A Justiça proferiu uma sentença pesada para os responsáveis pela morte da artista venezuelana Julieta Hernández Martínez, assassinada em dezembro de 2023, na cidade de Presidente Figueiredo, no Amazonas. O casal Deliomara dos Anjos Santos e Thiago Agles da Silva foi condenado a penas significativas por latrocínio e ocultação de cadáver, um desfecho que põe um ponto final judicial em um caso que gerou grande repercussão nacional e internacional.
De acordo com a decisão judicial, Thiago Agles da Silva recebeu a maior condenação, totalizando 41 anos e três meses de reclusão. Deste total, 40 anos são atribuídos ao crime de latrocínio – roubo seguido de morte – e um ano e três meses à ocultação do corpo da vítima. Já Deliomara dos Anjos Santos foi condenada a 37 anos, 11 meses e 10 dias de prisão, com a maior parte de sua pena, 36 anos, 11 meses e 10 dias, correspondendo ao latrocínio, e um ano pela ocultação de cadáver. Os réus permanecerão detidos preventivamente enquanto aguardam que a sentença judicial se torne definitiva. Além das penas de prisão, eles também serão obrigados a pagar uma multa, cujo valor será posteriormente determinado e revertido ao Fundo Penitenciário Nacional.
Condenação Caso Julieta: Casal Recebe Penas de 41 e 37 Anos
A investigação do caso, no entanto, enfrentou desafios para comprovar outros crimes. O Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM) informou que não foi possível condenar os réus pelo crime de estupro devido à inconclusividade dos laudos periciais e à falta de provas testemunhais contundentes que pudessem sustentar tal acusação. Conforme divulgado por portais jurídicos especializados, como o Conjur (Consultor Jurídico), a falta de evidências claras é um impedimento frequente em casos complexos, conforme discutido amplamente em publicações sobre o sistema judiciário brasileiro. Adicionalmente, apesar das manifestações e apelos da família de Julieta Hernández e de diversas entidades, o caso não foi classificado nem julgado como feminicídio.
Desde o início das diligências, a família da artista expressou críticas contundentes à forma como as investigações foram conduzidas pela polícia. O processo judicial não menciona os nomes dos advogados de defesa do casal. Nossa equipe tentou contato com os defensores para comentários, porém, sem sucesso até o momento da publicação, mantendo o espaço aberto para quaisquer futuras declarações.
O Desaparecimento da Artista Circense e o Início da Investigação
Julieta Hernández Martínez, conhecida por seu trabalho como artista circense e por suas cicloviagens, estava em uma jornada de bicicleta do Brasil para a Venezuela, com destino à cidade de Puerto Ordaz, onde reside sua mãe, quando foi brutalmente assassinada. Seu desaparecimento foi oficialmente registrado em 4 de janeiro, após dias de silêncio e nenhuma notícia, gerando preocupação entre amigos e familiares. As últimas informações que eles possuíam indicavam que Julieta havia se hospedado em uma pousada com condições precárias em Presidente Figueiredo, no estado do Amazonas. O desvendamento do crime teve como peça-chave o quadro da bicicleta da venezuelana. O item foi localizado por um morador da região, que imediatamente acionou a Guarda Municipal. Ao chegar ao local, as autoridades confrontaram Thiago Agles da Silva, que tentou evadir-se, sendo contido e levado à delegacia junto com sua esposa para prestar depoimento, culminando em suas prisões.
Detalhes Chocantes da Dinâmica do Crime Revelada pela Polícia
As investigações policiais detalharam a terrível sequência de eventos que levou à morte de Julieta Hernández. A artista era a única hóspede da pousada, um estabelecimento simples que frequentemente abrigava pessoas em trânsito pela BR 174, rodovia que conecta Manaus a Boa Vista. A pousada está localizada em uma área próxima a um balneário fluvial, utilizada para banhos de rio. Thiago e Deliomara residiam de favor no local, em um imóvel improvisado no mesmo terreno. Segundo a reconstituição dos fatos pela polícia, o ataque contra Julieta teria ocorrido enquanto ela dormia em uma rede na varanda da pousada.

Imagem: noticias.uol.com.br
Julieta teria tentado se hospedar em outros locais da região, mas todos estavam com a capacidade esgotada, o que a levou a buscar abrigo na pousada improvisada onde encontrou sua morte. O plano inicial do ataque era o roubo do celular de Julieta. No entanto, o cenário rapidamente escalou. A vítima foi arrastada para a cozinha e, segundo os depoimentos dos próprios suspeitos, sofreu estupro. Thiago teria ameaçado a mulher com uma faca. Durante a agressão sexual, a esposa de Thiago, Deliomara, teria demonstrado ciúmes. Este sentimento, segundo a investigação policial, levou Deliomara a tentar atear fogo tanto na vítima quanto em seu marido.
Os depoimentos do casal apresentam algumas divergências em pontos específicos, mas ambos confirmam a ocorrência do estupro e a tentativa de incêndio. Após o ato, o homem apagou as chamas, e o casal então enterrou o corpo de Julieta no quintal da propriedade, em uma tentativa de ocultar o crime. Posteriormente, roupas e o violão da artista foram encontrados em posse dos suspeitos, itens que serviram como evidências adicionais no processo judicial.
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O caso da morte de Julieta Hernández Martínez em Presidente Figueiredo trouxe à tona questões cruéis sobre a segurança de viajantes e a violência. A condenação do casal Thiago Agles da Silva e Deliomara dos Anjos Santos a penas substanciais por latrocínio e ocultação de cadáver marca uma etapa final do processo jurídico. Se você testemunhar ou for vítima de qualquer forma de violência, é fundamental denunciar. Para denúncias de agressão contra mulheres ou casos de violência doméstica, ligue para 190 ou utilize os canais 180 (Central de Atendimento à Mulher) e Disque 100. Essas plataformas apuram violações de direitos humanos e oferecem suporte essencial. Continue acompanhando nossas reportagens para mais análises e informações sobre importantes decisões judiciais e temas relevantes em nossa editoria de Cidades.
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