Aprofundando uma preocupação já existente, a Crise na Segurança do Rio Afasta Investimentos e Afeta Economia, gerando reflexão entre empresários e especialistas antes de decidirem sobre novos aportes no estado fluminense. Incidentes recentes reforçam o desafio imposto pela violência persistente.
Embora os problemas de segurança pública na capital fluminense sejam um tema de longa data, seus efeitos são sentidos há muito tempo, e episódios como o ocorrido na última terça-feira, dia 28 de novembro, servem como catalisadores para investidores reavaliarem suas estratégias. Economistas apontam que a recorrência de crises desestabiliza a confiança necessária para o crescimento econômico sustentável. Neste dia específico, vias e avenidas da cidade foram bloqueadas por barricadas criminosas, culminando no fechamento de diversos comércios e universidades, evidenciando o caos na vida diária e nos negócios.
A percepção de risco foi um ponto crucial de discussão. A
Crise na Segurança do Rio Afasta Investimentos e Afeta Economia
se manifesta de forma evidente na tomada de decisão dos setores produtivos, segundo especialistas. As recentes ocorrências no território fluminense impulsionaram um debate acerca da urgência em promover mudanças estruturais na área da segurança pública, buscando retomar um ambiente mais favorável ao desenvolvimento.
O Cenário Econômico sob o Prisma da Segurança
O economista Arminio Fraga, em declaração ao jornal Valor, observou que a situação atual no Rio de Janeiro não é um fenômeno novo, e os efeitos das deficiências na segurança vêm sendo sentidos há muito tempo. No entanto, incidentes específicos levam investidores a ponderar suas decisões duas ou três vezes antes de concretizar novos negócios. Fraga enfatiza que, apesar de a segurança ser um problema complexo e com proporções que transcendem as fronteiras, afetando não apenas o Brasil, mas o continente, o Rio, por ser considerado um “cartão de visitas” do país, exige atenção particular. Ele sustenta que o problema tem solução se o Estado se organizar em uma ação estratégica e concertada, embora reconheça o desafio como “enorme” para o contexto brasileiro.
Uma perspectiva alinhada é a da pesquisadora Juliana Trece, da Fundação Getulio Vargas (FGV). Conforme Trece, que analisa estruturalmente a economia fluminense, as adversidades na segurança pública contribuem diretamente para afugentar capitais. Estudos liderados por ela indicam que, entre 1985 e 2022, o Rio registrou a menor taxa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) entre todas as unidades da federação, com uma expansão anual média de apenas 1,6% no período. O estado, ademais, sofreu um processo de desindustrialização aguda, mais intensa que a média nacional, e foi a única unidade federativa a experimentar retração no emprego formal entre 1985 e 2024. Trece ressalta que, embora a segurança não seja o único fator a explicar essa deterioração, sua influência é considerável, impactando também a logística com efeitos indiretos significativos para as empresas.
Setor Empresarial e as Demandas por Ação Conjunta
Diante do cenário crítico, a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) divulgou uma nota destacando a urgência de garantir um ambiente de paz. A entidade salientou que a segurança pública interfere diretamente no desenvolvimento de um território e na vida das pessoas que nele vivem. Pesquisas recentes conduzidas pela Firjan revelam que dois em cada três empresários fluminenses consideram questões de segurança ao planejar seus investimentos. A federação defende que, como o problema de insegurança é nacional, e não exclusivo do Rio de Janeiro, é fundamental uma integração e ações de inteligência entre os governos federal, estadual e municipais para enfrentar eficazmente o crime organizado.
Josier Vilar, presidente da Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ), corroborou a necessidade de uma atuação conjunta e articulada das autoridades. Para Vilar, uma crise como a observada recentemente é “muito ruim” para quem vive, trabalha ou almeja investir na região. Por essa razão, a ACRJ posicionou-se a favor da urgente avaliação e aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança pelo Congresso Nacional, bem como pela constitucionalização do Sistema Único de Segurança Pública (SUSP). Ele enfatiza a importância de as forças de segurança de municípios, estados e federal atuarem em conjunto e com dados e inteligência integrados para maximizar a eficácia.

Imagem: Aline Massuca via valor.globo.com
Impacto Direto no Turismo e Imagem do Rio
O setor hoteleiro também tenta mensurar as consequências dos recentes acontecimentos. Alfredo Lopes, presidente do HotéisRio, admitiu o “desgaste” para a imagem do Rio de Janeiro decorrente da megaoperação policial. Ele sugeriu que uma intervenção desse porte talvez pudesse ter sido implementada antes do início da alta temporada de verão. Contudo, Lopes reconheceu que as ações para aprimorar a segurança são necessárias e inadiáveis para o futuro do turismo na cidade.
Fábio Bentes, economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), manifestou uma avaliação semelhante quanto ao impacto no turismo fluminense. Ele indicou que a imagem negativa “levará um tempo” para ser dissipada na memória dos turistas internacionais. Essa repercussão pode representar uma perda significativa, considerando que o gasto médio de um visitante estrangeiro no Brasil é de cerca de US$ 1 mil por viagem. Bentes relembrou que o Brasil alcançava recordes na chegada de turistas estrangeiros este ano, com mais de 7 milhões contabilizados até setembro, visando ultrapassar a marca de 8 milhões de visitantes internacionais. A coincidência da operação policial às vésperas da alta temporada, que se inicia em dezembro, agrava ainda mais a situação.
Para um aprofundamento sobre o cenário macroeconômico brasileiro e as projeções futuras que inevitavelmente influenciam a decisão de investir em diferentes regiões do país, é possível consultar o portal de finanças do Valor Econômico.
Perspectivas e Soluções Estruturais
O professor Mauro Osório, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), compartilha da opinião de que a desestruturação pela qual o Rio de Janeiro passa há décadas tem um impacto detrimental na sua imagem e afasta investimentos. Ele descreve a situação como uma “catástrofe” e argumenta que o Rio não é, por acaso, uma das economias de menor crescimento no país. Osório conclui que a reestruturação do setor público fluminense é fundamental e que a mera “invasão de favelas” não será suficiente para resolver o problema de segurança de forma duradoura, ressaltando a necessidade de soluções mais abrangentes e estratégicas.
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A situação de segurança no Rio de Janeiro é um complexo desafio com implicações econômicas profundas, afetando diretamente a atração de investimentos e o setor turístico. As diversas análises convergem para a urgência de uma ação coordenada e estratégica do poder público para restaurar a confiança e permitir que o estado desenvolva todo o seu potencial. Para continuar explorando análises detalhadas sobre as perspectivas financeiras e os desafios econômicos enfrentados pelo Brasil, incluindo os fatores que influenciam o Produto Interno Bruto e a criação de empregos em diferentes estados, confira nossa seção dedicada à Economia.
Crédito da imagem: Divulgação


 
						
