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Crise na Gestão Theatro Municipal: Ideologia Pauta Desligamento

A crise envolvendo a Gestão Theatro Municipal de São Paulo atinge um novo patamar com a decisão do prefeito Ricardo Nunes, do MDB, de solicitar a rescisão do contrato com a organização social Sustenidos, responsável pela administração do palco paulistano. O pedido, formalizado na última sexta-feira, dia 24 de maio de 2024, revela uma profunda […]

A crise envolvendo a Gestão Theatro Municipal de São Paulo atinge um novo patamar com a decisão do prefeito Ricardo Nunes, do MDB, de solicitar a rescisão do contrato com a organização social Sustenidos, responsável pela administração do palco paulistano. O pedido, formalizado na última sexta-feira, dia 24 de maio de 2024, revela uma profunda polarização ideológica que tem marcado a atuação da instituição cultural nos últimos quatro anos, levantando questões sobre os rumos da arte e da cultura na capital.

De um lado, a Sustenidos foi acusada de orientar sua direção artística por pautas associadas à esquerda, buscando promover maior diversidade e desconstrução em óperas, música clássica e dança contemporânea. De outro, vereadores de inclinação conservadora, apoiadores de Nunes, expressaram forte oposição à gestora, alegando a ocorrência de doutrinação ideológica no interior do teatro. Há também um terceiro grupo composto por artistas e profissionais da música clássica, que se posicionaram contrários à organização social, manifestando insatisfação com a direção artística e as condições de trabalho dos corpos estáveis da casa.

Crise na Gestão Theatro Municipal: Ideologia Pauta Desligamento

Em declarações sobre o tema, o prefeito Ricardo Nunes admitiu uma falha na administração municipal por não ter encerrado o contrato da Sustenidos em 2023, ano em que o Tribunal de Contas do Município (TCM) já havia determinado a abertura de um novo edital de chamamento público, algo que nunca foi implementado. Segundo Nunes, o TCM, por meio do relator conselheiro Domingos Dissei, apontou aspectos que levaram à aplicação de multas à administração, como o não cumprimento de metas de produção e de economicidade. “Nesse período, eu duvido que você me fale algo que o Municipal fez que tenha chamado a sua atenção. Não conseguiram trazer para a cidade um protagonismo digno de um investimento de R$ 160 milhões por ano”, afirmou o prefeito, reforçando sua crítica à performance da gestora.

O estopim para a decisão de romper o contrato, de acordo com o prefeito, foi um episódio envolvendo Pedro Guida, diretor de elenco do Municipal, que republicou um vídeo em redes sociais comemorando o assassinato do influenciador trumpista Charles Kirk, sugerindo que Kirk era nazista. A Fundação Theatro Municipal solicitou a demissão de Guida à Sustenidos, mas o pedido não foi atendido, o que gerou reação de figuras como o deputado federal Nikolas Ferreira (PL). Procurado para comentar o ocorrido, Pedro Guida não respondeu à reportagem.

Posição da Sustenidos e o Pano de Fundo Ideológico

Desde 2021, Alessandra Costa e Andrea Caruso Saturnino, diretoras da Sustenidos, têm evitado entrevistas. Em resposta aos fatos recentes, elas divulgaram uma nota, onde informam que o profissional foi afastado, embora a decisão de demissão não tenha podido ocorrer na mesma velocidade que o desdobramento da história nas redes sociais. A nota destaca que a postagem não foi feita nas contas oficiais do Municipal ou em nome da Sustenidos, e reafirma o apartidarismo da organização, citando iniciativas como o programa Municipal Circula e turnês do balé. A gestora analisa medidas administrativas e judiciais para tentar manter o contrato, possuindo um prazo de 15 dias para recorrer. Uma assembleia-geral com todos os artistas da instituição foi agendada para a próxima quarta-feira. A organização também se defendeu em relação ao TCM, alegando que o questionamento se dirige à prefeitura e não à lisura de sua própria conduta, e que a contestação veio de uma organização concorrente que perdeu a licitação para gerir o teatro. É possível que, caso a rescisão seja efetivada, seja necessário um contrato emergencial para manter as atividades do teatro enquanto um novo processo licitatório é concluído, cuja versão preliminar do edital já se encontra em consulta pública.

