Por um longo período, a proteção de dados parecia ser uma preocupação exclusiva das grandes corporações. No universo das médias empresas, a cibersegurança para empresas era vista como uma despesa inevitável, uma espécie de seguro contra eventualidades raras. Contudo, esse panorama vem se transformando drasticamente. Conforme destaca Lucas Galvão, CEO e fundador da consultoria Open Cybersecurity, a segurança digital amadureceu de forma decisiva, embora silenciosa. Atualmente, tornou-se sinônimo de resiliência empresarial. As companhias de médio porte já perceberam que a segurança não se limita a uma camada técnica, mas representa uma estrutura de confiança fundamental para sustentar tanto as operações quanto a reputação.
Essa mudança de percepção foi impulsionada pela implementação da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) em setembro de 2020, além do crescente número de ataques cibernéticos. Apesar do avanço, Hugo Tadeu, professor e diretor do núcleo de Inovação, Inteligência Artificial e Tecnologias Digitais da Fundação Dom Cabral (FDC), aponta que ainda há um longo percurso a ser trilhado. Segundo Tadeu, a cibersegurança possui uma relevância crítica e deveria figurar como a prioridade número um para todas as organizações, independentemente de seu porte. No entanto, o tema ainda é frequentemente encarado apenas como um custo e restrito às equipes de tecnologia da informação.
Cibersegurança para Empresas: De Projeto a Processo Contínuo
A cibersegurança eficaz e sustentável, no contexto atual das médias empresas, não depende somente de avultados investimentos, mas sim de uma abordagem pautada na coerência e na disciplina diária. Medidas iniciais frequentemente simples são a chave para iniciar essa transformação: a autenticação multifator aplicada em todos os sistemas críticos, a manutenção de backups isolados e frequentemente verificados, e a formação contínua e estratégica de todas as equipes. Lucas Galvão ressalta que a segurança digital ganha força notável e perene quando deixa de ser vista como um projeto com início, meio e fim, para se tornar um processo integrado à rotina organizacional.
Comportamento Humano: O Principal Vulnerável
Mesmo com o avanço tecnológico, o comportamento humano continua sendo o elo mais vulnerável nas estratégias de cibersegurança. A utilização de senhas fracas, a atribuição de permissões excessivas e a omissão na adoção de autenticação multifator com múltiplos fatores de verificação permanecem entre os maiores riscos. Galvão afirma que o problema reside em uma falha de mentalidade, e não em uma deficiência tecnológica. Ele explica que, quando atalhos e práticas inadequadas são normalizados na rotina, o risco torna-se imperceptível, e aquilo que é invisível, inevitavelmente, se manifesta como uma crise. Hugo Tadeu complementa que uma das principais fontes de vulnerabilidade reside nos dispositivos pessoais dos próprios colaboradores, como computadores e celulares, que necessitam de constante atualização e monitoramento rigoroso pela área de TI. Além disso, o treinamento contínuo das equipes sobre o uso adequado das ferramentas digitais é fundamental.
Ações Práticas para Blindar os Negócios
A primeira etapa estrutural para solidificar a segurança cibernética consiste, de acordo com Tadeu, na criação de uma estratégia de tecnologia robusta e claramente definida, que inclua políticas bem documentadas sobre o uso de dados. Em seguida, é imprescindível estabelecer controles e regras eficazes de governança, compliance e responsabilidades. Somente após esses alicerces é que a segurança da informação, com sistemas devidamente atualizados, pode ser implementada de forma sólida.
Inteligência Artificial e a Pressa do Dia a Dia: Novos Riscos
O uso inadequado de ferramentas de inteligência artificial, como o ChatGPT, tem surgido como um novo vetor de risco significativo. Hugo Tadeu alerta que muitos profissionais utilizam a IA para gerar relatórios e apresentações, alimentando-a com dados sensíveis das empresas, sem a devida atenção à segurança dessas interações. Essa prática resulta na exposição de informações estratégicas e é agravada pela carência de políticas internas claras de causa e consequência. No cotidiano das organizações, o perigo reside também em ações aparentemente menores, como abrir anexos de e-mails sem a verificação do remetente, usar senhas repetidas em diversos serviços ou negligenciar atualizações de sistemas e aplicativos. Galvão conclui que a verdadeira segurança surge quando o cuidado deixa de ser uma mera reação a um incidente e se transforma em uma conduta permanente.
