Casos de intoxicação por metanol em PE sobem para 5

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Casos de intoxicação por metanol em Pernambuco registraram um aumento significativo, atingindo o total de cinco confirmações. A Secretaria Estadual de Saúde (SES) divulgou nesta quinta-feira (23) a identificação de mais dois pacientes afetados, elevando o balanço. Entre as vítimas confirmadas, lamentavelmente, três indivíduos evoluíram para óbito.

As novas confirmações envolvem duas irmãs, moradoras do município de Salgueiro, localizado no Sertão do estado. Elas teriam consumido uísque adulterado entre os dias 9 e 11 de outubro. A primeira notificação de casos suspeitos de intoxicação por essa substância química tóxica havia sido reportada em 30 de setembro, desencadeando uma ampla investigação por parte das autoridades de saúde e segurança pública.

Casos de intoxicação por metanol em PE sobem para 5

De acordo com os dados apresentados pela SES, uma das irmãs, de 25 anos, faleceu apenas dois dias após a ingestão inicial da bebida contaminada. A outra irmã, de 28 anos, foi prontamente internada para tratamento intensivo e, felizmente, recebeu alta hospitalar no início desta semana, demonstrando recuperação. A identidade das duas vítimas não foi oficialmente revelada ao público.

A gravidade da situação foi detalhada em uma coletiva de imprensa conjunta, realizada na sede da Secretaria de Defesa Social. O evento contou com a participação de representantes da SES, da Polícia Civil de Pernambuco e do Instituto de Criminalística (IC), evidenciando a colaboração interinstitucional na elucidação dos fatos. Os órgãos informaram que as irmãs iniciaram o consumo da bebida alcoólica em sua residência, posteriormente dirigindo-se a um bar na posse do mesmo uísque adulterado.

José Lancart, diretor-geral de Informação e Vigilância Epidemiológica da SES, confirmou que as análises das amostras biológicas encaminhadas ao Instituto de Criminalística revelaram a presença de metanol em “quantidades significativas” no organismo das duas irmãs de Salgueiro. Lancart salientou que os resultados das perícias sugerem que a paciente que veio a óbito ingeriu uma proporção consideravelmente maior da substância tóxica em comparação à irmã que sobreviveu.

Diante da emergência de saúde pública, Pernambuco recebeu, através de uma parceria estratégica com o Ministério da Saúde, antídotos especializados essenciais para o tratamento clínico de pacientes diagnosticados ou com forte suspeita de intoxicação por metanol. Entre os medicamentos, destaca-se o fomepizol. A vítima que sobreviveu em Salgueiro foi tratada com esta substância específica assim que a contaminação tóxica foi efetivamente confirmada em seu corpo.

“Nós dispomos, aqui em Pernambuco, do etanol farmacêutico e do fomepizol. Essa segunda droga foi utilizada na vítima de Salgueiro e, sem dúvida alguma, desenvolveu um papel significativo na evolução clínica satisfatória desta paciente, inclusive com a possibilidade de ter sequelas minimizadas em decorrência da intoxicação por metanol”, detalhou José Lancart, enfatizando a importância do tratamento adequado.

Panorama da Intoxicação por Metanol no Estado

O boletim epidemiológico mais recente da Secretaria de Saúde indica um total de 87 notificações de suspeitas de intoxicação por metanol em todo o estado. Destas, 83 são de residentes de Pernambuco e quatro de outros estados brasileiros: dois casos provenientes de São Paulo, um da Paraíba e um de Alagoas. Dos casos investigados até o momento, 60 foram descartados, restando as cinco confirmações noticiadas. O processo de identificação da substância e seus riscos é crucial para a saúde pública, conforme destacado pelo portal da ANVISA.

Lancart reforçou a confirmação dos casos de Salgueiro: “Nós recebemos a notificação de dois casos de pessoas residentes no município de Salgueiro. Um caso evoluiu para óbito, e o outro, após um período de internação, recebeu alta. As amostras que foram coletadas e encaminhadas para o Instituto de Criminalística constataram a presença de metanol em quantidades significativas nessas duas pessoas”, reafirmou o diretor-geral.

Casos de intoxicação por metanol em PE sobem para 5 - Imagem do artigo original

Imagem: metanol foram confirmados via g1.globo.com

O perito Rafael Arruda, integrante do Instituto de Criminalística, elucidou que a rapidez na divulgação dos resultados das análises dos casos de Salgueiro foi um resultado direto da estreita colaboração e integração entre os diversos órgãos estaduais envolvidos na investigação. Ele sublinhou que essa agilidade processual desempenhou um papel determinante na salvação da vida de uma das irmãs.

“A gente já estava bem avançado, então a ligação entre a Secretaria Estadual de Saúde com a Defesa Social foi essencial nessa tratativa. […] A vítima que ainda estava viva, 48 horas depois que fez a ingestão do álcool, a gente conseguiu confirmar [a intoxicação por metanol], o que foi essencial para ela poder fazer o antídoto”, explicou o perito Rafael Arruda, ressaltando a sincronia das ações. Ele acrescentou que o uso célere do antídoto foi decisivo para prevenir sequelas graves e irreversíveis. “Esse antídoto talvez tenha salvado a vida dela e [feito com que ela] não tenha efeitos colaterais irreversíveis”, afirmou.

Os Primeiros Casos Confirmados em Lajedo

Os primeiros três casos de intoxicação por metanol em Pernambuco haviam sido confirmados em 13 de outubro, no município de Lajedo, situado na região do Agreste. A investigação sobre esses casos levou à prisão de um homem de 40 anos, natural de São Bento do Una, ocorrida dois dias antes, em 11 de outubro. Ele é suspeito de ser o responsável pela adulteração de bebidas que teriam sido trazidas do estado de São Paulo.

As três vítimas de Lajedo são homens. Deste grupo, dois lamentavelmente perderam suas vidas, enquanto o terceiro paciente sofreu sequelas oculares permanentes em decorrência da grave intoxicação. O governo do estado confirmou a presença da substância no sangue de um dos pacientes e também nas amostras das bebidas que foram ingeridas por todos os três.

Rafael Arruda, do Instituto de Criminalística, detalhou que a concentração de metanol nas bebidas consumidas por esses homens era alarmantemente 300 vezes superior ao limite legal permitido. Em um dos casos específicos, a quantidade de metanol presente no sangue do paciente era cinco vezes maior do que o nível considerado seguro para iniciar o tratamento, evidenciando a alta letalidade do álcool adulterado.

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O aumento no número de casos de intoxicação por metanol exige a continuidade da vigilância e conscientização sobre os perigos do consumo de bebidas de origem desconhecida. Pernambuco segue com as investigações para identificar a fonte da contaminação e evitar novos episódios. Para mais notícias e análises aprofundadas sobre questões que impactam o dia a dia das comunidades, explore nossa editoria de Cidades e mantenha-se informado.

Crédito da imagem: Foto: TV Globo/Reprodução

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