Contudo, a questão do funcionário Guida parece servir de pretexto para uma disputa ideológica mais profunda que há tempos paira sobre a **Gestão Theatro Municipal**. Vereadores conservadores, descontentes com a visão cultural da Sustenidos, apresentaram a publicação de Guida ao prefeito. O vereador Adrilles Jorge (União Brasil) afirmou que a Sustenidos estaria em um “crescimento de sua ideologização da arte”, transformando o Municipal em “palco de propaganda política ideológica”. Ele informou ter contatado o prefeito Nunes e articulado o apoio da maioria na Câmara Municipal antes de protocolar um ofício solicitando a rescisão do contrato.

Controvérsias e Curadoria Artística Questionada

A gestão da Sustenidos foi marcada por montagens artísticas consideradas polêmicas. Um exemplo recente foi a encenação de “Don Giovanni”, de Mozart, com direção de Hugo Possolo, onde recitativos originais foram substituídos por diálogos em português contendo críticas políticas, como “respeita as mina”, “sem anistia” e comentários contra o agronegócio, elementos ausentes no libreto original. Há dois anos, “O Guarani”, de Carlos Gomes, também teve uma montagem de forte cunho militante, sob direção de Cibele Forjaz, que incluiu a participação de indígenas e faixas de protesto pela demarcação de terras, além do corte do balé. Em 2022, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) subiu ao palco na ópera “Café”, de Felipe Senna. Já em agosto do ano anterior, o espetáculo “Réquiem” do Balé da Cidade de São Paulo foi alvo de acusações de satanismo durante o Festival de Joinville. A vereadora Sonaira Fernandes (PL), uma das líderes do movimento contra a Sustenidos, corroborou as críticas, acusando a organização de promover “cultura de extrema esquerda” e questionou a demora na demissão de Guida, apesar de admitir que não acompanha a temporada lírica do Municipal.

Em contrapartida, a vereadora Luana Alves (PSOL) refutou as acusações de ideologização e defendeu a não demissão de Guida, qualificando a ação do prefeito como a de “um bolsonarista mais do que nunca” e um “ideológico de extrema direita que prioriza direitos desses grupos”, alertando para um “perigo jurídico” caso a demissão imediata ocorresse. Você pode entender mais sobre as diretrizes e diversidade cultural no Brasil visitando o portal oficial da Secretaria da Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo.

Insatisfação Interna e o Futuro da Gestão

Para além das questões ideológicas externas, a Sustenidos também enfrentou insatisfação por parte dos próprios artistas da casa e do público aficionado por lírica. Muitos entendem que, embora a encenação de obras clássicas não seja estanque, há uma tendência de respeitar os fundamentos da obra e o período de sua concepção. Para boa parte dos amantes do gênero, a abordagem da Sustenidos descaracterizou as obras montadas, tornando a programação excessivamente divisiva. Funcionários do Municipal, que optaram pelo anonimato, afirmam que a Sustenidos trouxe um peso ideológico exagerado, comprometendo obras canônicas. Também foram reportadas queixas sobre a seleção de elenco, com a escalação de cantores considerados despreparados e de diretores sem experiência prévia em óperas.

Os conflitos internos com os corpos artísticos foram recorrentes. No início deste ano, a orquestra moveu uma ação na Justiça do Trabalho contra o novo edital para contratação de músicos, alegando que ele ignorava o regimento interno. Em 2023, o balé denunciou sucateamento, e o coro temeu demissões após a gestora anunciar uma audição interna para reavaliar a qualificação dos cantores. Toda essa complexa conjuntura da **Gestão Theatro Municipal** retoma um antigo debate sobre qual seria o modelo ideal de gestão para um teatro lírico de tal envergadura. Curiosamente, figuras politicamente opostas como Adrilles Jorge, da direita, e Luana Alves, da esquerda, convergiram ao expressar preferência pela gestão direta do poder público para o Theatro Municipal.

Confira também: artigo especial sobre redatorprofissional

A atual situação do Theatro Municipal de São Paulo, marcada por intensas disputas ideológicas e questões contratuais, exige uma reflexão aprofundada sobre o equilíbrio entre inovação artística, respeito ao patrimônio cultural e eficiência administrativa. O futuro da **Gestão Theatro Municipal** permanece incerto, dependendo das ações judiciais e dos próximos passos do poder público. Para continuar acompanhando os desdobramentos dessa e de outras notícias relevantes sobre a capital paulista, convidamos você a explorar a nossa editoria de Cidades.

Crédito da imagem: Adriano Vizoni/Folhapress

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