Crédito e Diversificação: Chaves para Volatilidade, aponta Lumina

Economia

Em um cenário de incertezas crescentes nos mercados, crédito e diversificação emergem como ferramentas cruciais para o investidor, conforme análise de Fernando Chican, sócio-fundador da Lumina Capital. Ele destaca a existência de oportunidades significativas no panorama atual, com foco especial no setor de crédito e em ativos alternativos. Para Chican, o sucesso depende fundamentalmente da atenção constante à relação intrínseca entre risco e retorno.

A gestão eficaz do capital exige que o investidor avalie criteriosamente se a compensação pelo risco assumido em cada categoria de ativo é adequada. O especialista aponta que diversos produtos financeiros que oferecem isenção de imposto, como os investimentos incentivados, têm apresentado uma remuneração comprimida, demandando uma análise ainda mais detalhada antes de qualquer decisão.

Crédito e Diversificação: Chaves para Volatilidade, aponta Lumina

A volatilidade crescente no ambiente macroeconômico, impulsionada por incertezas fiscais e políticas, configura um desafio relevante para os investidores brasileiros, segundo Chican. Ele ressalta a importância de manter uma postura disciplinada e uma visão estratégica de longo prazo diante desses movimentos. Períodos eleitorais e alterações regulatórias são citados como gatilhos para especulações que, frequentemente, induzem a decisões apressadas e subótimas.

Neste contexto, uma alocação de capital bem estruturada, projetada para horizontes temporais de 5, 10 ou 20 anos, mostra-se essencial, em vez de focar apenas nos próximos 6 ou 12 meses. Essa perspectiva de longo prazo permite navegar com maior segurança pelos altos e baixos do mercado.

Lumina Capital: Trajetória, Estratégia e Crescimento

Fundada há aproximadamente quatro anos, a Lumina Investimentos já acumula cerca de US$ 2,5 bilhões sob gestão, evidenciando seu rápido e consistente crescimento. A gestora se destacou na primeira edição da Premiação Outliers InfoMoney, sendo reconhecida como “Gestora Revelação”, uma categoria que celebra os novos expoentes do setor de investimentos no país. A cerimônia, que contou com 16 categorias, evidenciou a capacidade da Lumina de inovar e performar em um mercado competitivo.

Daniel Goldberg, CEO e um dos fundadores da Lumina Capital, trouxe sua vasta experiência de 11 anos como líder de investimentos em um hedge fund americano na América Latina, onde também era sócio global e membro do comitê de investimentos. Em 2021, Goldberg idealizou uma gestora com filosofia de investimentos semelhante, mas com maior liberdade para perseguir oportunidades “excepcionais”, que muitas vezes fogem ao escopo de fundos com dezenas de bilhões de dólares. Chican, junto a outros sócios, uniu-se a Goldberg nesse empreendimento, que hoje possui uma equipe experiente e multidisciplinar, investindo globalmente, abrangendo Brasil, América Latina e outras regiões.

A abordagem de investimento da Lumina é singular, baseada em uma única estratégia e um fundo principal. O objetivo central é proporcionar aos investidores retornos ajustados ao risco, com um foco particular em retornos descorrelacionados do movimento geral do mercado, buscando resiliência e estabilidade em carteiras diversas.

A gestora atua em três frentes principais de investimento: soluções de capital, títulos deslocados e claims. As soluções de capital apoiam companhias em transformações estratégicas como aquisições e expansões, ou em momentos de liquidez desafiadora, oferecendo estruturas financeiras que nem sempre estão disponíveis nos mercados bancários ou de capitais tradicionais.

Na frente de títulos deslocados, a Lumina intervém quando ativos de dívida ou ações são negociados a preços abaixo de seu valor real, fornecendo liquidez em situações de ineficiência de mercado, seja ela ampla ou específica de uma empresa. Por fim, os claims consistem na aquisição de direitos que se converterão em caixa futuro, como precatórios, litígios, royalties ou direitos autorais, desde que possuam valor estimável e riscos gerenciáveis.

Um dos maiores diferenciais da Lumina Capital é seu perfil de capital paciente, com fundos de duração de até 10 anos. Essa característica permite investir sem a pressão de resgates constantes ou de marcações diárias de cota, proporcionando uma flexibilidade essencial. Além disso, o mandato de investimento é abrangente, englobando ações, dívida, debêntures e estruturas híbridas, o que possibilita a criação de soluções sob medida, gerando retornos superiores em relação ao risco assumido.

