Comando Vermelho na PB monitorava polícia por câmeras

Uma recente operação policial expôs o método sofisticado com que o Comando Vermelho na Paraíba realizava o monitoramento de policiais e de diversas forças de segurança. Utilizando um complexo sistema de câmeras instaladas em pontos estratégicos da cidade de Cabedelo, localizada no Litoral do estado, o chefe da facção, conhecido como Fatoka, e outros integrantes do grupo criminoso acompanhavam as ações das autoridades em tempo real, inclusive de forma remota, para antecipar eventuais investidas contra os seus negócios ilegais.

Conforme informações confirmadas pela Polícia Civil, as investigações detalharam que esses dispositivos de vigilância eram instalados em locais como postes, árvores e até mesmo em residências de moradores de Cabedelo. Nesses casos, a polícia informou que os habitantes eram constrangidos a permitir a instalação do equipamento em suas propriedades, muitas vezes contra sua própria vontade, revelando o poder de coerção exercido pela facção criminosa.

Comando Vermelho na PB monitorava polícia por câmeras

A finalidade primordial desse esquema de vigilância do Comando Vermelho na Paraíba era monitorar e prever movimentos da polícia em áreas onde integrantes da organização criminosa poderiam estar envolvidos na execução de crimes. A análise das informações coletadas pelas câmeras permitia que Fatoka e seus associados, com acesso remoto direto do Rio de Janeiro, emitissem alertas antecipados aos indivíduos na Paraíba, garantindo que fossem avisados sobre operações iminentes. Além da segurança interna, a estrutura também servia para observar ações de grupos criminosos rivais, antecipando quaisquer incidentes que pudessem comprometer os interesses da organização.

Modus Operandi da Vigilância Criminosa

A Polícia Civil elucidou que o acesso ao sistema de monitoramento não se restringia à liderança local. Fatoka, apontado como o chefe do Comando Vermelho na Paraíba, e outros membros influentes do grupo tinham controle remoto sobre as câmeras, operando-as até mesmo do Rio de Janeiro. Esta capacidade de monitoramento à distância proporcionava uma vantagem significativa para a facção, permitindo que evitassem confrontos diretos com as forças de segurança ou que evacuassem áreas antes da chegada das autoridades. As câmeras, embora retiradas em diversas ocasiões pela polícia, eram frequentemente reinstaladas pelos criminosos, demonstrando a persistência do esquema.

Operação Policial Asfixia e Desdobramentos

Recentemente, na terça-feira, dia 30, uma expressiva ação de combate ao Comando Vermelho na Paraíba resultou na detenção de 24 indivíduos e no bloqueio de ativos que somam aproximadamente R$ 125 milhões pertencentes à facção criminosa. Esta operação evidenciou a robustez da organização no estado, com ramificações notáveis em cidades como Cabedelo, Campina Grande e Bayeux. A Polícia Civil também apontou que a facção representa uma cisão da “OKD”, outra organização criminosa conhecida na região, cujos líderes foram cooptados pelo Comando Vermelho para expandir sua atuação na Paraíba.

A Trajetória de “Fatoka”: Fugitivo e Investigações Adicionais

O líder da organização criminosa, “Fatoka”, atualmente figura como um dos foragidos, conforme indicado pela polícia, encontrando-se supostamente no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro. Seu histórico revela um passado de escapadas audaciosas: ele participou de uma fuga em massa da Penitenciária de Segurança Máxima Doutor Romeu Gonçalves de Abrantes (PB1), em 2018. Na ocasião, Fatoka estava entre os 92 presos que conseguiram evadir-se em uma rebelião planejada, que incluiu a utilização de explosivos para romper o portão principal do presídio.

Imagem: g1.globo.com

Meses após a fuga, Fatoka foi recapturado em Alagoas. Contudo, em uma reviravolta judicial, obteve relaxamento do cumprimento da pena e foi liberado mediante o uso de tornozeleira eletrônica. Posteriormente, o suspeito rompeu o equipamento de monitoramento, voltando à clandestinidade. As autoridades federais, com o suporte do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco-PB), também o investigam por suspeita de interferência em eleições, indicando pessoas para cargos públicos, o que ressalta a amplitude de sua atuação criminosa.

Luta Contra o Crime Organizado

O constante enfrentamento das forças de segurança contra grupos como o Comando Vermelho na Paraíba demonstra a complexidade da segurança pública no Brasil. A vigilância remota utilizada pela facção e a sua capacidade de infiltração evidenciam a necessidade de estratégias cada vez mais sofisticadas por parte do Estado para coibir as atividades criminosas e proteger a sociedade. O Ministério da Justiça e Segurança Pública tem diversas iniciativas para combater o crime organizado em todo o território nacional, trabalhando em conjunto com as polícias estaduais.

Confira também: artigo especial sobre leis e valortrabalhista

Para ficar por dentro de mais notícias e aprofundar seu conhecimento sobre as investigações e operações em curso no estado, continue acompanhando nossa editoria de Cidades, onde você encontra análises detalhadas e as últimas atualizações sobre segurança pública e eventos locais. Sua leitura é fundamental para entender o panorama atual e os desafios enfrentados no combate à criminalidade.

Crédito da imagem: À esquerda, Fatoka, chefe do Comando Vermelho; ao centro, Ariadna, e no lado direito David Ferreira Foto: Polícia Civil