Ciro Gomes Volta ao PSDB para Disputa no Ceará em 2026

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A política cearense registra um movimento significativo com a filiação do ex-governador Ciro Gomes ao PSDB, um retorno ao partido após um hiato de 28 anos. O evento oficializou sua intenção de concorrer ao governo do Ceará nas eleições de 2026. A cerimônia de filiação, que marcou o capítulo mais recente de sua trajetória partidária, ocorreu em um hotel na orla de Fortaleza, reunindo figuras proeminentes da direita local e ressaltando as articulações políticas que antecederam esta decisão.

O retorno de Ciro Gomes aos quadros do Partido da Social Democracia Brasileira era aguardado no cenário político estadual. Sua reintegração visa uma disputa de grande porte para as próximas eleições governamentais. A estratégia aponta para a construção de uma ampla aliança de oposição, um esforço para barrar a potencial reeleição do atual governador, Elmano de Freitas, filiado ao Partido dos Trabalhadores (PT). Essa articulação inclui o que se descreve como uma frente unificada contra o partido que atualmente comanda o estado.

A filiação, que consolida a intenção de

Ciro Gomes Volta ao PSDB para Disputa no Ceará em 2026

, contou com uma plateia diversificada. Entre os presentes, destacou-se a figura de André Fernandes, deputado federal e presidente do Partido Liberal (PL) no Ceará, reconhecido como um dos principais porta-vozes do bolsonarismo na região. Ao seu lado, seu pai, o deputado estadual Alcides Fernandes (PL), também esteve presente e é cotado para uma eventual disputa ao Senado na chapa encabeçada por Ciro. Tal composição reflete uma inédita aproximação de correntes políticas anteriormente antagônicas, conforme o panorama das eleições brasileiras.

A cerimônia foi palco para outros reencontros inusitados. Entre os convidados, chamou a atenção a presença de Capitão Wagner, do União Brasil. No passado, Ciro Gomes dirigiu-lhe ataques veementes, responsabilizando-o, inclusive, pelo recrudescimento da violência no estado e chegando a descrevê-lo como “chefe de milícia da PM”. A superação dessas rivalidades demonstra a pragmática busca por união em torno do projeto eleitoral para 2026, com foco na competição pelo governo cearense. Tal movimento evidencia a complexidade das alianças políticas no Brasil.

Antes das manifestações políticas dos líderes presentes, foi exibido um vídeo que resgatava passagens notáveis da carreira de Ciro Gomes. As imagens celebravam sua gestão como governador do Ceará, entre 1991 e 1994, com números e feitos que marcaram sua passagem pelo Executivo estadual. O material audiovisual incluiu ainda antigas declarações elogiosas sobre Ciro, como as proferidas pelo falecido comediante Chico Anysio, que nos deixou em 2012. Essa retrospectiva buscou solidificar a imagem de um líder experiente e com legado no estado.

O processo de retorno de Ciro Gomes ao PSDB não foi súbito. Sua articulação vinha sendo desenvolvida em diálogo com o ex-senador Tasso Jereissati, um nome de grande influência dentro do PSDB no Ceará. Jereissati é reconhecido como o padrinho político que impulsionou Ciro Gomes em sua vitoriosa corrida ao governo do Ceará em 1990, então pelo mesmo partido. A parceria histórica ressurgiu para costurar essa nova etapa na trajetória política de Ciro, reiterando os laços que se fortaleceram ao longo das décadas. A formalização da filiação reforça a chapa política com o partido tucano para as próximas disputas.

Apesar de o regresso de Ciro ao PSDB ser considerado um desfecho quase certo há aproximadamente dois meses, a confirmação pública dependia do movimento oficial do ex-governador. A etapa anterior a este retorno foi a sua desfiliação do Partido Democrático Trabalhista (PDT). Na sexta-feira, dia 17, Ciro Gomes formalizou seu pedido ao presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, através de uma carta que selava o fim de sua longa permanência na sigla, à qual estava filiado desde 2015.

Ao se reincorporar ao PSDB, Ciro Gomes posiciona-se como candidato principal para o governo do Ceará, almejando desafiar a tentativa de reeleição de Elmano de Freitas, do PT. Para tal empreitada, sua estratégia é a de congregar as diversas forças de oposição no estado, criando uma chapa abrangente que abarque, inclusive, os mais destacados nomes ligados ao bolsonarismo na região. A ideia é construir uma plataforma única capaz de polarizar a disputa com a atual administração.

A proposta de aliança, no entanto, não é unanimidade nem mesmo dentro da própria família Gomes. O senador Cid Gomes, irmão de Ciro e membro do Partido Socialista Brasileiro (PSB), já expressou claramente sua posição de não apoio. Cid Gomes justificou sua recusa argumentando que não se identifica e não vislumbra estar ao lado de figuras da direita e da extrema direita, segmentos políticos que Ciro planeja integrar em sua chapa eleitoral. Este desdobramento revela tensões internas e as escolhas difíceis impostas pelo tabuleiro político.

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Imagem: noticias.uol.com.br

A carreira política de Ciro Gomes, marcada por intensa movimentação partidária, teve início na cidade de Sobral, Ceará, quando filiado ao Partido Democrático Social (PDS). Em 1982, ele fez sua estreia nas urnas e conquistou um mandato como deputado estadual. Quatro anos mais tarde, já pelo Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), Ciro obteve a reeleição para o mesmo cargo, consolidando sua presença na Assembleia Legislativa do estado. Em um contexto histórico, o PDS e o PMDB representavam espectros políticos distintos no cenário pós-ditadura.

O destaque de Ciro na Assembleia Cearense abriu portas para cargos executivos. Em 1988, ainda pelo PMDB, foi eleito prefeito de Fortaleza, função que desempenhou por um breve período de dois anos antes de renunciar. Sua renúncia se deu para que pudesse concorrer e vencer, em 1990, as eleições para governador do Ceará, já na bandeira do Partido da Social Democracia Brasileira. A mudança de partido neste momento ilustrou sua ascensão e busca por alinhamentos estratégicos com figuras políticas influentes como Tasso Jereissati, então no PSDB. A sua primeira filiação e saída do PSDB remonta a 1997, motivada por divergências com o então governo Fernando Henrique Cardoso.

Após sua saída do PSDB em 1997, Ciro Gomes aventurou-se em outras legendas. Em 1998, filiou-se ao Partido Popular Socialista (PPS), pelo qual se lançou pela primeira vez candidato à Presidência da República, uma das quatro tentativas que culminariam em derrotas eleitorais para o cargo máximo do Executivo nacional. Quatro anos depois, voltou a tentar a presidência, sendo novamente vencido. Em 2006, já pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB), conquistou sua última vitória eleitoral como deputado federal, consolidando-se como um político de expressão nacional.

Antes de seu recente regresso ao Partido da Social Democracia Brasileira, Ciro Gomes percorreu o Partido Republicano da Ordem Social (PROS) e, por último, o PDT. Foi por esta última sigla que ele empreendeu suas duas mais recentes candidaturas à Presidência da República, nas eleições de 2018 e 2022, não obtendo sucesso em ambas. Este novo ciclo de filiação ao PSDB, 28 anos depois de sua primeira saída, promete reacender debates e realinhar forças na arena política cearense em 2026.

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Este retorno de Ciro Gomes ao PSDB é um fato que redefine o cenário político do Ceará, abrindo caminho para uma disputa governamental acirrada em 2026 e a formação de inusitadas alianças. Para acompanhar todos os desdobramentos desta e de outras notícias relevantes sobre política e eleições, continue navegando pela nossa editoria em Política.

Imagem: Reprodução

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