Ambições e Governança da Lumina Capital

Fernando Chican reitera que a Lumina Capital não possui ambições de criar novos produtos ou expandir verticalmente. A convicção é que a atual estratégia de unificar um vasto capital em um único fundo para perseguir as melhores oportunidades a cada momento é a mais eficaz para gerar retornos consistentes. A gestora busca continuamente identificar nichos e subestratégias dentro de sua metodologia global, sempre atenta às melhores geografias e setores, seja na América Latina ou fora dela. O fortalecimento contínuo da equipe com profissionais multidisciplinares – incluindo advogados e especialistas – visa ampliar a capacidade de transitar por diversos setores e capturar oportunidades.

Crédito e Diversificação: Chaves para Volatilidade, aponta Lumina - Imagem do artigo original

Imagem: infomoney.com.br

A governança dos investimentos na Lumina Capital é caracterizada por um processo rigoroso e ritos bem definidos. Cada transação é inicialmente desenvolvida por um sócio e sua equipe, que posteriormente submetem o projeto à aprovação do comitê de investimentos. Este comitê, composto por quatro sócios, realiza reuniões com, no mínimo, dois dias de antecedência, onde a equipe apresenta um memorando detalhado, frequentemente com 50 a 100 páginas. O documento cobre a tese de investimento, riscos, estratégias de mitigação, projeções e diferentes cenários.

Para que um investimento seja aprovado, é necessário o aval da maioria do comitê e do Chief Investment Officer (CIO). Os debates podem ser intensos e demandar reuniões complementares até se alcançar uma decisão final. Além da robusta análise econômica, há um foco preponderante nos aspectos jurídicos e de estruturação, elementos que garantem a boa governança de cada investimento. A própria governança das companhias que recebem investimento é um ponto crucial, sendo preferível não investir se a convicção sobre seus processos e tomada de decisão não for sólida. A InfoMoney publicou um guia sobre diversificação de investimentos, que também reforça a importância dessas estratégias para o mercado atual.

Conselhos para o Investidor em Cenários Voláteis

Em relação às oportunidades atuais para o investidor, Fernando Chican esclarece que a Lumina Capital não opera com fundos de captação contínua, utilizando um modelo de levantamento de fundo, investimento e, somente após o ciclo, a abertura de um novo. Atualmente, a gestora está alocando recursos de seu segundo fundo, e a possibilidade de um terceiro fundo para a região da América Latina está no horizonte.

Um ponto vital que Chican salienta para os investidores é a necessidade de observar se estão sendo devidamente recompensados pelo risco assumido em suas aplicações. Ele alerta, por exemplo, sobre o fluxo expressivo de capital para ativos incentivados, que, apesar do benefício fiscal, por vezes não oferecem retornos compatíveis com o risco intrínseco. Recomenda-se cautela para evitar aplicações que aparentam segurança, mas remuneram pouco o risco existente.

O setor de crédito no Brasil continua a oferecer oportunidades promissoras, desde que os investimentos sejam feitos através de gestores com experiência comprovada e cujos incentivos estejam alinhados aos interesses dos cotistas. Adicionalmente, Chican reforça a imperativa diversificação não apenas entre classes de ativos, mas também geograficamente, combatendo a tendência dos investidores brasileiros de concentrar excessivamente o capital no próprio país. Olhar para além das fronteiras pode revelar interessantes avenidas de crescimento.

Quanto aos pontos de atenção em um cenário macroeconômico de juros, inflação e eleições, Chican explica que, embora a Lumina não se classifique como investidora macro, ela se mantém vigilante, pois o ambiente econômico e regulatório impacta diretamente os setores em que atua. Ele prevê um período de volatilidade intensificada por questões eleitorais, um movimento natural do mercado que reage às expectativas dos candidatos. A principal recomendação é que o investidor não se deixe levar por essa volatilidade, evitando ser pró-cíclico (comprar na alta e vender na baixa), mas sim mantendo uma visão de longo prazo para as decisões de investimento. Horizontes de 5, 10 ou 20 anos devem guiar as escolhas, superando as visões de curto prazo.

É nestes momentos turbulentos que a disciplina e a diversificação revelam sua maior importância. Uma carteira bem diversificada em diferentes classes de ativos e regiões é considerada essencial. Chican conclui que, dado os relevantes desafios fiscais do Brasil, concentrar todo o capital de investimento no país pode não ser a decisão mais acertada para a maioria dos investidores.

Confira também: crédito imobiliário

Este panorama oferecido pela Lumina Capital enfatiza a importância de estratégias robustas em períodos de alta volatilidade. Para continuar a aprofundar seu conhecimento em finanças e o panorama econômico do Brasil e do mundo, convidamos você a explorar outras matérias na nossa editoria de Economia.

Crédito da imagem: Publicidade

Deixe um comentário