Nesta segunda-feira (27), a China defende livre comércio global e manifestou veemente oposição ao protecionismo durante um importante discurso proferido na cúpula da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean), que acontece na Malásia. O posicionamento firme da segunda maior economia mundial antecede o aguardado encontro entre o presidente chinês, Xi Jinping, e o presidente americano, Donald Trump, programado para os próximos dias, elevando a expectativa em relação aos desdobramentos das relações comerciais entre as duas potências.
A postura foi reiterada por Li Qiang, primeiro-ministro da China, durante uma reunião que congregou os membros da Asean juntamente com representantes do Japão e da Coreia do Sul. Na ocasião, Qiang fez um apelo enfático para que todas as partes engajadas defendam intransigentemente o livre comércio e reajam de forma unida contra o protecionismo, uma terminologia que tem sido sistematicamente utilizada pela diplomacia chinesa para rebater e criticar a imposição de tarifas comerciais adotadas pelo governo de Donald Trump. O foco nas discussões regionais sinaliza a prioridade chinesa em solidificar blocos comerciais e alianças estratégicas frente às tensões comerciais com os Estados Unidos.
China Defende Livre Comércio e Critica Protecionismo na Asean
O chefe de governo chinês enfatizou a necessidade imperativa de preservar a paz e a estabilidade conquistadas a duras penas no Leste Asiático, um ambiente fundamental para o crescimento econômico e a cooperação regional, conforme explicitado nos resumos de suas declarações que foram divulgados pela mídia estatal. Li Qiang reforçou seu pedido aos países-mmembros e parceiros da Asean para que se tornem pilares ativos na defesa do livre comércio e na manutenção do sistema multilateral de comércio. Além disso, o primeiro-ministro sublinhou a importância de combater incisivamente “todas as formas de protecionismo” e de buscar um avanço contínuo e pragmático na integração econômica regional. Tal abordagem visa construir uma comunidade econômica mais resiliente e interligada, capaz de resistir às pressões externas e de promover a prosperidade compartilhada na área. A fala chinesa ecoa as preocupações com as recentes políticas tarifárias e restrições comerciais impostas por outras nações.
Em paralelo às discussões asiáticas, Donald Trump, em sua primeira etapa de viagem ao continente, havia supervisionado um dia antes a formalização de um acordo ampliado de cessar-fogo entre Camboja e Tailândia, que adicionava uma camada de estabilidade regional. O líder americano também celebrou a assinatura de outros cinco acordos comerciais regionais durante sua passagem. Contudo, e de forma notável, a Casa Branca esclareceu que nenhum desses tratados resultou em uma redução efetiva das tarifas que os Estados Unidos aplicam sobre os produtos provenientes dos países da região, embora tenham sido criadas brechas para a eventualidade de algumas exceções específicas. Esse cenário aponta para uma manutenção da linha dura dos EUA no comércio, mesmo em um contexto de novas parcerias.
Em suas declarações, o presidente Trump comunicou que a mensagem central transmitida às nações do Sudeste Asiático era de um engajamento total dos Estados Unidos. Ele assegurou que “os Estados Unidos estão 100% com vocês” e expressou a intenção americana de “ser um parceiro forte por muitas gerações”, prometendo uma aliança duradoura. Esta mensagem de compromisso foi proferida justamente no dia em que negociadores de alto escalão dos EUA e da China concordaram, de forma preliminar, com uma suspensão temporária nas novas imposições de tarifas que haviam caracterizado a crescente guerra comercial entre as duas maiores economias globais. A complexidade do cenário geopolítico e econômico revela uma dinâmica de promessas de parcerias ao mesmo tempo em que a diplomacia busca evitar uma escalada ainda maior nas disputas comerciais com Pequim.
Enquanto Trump e o Secretário de Estado, Marco Rubio, chegaram ao Japão, autoridades chinesas de alto escalão mantiveram-se engajadas ativamente na cúpula. Juntamente com líderes do Brasil, Canadá, do Conselho Europeu e da própria Asean, eles prosseguiram em seus esforços para fortalecer parcerias econômicas estratégicas e negociar novos acordos comerciais. Esta presença contínua da China e de seus aliados contrasta com a delegação americana, que após a partida de Rubio, teve dois funcionários de perfil mais baixo permanecendo na reunião. Este desnível na representação pode ser um indicativo das prioridades diplomáticas e comerciais distintas entre as nações, com a China buscando ampliar sua influência e aprofundar laços regionais e globais, enquanto os EUA se concentram em outras agendas bilaterais durante a viagem presidencial.

Imagem: Vincent Thian via valor.globo.com
Diante da menor representatividade de funcionários americanos na cúpula após a saída de Marco Rubio, a expectativa é que as autoridades chinesas aproveitem o vácuo para intensificar a pressão por menores barreiras comerciais e a adoção de medidas que estejam ancoradas nas diretrizes e regulamentações da Organização Mundial do Comércio (OMC). Esta estratégia visa não apenas promover uma maior liberalização do comércio internacional, mas também a fortalecer significativamente os laços regionais da China com os países do Sudeste Asiático. Ao reiterar o compromisso com as regras da OMC, a China busca posicionar-se como defensora da ordem comercial global, em contraste com a abordagem unilateralista percebida nas políticas de Donald Trump. O fortalecimento dessas parcerias regionais é visto como crucial para o seu desenvolvimento econômico e geopolítico, frente a uma crescente polarização nas relações internacionais. Mais detalhes sobre o papel da OMC e suas regras podem ser encontrados em seu portal oficial: wto.org.
A pauta do livre comércio versus protecionismo, portanto, emergiu como um ponto central das discussões na cúpula da Asean, destacando a dicotomia nas estratégias econômicas globais. Enquanto a China defende um modelo de abertura e cooperação multilateral, alinhada com as normas da OMC, os Estados Unidos de Trump demonstravam uma inclinação para acordos bilaterais e imposição de tarifas, apesar das negociações para pausas na guerra comercial. Esse contraste acentuado tem implicações profundas para a economia mundial e para a estabilidade política do Leste Asiático, influenciando futuras negociações e a configuração das alianças comerciais. Os posicionamentos delineados na Malásia preparam o terreno para os embates diplomáticos e comerciais que estão por vir entre as grandes potências.
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O debate entre livre comércio e protecionismo continua a ser um tema quente no cenário internacional, com impactos diretos sobre as políticas globais e as relações entre as nações. A posição chinesa na cúpula da Asean serve como um lembrete da importância de discussões sobre integração econômica e sistemas multilaterais de comércio. Para acompanhar outras análises e notícias relevantes sobre geopolítica e economia global, continue navegando por nossa editoria de Economia.
Crédito: Reuters


 
						