O setor de energia no Brasil não representa uma fonte de preocupação para o Bradesco. Essa foi a principal mensagem transmitida por Marcelo Noronha, CEO do banco, durante coletiva de imprensa dedicada aos resultados do terceiro trimestre. O executivo descartou a existência de problemas que possam “tirar o sono” da instituição financeira, apesar do cenário de empresas do segmento que enfrentam dificuldades para honrar seus compromissos financeiros. Noronha destacou o monitoramento contínuo do setor por equipes especializadas do banco, que acompanham de perto as dinâmicas de mercado.
Contrariamente à percepção de estabilidade no setor energético, Noronha enfatizou que a análise setorial mais atenta revela que “o varejo está passando por um momento mais difícil”. Essa ponderação ressalta as complexidades inerentes ao cenário econômico brasileiro e as distinções no desempenho entre os diferentes setores, conforme a avaliação de uma das maiores instituições financeiras do país.
CEO do Bradesco vê estabilidade no setor de energia e alerta varejo
Ao abordar outras frentes econômicas, o executivo do Bradesco também foi questionado sobre o agronegócio. Para ele, o segmento permanece uma área de grande oportunidade para o banco. Reconheceu a possibilidade de um “soluço” pontual relacionado ao financiamento de equipamentos via o banco John Deere, porém, minimizou seu impacto a longo prazo, reforçando que essa questão específica não afeta a percepção de oportunidades ou a preocupação geral do banco com o vasto setor agropecuário brasileiro. A perspectiva é de resiliência e continuidade de crescimento para o setor.
A situação de empresas individuais, como a Ambipar – que solicitou recuperação judicial no segmento de resíduos sólidos –, foi comentada com cautela pelo CEO. Sem detalhar o caso específico, Noronha informou que as provisões do Bradesco no segmento de atacado registraram uma elevação significativa no trimestre, alcançando R$ 500 milhões. Esse valor representa um acréscimo notável em comparação à média de R$ 200 milhões a R$ 300 milhões observada em períodos anteriores, indicando um ajuste nas expectativas de crédito para grandes clientes.
Acerca do aumento nas Provisões para Devedores Duvidosos (PDD), que totalizaram R$ 8,560 bilhões com um crescimento anual de 20,1%, Marcelo Noronha fez uma distinção importante. Segundo o CEO, este avanço não é um indicativo de aumento da inadimplência geral na carteira do Bradesco, mas sim um reflexo do crescimento da própria carteira de crédito da instituição. Explicou que o crescimento na oferta de produtos como cartões de crédito exige uma provisão maior, mesmo que o cliente ainda não tenha utilizado todo o limite concedido. Essa medida é uma praxe bancária para a “perda esperada”, em conformidade com as diretrizes prudenciais.
Dessa forma, Noronha tranquilizou os observadores ao afirmar: “Eu não vejo aumento de inadimplência, porque a gente está bem equilibrado. Estamos muito tranquilos em relação à nossa carteira.” A perspectiva do Bradesco, portanto, é de controle e solidez de sua base de empréstimos e financiamentos, apesar das variações estatísticas nas provisões que acompanham o volume e a expansão da carteira de clientes.
No que tange ao cenário macroeconômico, o líder do Bradesco desmistificou a percepção de uma crise de crédito privado generalizada. Conforme sua avaliação, os incidentes envolvendo grandes corporações são de conhecimento público e a expectativa é de que não surjam novos casos significativos de insolvência nessa categoria. Noronha ponderou que, embora o segmento de empresas de médio porte (“middle”) possa apresentar novas ocorrências, incluindo companhias listadas em bolsa, tal situação se insere na normalidade das flutuações de mercado. O CEO reforçou sua convicção: “Não vejo crise de crédito, de jeito e maneira. No ‘middle’ podem ter alguns casos novos, mas isso é normal”, minimizando assim alarmes sobre a estabilidade creditícia.

Imagem: valor.globo.com
Em outro ponto relevante, as alterações nas regras de antecipação do saque-aniversário do FGTS, com implementação prevista para o sábado, receberam uma visão peculiar de Noronha. Ele se distanciou das críticas de outros executivos bancários, que expressaram preocupação com as restrições governamentais. O CEO do Bradesco considerou que uma parcela do setor financeiro havia “exagerado” nos prazos estendidos oferecidos. “Não acho que seja injusto limitar prazo do saque-aniversário do FGTS, o mercado vinha trabalhando com certo exagero”, comentou.
Considerando que o Bradesco já operava com cautela e não realizava antecipações para prazos excessivamente longos, as novas diretrizes não devem impactar substancialmente a atuação do banco neste produto, embora reconheça que as limitações impostas pelo governo podem, de fato, reduzir o volume total de concessões dessa modalidade no mercado. Esta abordagem alinha-se à prudência bancária, garantindo a sustentabilidade da oferta de crédito. Para entender melhor os relatórios sobre a estabilidade financeira nacional e as decisões que moldam o panorama bancário, consulte as publicações do Banco Central do Brasil.
Ainda sobre o mercado de crédito, Noronha abordou a entrada do Bradesco no novo consignado privado com uma estratégia conservadora inicial. Esta cautela se traduziu em um índice de inadimplência em torno de 3% para o banco nesta modalidade, significativamente abaixo dos 17% reportados por “players mais ousados”, que enfrentaram complicações por falhas na averbação. Com a otimização dos processos operacionais, o Bradesco se prepara para uma expansão mais arrojada no consignado privado.
“O consignado privado é uma grande oportunidade. Fomos mais conservadores na largada e agora vamos acelerar”, concluiu o CEO, sinalizando um novo capítulo de crescimento e otimismo para esta linha de crédito, que beneficia trabalhadores do setor privado com taxas de juros competitivas.
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Em suma, Marcelo Noronha, CEO do Bradesco, ofereceu uma visão equilibrada e cautelosa sobre os desafios e oportunidades do cenário econômico brasileiro. Enquanto o setor de energia inspira tranquilidade, o varejo exige maior atenção, e o agronegócio mantém-se promissor. As políticas internas do banco em relação a provisões, FGTS e crédito consignado privado refletem uma estratégia de crescimento prudente. Para aprofundar suas leituras sobre os desdobramentos do mercado financeiro e a economia nacional, explore a seção de Economia do nosso blog.
Foto: Divulgação


 
						 
						