A Cibersegurança como Cultura Empresarial
Para integrar a cibersegurança à cultura das médias empresas, especialmente as familiares, é vital transcender o discurso técnico e traduzir o conceito para um sentido prático. Em organizações de perfil familiar, a estratégia mais eficiente, segundo Lucas Galvão, é associar a segurança à preservação do legado e à longevidade do negócio, em vez de se limitar ao jargão técnico. Hugo Tadeu enfatiza que não existem soluções mágicas para essa transição. Ele salienta a necessidade de intenso treinamento, capacitação constante e a garantia de que o tema seja abordado como uma pauta estratégica prioritária pelos times de gestão de pessoas.
Reagindo a Incidentes e Exigindo de Parceiros
Ataques cibernéticos raramente ocorrem sem deixar vestígios; a detecção de lentidões inesperadas em sistemas, acessos em horários não convencionais ou alterações em registros de log são potenciais indicadores. Para Galvão, a diferença crucial entre um simples susto e uma catástrofe digital reside no tempo de reação. Ele reforça que a transparência em relação a incidentes não fragiliza a empresa; pelo contrário, fortalece sua reputação e a confiança. O silêncio, nesse contexto, configura-se como o verdadeiro adversário. Em caso de ocorrências, Hugo Tadeu orienta a comunicação imediata com a Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD), um passo essencial para a conformidade legal. Paralelamente, deve-se acionar um grupo de resposta rápida para restaurar os sistemas e revisar os processos afetados. Ele também adverte sobre a necessidade de cautela ao selecionar fornecedores de tecnologia, sendo fundamental avaliar a aderência das soluções propostas com os processos internos da empresa. Evitar a dependência de um único provedor é uma recomendação vital, assim como a implementação de redundâncias e múltiplas camadas de segurança, que reduzem significativamente o impacto de eventuais falhas externas.

Imagem: Divulgação via valor.globo.com
Ainda para o professor da FDC, investir em segurança cibernética deixou de ser uma opção para se tornar uma obrigação imperativa para a longevidade e credibilidade de qualquer negócio no ambiente digital. No universo da tecnologia, não há atalhos ou “mágica” que dispensem um orçamento adequado, investimentos bem direcionados e processos meticulosamente estabelecidos. O risco primário de uma postura negligente, ou da falta de ênfase na cibersegurança para empresas, é o vazamento de dados, o que pode acarretar sérias penalidades regulatórias e perdas de confiança no mercado. Acesse o site da Autoridade Nacional de Proteção de Dados para mais informações sobre suas atribuições.
Essencial com Orçamentos Limitados
Quando os recursos são escassos, o grande desafio é estabelecer prioridades inteligentes na cibersegurança para empresas. Galvão aconselha que a priorização deve focar no que absolutamente não pode falhar: a gestão de identidades e acessos, o monitoramento contínuo das infraestruturas, a implementação de antivírus avançados e, crucially, um sistema de backup robusto e confiável. Após a segurança tecnológica, o fator humano assume papel preponderante, atuando como um multiplicador tanto de riscos quanto de proteção.
De Obrigação a Vantagem Competitiva
O consenso entre os especialistas é claro: a segurança digital vai muito além da simples defesa contra ameaças, consolidando-se como um pilar de confiança. Empresas que comunicam de forma proativa sua responsabilidade digital inspiram credibilidade e constroem uma base sólida de clientes fiéis, conforme sintetiza Lucas Galvão. Quando um cliente percebe que suas informações são tratadas com rigor e cuidado, ele naturalmente atribui valor a essa conduta. Em última análise, a cibersegurança é um pacto tácito de confiança mútua entre a organização que oferece seus serviços e o cliente que neles acredita.
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A transformação da cibersegurança em um processo contínuo é fundamental para a saúde e a competitividade das empresas na era digital. Investir em políticas claras, tecnologias atualizadas e, principalmente, na educação dos colaboradores, define o sucesso nesta área crítica. Continue explorando nossos conteúdos na editoria de Economia para se manter atualizado sobre as tendências do mercado e gestão de negócios.
Crédito da imagem: Valor Econômico


 
						