TÍTULO: Copom: BC vê Selic em 15% suficiente para meta de inflação
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META DESCRIÇÃO: A ata do Copom revela maior convicção do Banco Central sobre a Selic de 15% ao ano ser suficiente para convergência da inflação à meta. Entenda a análise.
A mais recente ata do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, divulgada na manhã da última reunião, sinaliza uma mudança de postura significativa. O colegiado expressou uma maior convicção de que a atual taxa básica de juros, a Selic, estabelecida em 15% ao ano, é um patamar adequado para garantir a convergência da inflação rumo à meta estabelecida.
No documento que detalha a deliberação de manter a taxa de juros inalterada na semana anterior, o Copom reafirmou sua estratégia de prosseguir com a manutenção dos juros em nível elevado por um período consideravelmente estendido. No entanto, o elemento-chave é o aprofundamento da convicção interna de que o cenário está se desenvolvendo conforme o planejado e que a política monetária atual possui a força necessária para atingir os objetivos de controle inflacionário.
Copom: BC vê Selic em 15% suficiente para meta de inflação
Essa alteração de tom na ata, em comparação com o comunicado anterior, merece destaque. Anteriormente, o Copom havia mencionado que, após um intenso ciclo de elevações de juros, o Comitê havia optado por pausar o processo para avaliar os efeitos acumulados das medidas. Agora, o novo estágio é marcado por uma posição mais segura, indicando que a estratégia de estabilizar a Selic e monitorar seu impacto por um “período bastante prolongado” é percebida como um caminho robusto para a aproximação da inflação à meta desejada.
Discutindo a Política Monetária: Mudanças na Avaliação de Riscos
Um ponto notável na nova ata é a completa supressão do parágrafo 19 presente na ata de setembro. Esse parágrafo fazia referência ao acompanhamento das tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos ao Brasil e à influência dos desdobramentos da política fiscal doméstica sobre a política monetária e os ativos financeiros, reforçando uma postura de cautela em um ambiente de incerteza elevada. A exclusão deste trecho pode sugerir uma recalibração na percepção dos riscos externos e domésticos que impactam diretamente a condução da política monetária, ou um foco maior na avaliação de fatores macroeconômicos internos. O Banco Central do Brasil tem a missão institucional de assegurar a estabilidade do poder de compra da moeda e a solidez do sistema financeiro, e o Copom é o principal instrumento para tal através da definição da taxa Selic, conforme suas normas e comunicações.
O documento reiterou que o panorama macroeconômico permanece desafiador, com as expectativas inflacionárias ainda desancoradas e em patamares elevados. A atividade econômica demonstra resiliência e o mercado de trabalho continua aquecido. Diante deste cenário, o Copom enfatizou que, para garantir a convergência da inflação para a meta em um ambiente onde as expectativas não estão plenamente alinhadas, é indispensável a manutenção de uma política monetária significativamente contracionista por um tempo consideravelmente prolongado.
Dinâmica da Inflação: Leitura Mais Benigna e Fatores de Moderação
Em contraste com as previsões do início do ano, as mais recentes leituras inflacionárias têm apontado para uma dinâmica mais benigna, o que foi um fator de contribuição para a maior convicção do Copom. A combinação de um câmbio mais valorizado e um comportamento mais favorável nos preços das commodities internacionais foram fatores que influenciaram a desaceleração da inflação tanto nos bens industrializados quanto nos alimentos.
Além disso, a ata ressaltou um certo arrefecimento na inflação de serviços. Apesar de o setor ainda mostrar alguma resiliência, atribuída principalmente ao dinamismo do mercado de trabalho e à moderação gradual da atividade econômica, há indicações de um abrandamento. Mesmo assim, a interpretação predominante do colegiado é que a inflação continua sob pressão da demanda agregada, o que exige, inequivocamente, a continuidade de uma política monetária restritiva por um horizonte temporal dilatado.
Expectativas de Inflação e Impacto Fiscal
Um aspecto positivo evidenciado na ata é o movimento mais claro de queda das expectativas inflacionárias em horizontes de tempo mais longos, ou seja, para períodos que transcendem o horizonte relevante para a política monetária, atualmente definido como o segundo trimestre de 2027. O “horizonte relevante” é crucial pois representa o período em que as ações de política monetária exercem sua maior influência nos preços.

Imagem: valor.globo.com
No entanto, o Copom observou que essa diminuição das expectativas ainda está mais concentrada nos horizontes de prazo mais curtos. Além disso, mesmo com a trajetória de queda, as expectativas de inflação persistem acima do nível da meta. Esta condição reforça a necessidade de uma abordagem vigilante e rigorosa por parte da autoridade monetária.
A ata também informou que o Copom optou por incorporar, de maneira preliminar, uma estimativa do impacto da recente medida de ampliação da isenção do Imposto de Renda em suas projeções de inflação. O Comitê, no entanto, ressalta a incerteza intrínseca a essa estimativa e afirma que seguirá acompanhando a evolução dos dados para realizar ajustes finos sobre os impactos. Essa postura conservadora e dependente de dados é alinhada com observações recentes de outras medidas, tanto fiscais quanto creditícias, que, apesar das projeções iniciais de possíveis desvios do cenário delineado, não causaram divergências significativas em relação às expectativas.
Atividade Econômica Doméstica: Moderação e Heterogeneidade
Em relação à atividade econômica doméstica, o Banco Central destacou na ata que a trajetória de moderação no crescimento se manteve. Esse cenário corrobora a avaliação de que o quadro econômico traçado pelo Comitê tem, até o presente momento, se concretizado. Os indicadores mais recentes, em geral, confirmam a continuação de uma redução gradual do crescimento. O Copom também reconhece que, em momentos de inflexão no ciclo econômico, é comum observar sinais mistos dos indicadores ou variações entre as expectativas e as divulgações reais.
A moderação observada, juntamente com a heterogeneidade nas trajetórias de crescimento entre diferentes setores e mercados, é considerada compatível com a política monetária em vigor. Os membros do Copom apontam que os setores mais sensíveis às condições financeiras têm experimentado uma desaceleração mais pronunciada. Por outro lado, mercados mais impactados pela renda e menos influenciados pelas condições financeiras, como o mercado de trabalho, apresentam maior resiliência. O mercado de crédito, por exemplo, continua a exibir uma desaceleração mais nítida, o que está em linha com os objetivos da política monetária implementada, enquanto o mercado de trabalho, em contraponto, permanece resiliente. Mais uma vez, o comitê reitera que o arrefecimento da demanda agregada é um elemento fundamental para o reequilíbrio entre oferta e demanda na economia e, consequentemente, para a convergência da inflação à meta.
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A ata do Copom reforça a linha dura do Banco Central para conter a inflação, mesmo com a atual Selic em 15% ao ano. Acompanhe a nossa editoria de Economia para mais análises aprofundadas sobre política monetária e seus impactos no cenário brasileiro.
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