A 70ª edição da Festa do Peão de Barretos foi palco de uma performance memorável nesta sexta-feira, 29 de agosto, com a lendária dupla Chitãozinho e Xororó. Em um evento que celebrou sete décadas de tradição e cultura sertaneja, os irmãos de Astorga, no Paraná, reforçaram seu status como pilares essenciais para a consolidação da música sertaneja como um dos gêneros mais escutados no Brasil. Reconhecidos como uma das duplas mais influentes e importantes na história da música brasileira, eles arrebanharam o público presente na arena do maior rodeio da América Latina com um repertório composto exclusivamente por seus maiores sucessos, que ressoaram do início ao fim do espetáculo.
Com uma trajetória que se estende por cinco décadas, Chitãozinho e Xororó mantêm uma legião de admiradores fervorosos. A ressonância de seu trabalho é atribuída a múltiplos fatores que se somam para solidificar sua posição no cenário musical. Um repertório repleto de composições impactantes, a longevidade da carreira, o carisma notável da dupla, um domínio impecável sobre o palco e vozes que se mantêm praticamente inalteradas com o passar dos anos são elementos cruciais para o sucesso. A capacidade de preencher completamente o que é considerado o maior templo da música sertaneja no Brasil demonstra a dimensão de seu apelo junto ao público.
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A apresentação em Barretos fez parte da nova turnê intitulada “Uma história de sucesso”, desenvolvida como uma continuação das celebrações dos 55 anos de uma carreira que é consistentemente elogiada como irretocável. Esta turnê trouxe algumas modificações em relação às anteriores, com uma revitalização no setlist e nos arranjos das canções. Desde os momentos iniciais, a energia tomou conta do ambiente. A abertura do show, por exemplo, foi marcada por um pot-pourri de duas canções emblemáticas: “Sinônimos” e “Nascemos para Cantar”, estabelecendo de imediato o tom do espetáculo e envolvendo a plateia. O cuidado na seleção das músicas demonstrou a intenção da dupla de guiar o público por sua vasta linha do tempo musical, reafirmando cada etapa de sua evolução artística. A arena, um gigantesco complexo ao ar livre, fervilhava com a expectativa de milhares de vozes, todas prontas para cantar em uníssono as letras que marcaram gerações.
Saudações e um Início Eletrizante
No decorrer do show, a interação dos artistas com o público foi um componente vital para a atmosfera criada. Logo após as canções de abertura, Chitãozinho se dirigiu à plateia com palavras calorosas, transmitindo a emoção que sentia. “Alô, Barretos. Que honra para nós encontrar vocês aqui. A cada ano é uma emoção maior, a gente fica muito feliz. Muito boa noite e sejam bem-vindos ao nosso show”, declarou o cantor, enfatizando o apreço e a ligação da dupla com a Festa do Peão. Na sequência, Xororó complementou, explicando o conceito por trás da turnê e a jornada musical proposta: “Preparamos esse show da nossa turnê ‘Uma história de sucesso’. Ela passa por todas as fases da nossa carreira, desde o comecinho. Espero que gostem”, afirmou, indicando que o repertório percorreria a trajetória da dupla, desde seus primeiros anos de estrada até os êxitos mais recentes. A receptividade da multidão foi instantânea, refletida em aplausos e gritos de entusiasmo que se espalharam pela vasta arena.
A partir das saudações e dos votos de boas-vindas, a dupla mergulhou em uma sequência de êxitos que dificilmente encontra um ouvinte brasileiro que não os tenha cantado em algum ponto da vida. Canções como “60 Dias Apaixonado” e “Brincar de Ser Feliz” foram executadas com a vitalidade característica da dupla, mantendo o engajamento e a energia da audiência em níveis elevados. Essas escolhas musicais, permeadas pela familiaridade e por uma inegável capacidade de emocionar, serviram como uma reafirmação do impacto duradouro que as composições de Chitãozinho e Xororó exercem sobre o público. Cada verso entoado pelos artistas era prontamente acompanhado pelo coral improvisado da arena, que demonstrava não apenas conhecimento das letras, mas também uma profunda conexão afetiva com a obra da dupla. Os arranjos musicais renovados, perceptivelmente “mais pesados”, trouxeram uma nova roupagem para os clássicos, evidenciando uma reinvenção sem perder a essência. Xororó, com sua presença marcante, permaneceu na guitarra durante quase toda a apresentação, exibindo não apenas sua destreza instrumental, mas também a notável qualidade vocal que o consagrou ao longo das décadas.
