (AMBP3). A empresa, atualmente em processo de recuperação judicial, vê seus papéis serem alvo de uma profunda análise da autarquia, conforme revelado por reportagem do jornal Folha de S. Paulo. A investigação busca esclarecer os movimentos que teriam impulsionado uma valorização superior a 800% nos ativos da companhia.
Os indícios de possíveis irregularidades já foram minuciosamente analisados pela Superintendência de Relações com o Mercado e Intermediários, órgão responsável pela fiscalização e regulamentação do mercado de capitais brasileiro. Atualmente, o caso foi encaminhado à Superintendência de Processos Sancionadores, uma instância superior dentro da CVM. Este departamento, segundo informações apuradas pelo periódico, já teria determinado a necessidade de aprofundar as averiguações e iniciar formalmente um inquérito administrativo, consolidando o compromisso da comissão em buscar a verdade por trás da alta atípica das ações.
CVM Intensifica Investigação Sobre Ações da Ambipar, Revela Jornal
O foco da investigação reside em compreender quais ações e agentes teriam causado a valorização expressiva das ações. No decorrer do processo investigatório, diversos profissionais do mercado financeiro, incluindo traders que atuam em corretoras e gestoras especializadas na compra e venda de papéis, já foram convocados e prestaram depoimento à CVM. Entre os nomes que surgem na apuração, figuram o Banco Master e os executivos Nelson Tanure e Tércio Borlenghi, todos negando veementemente qualquer ação conjunta ou participação em operações com o objetivo de inflacionar a cotação da Ambipar no mercado acionário.
A complexa rede de relações financeiras foi detalhada pela reportagem, evidenciando o entrelaçamento entre as partes. Em março de 2024, foi estabelecido o fundo Phoenix FIP, um veículo de investimento de propriedade de Nelson Tanure. A gestão deste fundo ficava a cargo da Trustee DTVM, que, por sua vez, pertencia ao mesmo conglomerado econômico do Banco Master. Pouco tempo depois, em abril do mesmo ano, este fundo foi o protagonista na arrematação da Emae (Empresa Metropolitana de Águas e Energia), marcando um evento significativo como a primeira privatização do governo de São Paulo sob a administração do governador Tarcísio de Freitas.
Para financiar a aquisição das ações da Emae, a Phoenix S.A., controlada pelo fundo Phoenix FIP, realizou a emissão de debêntures. Estes títulos de dívida foram subsequentemente subscritos por um fundo exclusivo vinculado ao Banco Master, o Master Capital FIM. Como estratégia de garantia para essas debêntures, foram oferecidas ações tanto da Emae quanto da Ambipar. É crucial notar que as ações da Ambipar dadas em garantia eram de posse de Tércio Borlenghi, então controlador da companhia, e do fundo Esna, cuja gestão era da Trustee, uma entidade igualmente conectada ao Banco Master. Além disso, a complexidade se aprofunda com Tércio Borlenghi e Nelson Tanure figurando como fiadores diretos das debêntures, reforçando o entrelaçamento das partes.
Os levantamentos da CVM, conforme noticiado pela Folha de S. Paulo, indicam que entre os meses de junho e agosto do mesmo ano, um movimento concentrado de compra de ações foi deflagrado nos papéis da Ambipar. Participaram desse processo o controlador da companhia, Tércio Borlenghi, em conjunto com o fundo Esna e outros dois fundos também gerenciados pela Trustee: o Kyra FIA e o Texas FIA. Esta série de aquisições de ações da Ambipar é apontada como a ação que teria “turbinado” o valor dos ativos, levando à expressiva alta superior a 800% investigada pela CVM, cuja atribuição fundamental é zelar pela integridade do mercado financeiro brasileiro. Para mais informações detalhadas sobre a atuação da CVM e suas regulamentações, clique aqui e acesse o site oficial da comissão.

Imagem: infomoney.com.br
A narrativa de alterações acionárias continuou em setembro, quando o fundo Ilha de Patmos FIM, mais um veículo de investimentos atrelado a Nelson Tanure, assumiu a posição de cotista do fundo Esna, substituindo o Banco Master nesse arranjo financeiro. Posteriormente, a totalidade das cotas do Esna que estavam em posse do fundo Ilha de Patmos foi integrada ao fundo Phoenix, que havia sido o responsável pela aquisição da Emae. Esses movimentos, com múltiplas partes interligadas por meio de fundos e empresas, estão sob o escrutínio da autarquia federal, que busca identificar padrões ou ações coordenadas que possam ter infringido as normas do mercado de capitais.
Além da investigação de manipulação de mercado, o site Seu Dinheiro reportou que a CVM também instaurou um processo sancionador distinto contra a Ambipar e seus administradores. Neste processo, são acusados Tércio Borlenghi Junior e mais quatro diretores da Ambipar. A acusação central refere-se à suposta infração de limites durante a recompra de ações da própria companhia, onde teriam ultrapassado o limite regulamentar de 10% das ações em circulação no mercado. Ambas as frentes de apuração sublinham a atenção da CVM sobre as práticas da Ambipar e seus administradores em relação à gestão de suas ações e compliance com o mercado.
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A notícia de hoje reforça a constante vigilância da CVM sobre a conduta das empresas listadas na bolsa de valores e a importância da transparência no mercado acionário. Casos como a investigação da Ambipar pela CVM são acompanhados de perto e têm o potencial de gerar impactos significativos tanto para a companhia quanto para o cenário regulatório financeiro brasileiro. Os próximos desdobramentos deste inquérito administrativo e do processo sancionador serão cruciais para a compreensão final das acusações e para o futuro da empresa. Mantenha-se informado sobre os desdobramentos da investigação e outros temas relevantes do cenário econômico. Para mais análises aprofundadas e notícias exclusivas do setor, continue acompanhando a editoria de Economia em nosso portal.
Crédito da imagem: Folha de S. Paulo
