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Chega fracassa em eleições municipais de Portugal, aponta boca de urna

Os levantamentos iniciais das pesquisas de boca de urna apontam para um considerável fracasso do partido Chega nas eleições municipais de Portugal, que no contexto brasileiro equivalem aos pleitos autárquicos. Embora a ultradireita portuguesa represente a segunda maior bancada na Assembleia da República, o Parlamento do país, a legenda não detinha o comando de nenhuma […]

Os levantamentos iniciais das pesquisas de boca de urna apontam para um considerável fracasso do partido Chega nas eleições municipais de Portugal, que no contexto brasileiro equivalem aos pleitos autárquicos. Embora a ultradireita portuguesa represente a segunda maior bancada na Assembleia da República, o Parlamento do país, a legenda não detinha o comando de nenhuma administração municipal antes desta votação.

Com uma estratégia focada em solidificar sua presença regional, o Chega direcionou 44 de seus 60 deputados para concorrer às câmaras municipais. No entanto, até as 20h (horário de Brasília) do dia da eleição, as projeções indicavam que o partido havia conquistado a vitória em apenas três pequenos municípios, entre eles São Vicente, localizado na Ilha da Madeira, que conta com uma população inferior a 5.000 habitantes.

Chega fracassa em eleições municipais de Portugal, aponta boca de urna

A cúpula do Chega, liderada por André Ventura, havia depositado grandes expectativas em algumas figuras-chave. A deputada Rita Matias, por exemplo, alcançou um empate técnico com candidatos do centro-direita e centro-esquerda em Sintra, o segundo maior município português, superado em população apenas por Lisboa, nas semanas que precederam o pleito. Outra aposta significativa era Pedro Pinto, presidente do grupo parlamentar do Chega na Assembleia da República, que disputava a prefeitura de Faro, capital da região do Algarve, localidade onde o partido tem historicamente registrado votações expressivas.

Contudo, os resultados preliminares das pesquisas de boca de urna sinalizaram que Matias e Pinto não apenas perderam, mas foram superados, terminando em um distante terceiro lugar, aquém dos postulantes de centro. Os mesmos levantamentos revelaram que a legenda não conseguiu eleger nenhum de seus candidatos em cidades de porte médio ou grande, um duro revés para as ambições de expansão do partido.

Questionado sobre a eventual desilusão com os resultados em Sintra durante uma entrevista televisionada, o líder do partido, André Ventura, optou por desviar da pergunta. “Nunca me verão decepcionado com o povo português”, declarou ele, completando que “não governávamos em lugar nenhum, agora iremos governar, o que significa que o partido irá entrar em uma nova fase”. Essa fala tenta amenizar o impacto negativo, focando na conquista de quaisquer cargos.

Dependência de André Ventura e Limitações Regionais do Chega

O desempenho abaixo do esperado nestas eleições autárquicas sublinha tanto uma característica marcante quanto uma limitação inerente ao partido Chega. Sua característica mais evidente é a profunda dependência de seu líder, André Ventura, que é anualmente reeleito presidente da sigla com mais de 95% dos votos em disputas internas. Esta centralização confere ao partido bons resultados em pleitos legislativos, onde a presença de Ventura funciona como um impulsionador de votos, considerando o sistema de listas ordenadas previamente em Portugal.

No entanto, a ausência de outras figuras políticas com o mesmo carisma e projeção acarreta um desempenho reduzido em competições regionais ou continentais, ocasiões em que Ventura não figura diretamente nas listas de candidatos. Um exemplo disso foi a eleição para o Parlamento Europeu, ocorrida em junho do ano passado. Naquela ocasião, André Ventura optou por não concorrer, mas, otimista pelos bons resultados anteriores em eleições legislativas, projetava um desempenho “histórico”.

O cenário que se materializou foi distinto: o Chega conseguiu eleger apenas dois dos 21 deputados portugueses, ficando muito aquém do Partido Socialista, de centro-esquerda, que garantiu oito vagas, e do Partido Social Democrata, de centro-direita, que obteve sete. Mais informações sobre o Parlamento Europeu e suas eleições podem ser encontradas no site oficial da instituição, oferecendo um panorama do sistema eleitoral e da composição política europeia.

Chega fracassa em eleições municipais de Portugal, aponta boca de urna - Imagem do artigo original

Imagem: www1.folha.uol.com.br

Para a eleição europeia, Ventura designou como cabeça de lista o ex-embaixador António Tânger Correia. Durante a campanha, Correia proferiu diversas declarações polêmicas e gafes. Uma de suas falas mais infames incluía a alegação de que trabalhadores judeus nas Torres Gêmeas teriam sido alertados antecipadamente sobre o atentado de 11 de setembro, uma bravata antissemita que, de acordo com análises, prejudicou a votação do partido.

Estratégias Frustradas nas Autárquicas e o Cenário Bipartidário

Nas recentes eleições autárquicas, André Ventura mais uma vez não se candidatou diretamente — seu foco agora está na disputa presidencial de janeiro de 2026. Todavia, ele idealizou um plano elaborado para transferir votos para os candidatos locais. Sua imagem foi estampada em outdoors por todo o país, seguindo um “template” padronizado que posicionava sua fotografia à direita do candidato municipal, enquanto o slogan de campanha era exibido à esquerda em letras destacadas. Este ambicioso projeto de transferência de votos, contudo, não alcançou os resultados esperados, confirmando a dificuldade de capilarizar a liderança fora do voto direto em Ventura.

As projeções das pesquisas de boca de urna para os principais centros urbanos do país, como Lisboa, Sintra e Porto, indicavam um empate técnico entre o Partido Socialista (PS) e o Partido Social Democrata (PSD). Ao final da apuração, o PSD, que governa sob a liderança do primeiro-ministro Luís Montenegro, saiu vitorioso nestas três cidades estratégicas, consolidando a posição do governo central. O Partido Socialista, por sua vez, comemorou vitórias em municípios tradicionalmente alinhados, como Coimbra, Évora e Viseu.

O panorama político que emerge dessas eleições autárquicas reafirma um caráter essencialmente bipartidário em Portugal. Mesmo com uma notável força no poder legislativo, a ultradireita, personificada pelo Chega, demonstrou não possuir a capacidade de se estabelecer como uma força de liderança regional em nenhuma das províncias portuguesas. Essa dinâmica indica um contraste significativo entre o apelo nacional da figura de Ventura e a dificuldade do partido em construir uma base local robusta.

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Em resumo, o desempenho do partido Chega nas eleições municipais de Portugal ficou muito aquém das expectativas e dos planos de expansão regional, evidenciando uma dependência do carisma de seu líder e a dificuldade de consolidar uma base fora do âmbito legislativo. Para continuar acompanhando os desdobramentos da política portuguesa e outros temas relevantes, não deixe de explorar mais artigos em nossa editoria de Política e Eleições.

Crédito da imagem: Miguel Riopa – 10.out.25/AFP

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