Um bloco dedicado às canções românticas foi inserido no espetáculo, oferecendo momentos de emoção e intimidade com a plateia. Compostas para tocar profundamente o coração, as músicas “Confidências” e “Eu Menti” integraram essa sequência. Durante a execução de “Eu Menti”, um pequeno incidente ocorreu com o microfone de Xororó, mas foi rapidamente superado pela performance e pela experiência da dupla. Em seguida, a canção “Página de Amigos” emergiu, culminando novamente em um coro poderoso da arena. Era visível que o público não apenas cantava, mas se entregava a cada nota, a cada estrofe, num espetáculo de participação coletiva que confirmava a relevância cultural e sentimental dessas músicas no imaginário popular brasileiro. Este segmento sublinhou a habilidade da dupla em transitar entre ritmos animados e baladas melódicas, mantendo a coesão do show e a conexão emocional com todos os presentes. O envolvimento de Chitãozinho e Xororó em Barretos não se limitava apenas à performance musical; o show representou uma celebração de uma era em que a música sertaneja, com suas narrativas e melodias, se estabeleceu definitivamente como um espelho da cultura brasileira.
Ambiente de Fazenda e a Relevância Cultural
Chitãozinho e Xororó, anteriormente conhecidos na cena musical das décadas de 1980 e 1990 como “Os Meninos do Brasil”, encerram uma turnê que celebrou seus 50 anos de trajetória por todo o território nacional. A Festa do Peão de Barretos já havia recebido os irmãos duas vezes antes, em 2023 e 2024, dentro das comemorações da jornada de meio século. Contudo, a tour “Uma história de sucesso” foi desenhada com introduções e arranjos distintos. Xororó, em particular, esteve grande parte do tempo à frente na guitarra, intensificando a sonoridade e entregando um espetáculo à parte com sua performance instrumental, complementada por uma voz impecável que continua a reverberar com a mesma força e afinação de seus anos iniciais.
Uma das novidades introduzidas na nova fase da turnê foi a implementação de diferentes cenários que evocavam atmosferas específicas, enriquecendo a experiência visual do show. Em um desses momentos, Chitãozinho e Xororó sentaram-se em uma mesa que remetia a um ambiente de fazenda. Com violões em mãos, e tendo como pano de fundo a ambientação campestre, que incluía até panelas penduradas, a dupla proporcionou uma interpretação emocionante de clássicos como “Fogão de Lenha”, “Coração Sertanejo” e “Majestade, o Sabiá”. Neste trecho intimista, um casal de fãs, que já estava acompanhando a performance no palco, foi convidado a se aproximar da mesa, interagindo diretamente com os artistas. Este contato mais próximo ampliou a dimensão da conexão que a dupla tem com seus admiradores, personalizando ainda mais a experiência para o público. A inclusão de tais elementos cênicos demonstrou a evolução da produção dos shows, mantendo a autenticidade, mas buscando uma modernização na forma de apresentar as narrativas musicais.

Imagem: ricardo nasi via g1.globo.com
Em sequência ao cenário da fazenda, a energia da arena explodiu em mais um momento de catarse coletiva. A canção “Galopeira”, que deu início à trajetória profissional da dupla e foi gravada por Chitãozinho e Xororó no ano de 1970, foi entoada por toda a arena lotada. A tradicional imitação do agudo de Xororó pelo público presente tornou-se um dos pontos mais vibrantes da noite, reforçando a memória afetiva e a paixão dos fãs. Em seguida, o repertório surpreendeu com algumas novidades marcantes. A inclusão de “Words”, originalmente gravada pela dupla em 1993 em parceria com o grupo Bee Gees, chamou a atenção por não ter sido executada ao vivo por anos, e teve sua parte cantada pela icônica banda australiana interpretada por Chitãozinho, numa homenagem tocante. Outra música adicionada recentemente à setlist foi “Ela Não Vai Mais Chorar”, gravada com o ícone do country Billie Ray Cyrus. Essas escolhas ressaltaram a amplitude musical da dupla e a capacidade de inovar, enquanto prestam tributo à sua própria história e às parcerias internacionais que construíram.
A Trajetória que Rompeu Barreiras
Um dos pontos altos e mais engenhosos do espetáculo foi um segmento dedicado a relembrar a importância seminal de uma música que transformou o panorama da música sertaneja brasileira. Um rádio antigo foi posicionado no palco para simular a época em que o gênero estava predominantemente confinado às rádios AM. Esse cenário transportou a plateia de volta ao ano de 1982, período em que o sucesso estrondoso de “Fio de Cabelo” marcou uma reviravolta sem precedentes na história musical do país. A canção foi a força motriz que projetou Chitãozinho e Xororó para o reconhecimento nacional e, simultaneamente, abriu os caminhos para que a música sertaneja rompesse as fronteiras do campo e conquistasse o cenário urbano brasileiro. Durante a simulação no palco, a voz do locutor “Zé Bettio” foi reproduzida, recriando o ambiente da rádio no momento do anúncio da música. O público, tomado pelo êxtase e nostalgia, cantou efusivamente um dos maiores êxitos que definiram a carreira dos artistas e, de certo modo, a própria trajetória da música popular nacional.
A fluidez da apresentação garantiu que não houvesse pausas que diminuíssem a energia do público. Após a memorável homenagem a “Fio de Cabelo”, a dupla imediatamente engatou mais duas músicas atemporais. “Alô” foi seguida por “Sinônimos”, apresentada desta vez em sua versão integral. Mais uma vez, o destaque foi para Chitãozinho, que protagonizou a interpretação da gravação em colaboração com Zé Ramalho, hipnotizando a plateia com sua voz poderosa. O público se mostrava visivelmente encantado, participando ativamente e reforçando o laço afetivo construído ao longo dos tempo entre os artistas e seus admiradores. A capacidade de emocionar com diferentes arranjos e formatos, seja em dueto ou com a singularidade vocal, reafirmava a maestria de Chitãozinho e Xororó. Antes do grand finale, com a tão aguardada “Evidências”, Xororó demonstrou sua habilidade vocal acima da média na execução de “Se Deus Me Ouvisse”. A interpretação carregada de técnica e emoção preparou o terreno para o ápice do show, sublinhando o talento individual dos irmãos que se complementam de forma única no palco.
O ponto culminante da noite, durante a última canção, foi coroado por um acontecimento de extrema emoção, que se somou à catarse tradicionalmente provocada por “Evidências”. Enquanto o público cantava em êxtase e à capela um dos maiores clássicos da música brasileira, um casal, declarado fã da dupla, que já estava posicionado no palco durante o segmento do “ambiente de fazenda”, foi novamente chamado à frente dos artistas. Em um momento que prendeu a atenção de toda a arena, a mulher revelou, tanto ao seu marido quanto à multidão lotada, a feliz notícia de sua gravidez. Este anúncio, no ápice da emoção de “Evidências”, transformou a apresentação em uma experiência ainda mais inesquecível e profundamente pessoal, marcando um novo capítulo na vida do casal em um palco que testemunhou gerações de histórias e paixões. O simbolismo de tal momento, com a nova vida anunciada ao som de uma canção tão icônica, amplificou a conexão entre a música, o público e o espetáculo dos 70 anos da Festa do Peão de Barretos.
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O espetáculo de Chitãozinho e Xororó na Festa do Peão de Barretos de 2025 foi mais do que um simples concerto; foi uma celebração da longevidade artística, da influência inegável na música brasileira e da capacidade de uma dupla em se reinventar mantendo a essência que os tornou ícones. Com sucessos que atravessam gerações e a energia de sua nova turnê, os irmãos não apenas divertiram, mas emocionaram milhares de fãs, entregando uma performance que ficou marcada nos anais da festa e na memória do público presente, confirmando a relevância duradoura de seu legado musical. A histórica edição de 70 anos do evento reafirmou, por meio desta apresentação, a contínua vitalidade da música sertaneja e o papel central de seus grandes expoentes.
Com informações de G1
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