A emocionante jornada de um cão surdo que aprende Libras ao ser adotado por um casal com deficiência auditiva capturou milhões de olhares nas redes sociais. A história de ‘Zoki’, anteriormente conhecido como ‘Cotton’, ganhou destaque global após ser compartilhada pelo Instituto Eliseu, localizado em Santos, no litoral de São Paulo, destacando a profunda conexão estabelecida com seus novos tutores, Mayara Batista Mangolin e Jean Carlos Fenato de Oliveira.
Mayara Batista Mangolin, uma bancária de 33 anos, relata que conheceu Zoki através das publicações online do Instituto Eliseu. As redes sociais da instituição frequentemente mostravam a rotina do animal, que estava disponível para adoção, gerando uma onda de carinho e atenção. “Minhas irmãs de coração me enviaram a informação pelo Instagram. Então procurei mais detalhes e encontrei o Zoki. Eu e meu marido não pensamos duas vezes. Nosso coração falou mais alto e decidimos ficar com ele”, explicou a nova tutora ao g1, evidenciando a imediata paixão pelo cão.
Cão Surdo Aprende Libras com Tutores Também Surdos e Viraliza
O casal, ambos surdos, rapidamente entrou em contato com o instituto e, no dia 13 de setembro, empreendeu uma viagem da capital paulista até Santos para buscar o cão em uma feira de adoção. Esse evento marcou a primeira adoção de um animal de estimação para o casal, um passo que eles encaram com responsabilidade e afeto. “É a nossa primeira adoção como casal e estamos vivendo essa responsabilidade com muito amor”, afirmou Mayara, sublinhando a dedicação ao novo membro da família. Desde então, a família Fenato Mangolin tem se adaptado à nova rotina, com novidades e desafios diários.
A Chegada de Zoki: Do Resgate ao Novo Lar
A saga de Zoki começou antes de encontrar Mayara e Jean. O cão foi levado à sede do Instituto Eliseu no dia 4 de setembro. De acordo com Leila Abreu, presidente da instituição, Zoki foi entregue por uma mulher que alegava tê-lo encontrado na rua. No entanto, a equipe rapidamente suspeitou que se tratava de um abandono. Leila enfatizou a clareza da situação: “A gente percebeu claramente que o cachorro era dela e ela estava louca para se desfazer. Foi muito nítido isso. Um cachorro desse não ficaria na rua há muito tempo, seria atropelado em minutos, porque ele é surdo”, lamentou Leila, expondo a vulnerabilidade do animal.
Leila Abreu, que é especialista em comportamento animal, suspeitou da surdez de Zoki pelas suas características físicas marcantes: ele é um cão de pelagem branca e possui heterocromia, ou seja, um olho de cada cor. A presidente explicou ao g1 que não é incomum que cães e gatos com essas características genéticas nasçam surdos. “Então, imediatamente, nós começamos a fazer testes”, recordou Leila, que realizou avaliações específicas para confirmar a deficiência auditiva. A conclusão do diagnóstico levou Leila a teorizar que essa condição, que dificultava a interação de Zoki com o ambiente e com a possível antiga dona, pode ter sido o motivo para o abandono. Zoki, um cão de idade estimada entre seis e oito meses na época, representa um caso particular que exige cuidados diferenciados.
Aprendizado e a Língua Brasileira de Sinais
Diante do desafio de se comunicar com Zoki, Mayara e Jean tiveram a iniciativa de ensiná-lo a Língua Brasileira de Sinais (Libras). Esse processo de adestramento utilizando a comunicação visual tem se mostrado um sucesso, com Zoki demonstrando um progresso notável. A família dedica tempo e paciência ao ensino, fortalecendo ainda mais o vínculo.
Zoki, que agora vive em um ambiente totalmente inclusivo e amoroso, já demonstra compreensão para diversos comandos básicos. Ele responde positivamente aos sinais para “sentar”, “deitar” e “esperar”, aprendizados que foram alcançados com dedicação e afeto por parte dos seus tutores. “Ele já começou a entender e já sabe os sinais de sentar, deitar e esperar. Não temos pressa; estamos ensinando com paciência e muito amor”, detalhou Mayara, ressaltando a metodologia carinhosa aplicada no processo de comunicação com o animal.
A Virada Viral do Instituto Eliseu
A história de Zoki começou a ganhar os corações de milhões de internautas ainda no período em que estava sob os cuidados do Instituto Eliseu. Um vídeo anterior, que mostrava como a equipe do instituto acordava Zoki com um leve assopro — uma técnica gentil e eficaz para um cão surdo — já havia se tornado viral. Contudo, foi a atualização sobre sua adoção e a adaptação à nova família, com imagens de seu aprendizado de Libras, que ampliou exponencialmente o alcance da história.

Imagem: casal com surdez via g1.globo.com
A mais recente publicação do Instituto Eliseu, que atualizava os internautas sobre o novo capítulo na vida de Zoki, teve uma repercussão ainda maior. O vídeo, emocionante e inspirador, acumulou aproximadamente 30 milhões de visualizações nas diversas plataformas de redes sociais da instituição, evidenciando o poder da internet em compartilhar histórias de superação e inclusão. Este novo pico de popularidade reforçou a importância do trabalho do instituto e a conscientização sobre animais com deficiência.
Mensagem de Conscientização e Orgulho
A busca por um lar adequado para Zoki foi um processo minucioso. Por ser um cão com características físicas consideradas atraentes — pelagem branca, olhos de cores diferentes e ser “peludinho” —, o animal gerou grande interesse de possíveis adotantes. No entanto, Leila Abreu foi extremamente criteriosa, priorizando uma família que oferecesse a paciência e a compreensão necessárias para um animal com surdez. “Por ser um animal que tem olho azul, por ser um animal branco, por ser peludinho, ele é exatamente o que todo mundo quer. Então, somos mais criteriosos ainda”, afirmou a presidente, justificando a rigidez no processo de seleção. Embora tenha avaliado outras pessoas com deficiência auditiva, a escolha de Mayara e Jean se deu pela percepção de que o casal possuía maior disponibilidade de tempo e dedicação para cuidar do cãozinho, que tinha entre seis e oito meses de idade na época da adoção.
Leila Abreu expressou sua emoção ao acompanhar a evolução de Zoki no aprendizado da linguagem de sinais e o sucesso de sua história nas redes. As 30 milhões de visualizações encheram o instituto de orgulho e serviram como plataforma para disseminar uma mensagem crucial: “O que mais queremos é que, quando as pessoas notarem um animal que não interage, primeiro verifiquem se ele não tem alguma doença, anemia ou dor, e depois realizem o teste de surdez”, ressaltou. Leila reforçou seu compromisso em educar a população diariamente. Com pós-graduação em comportamento animal, ela nunca imaginou lidar com um caso tão único quanto o de Zoki, que, para ela, simboliza uma “situação tão especial”, concluindo com gratidão e esperança pela mudança de percepção das pessoas.
Para aprender mais sobre a comunicação com animais de estimação com necessidades especiais e como adaptar os cuidados, você pode consultar artigos especializados sobre o tema.
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A inspiradora trajetória de Zoki e seus tutores surdos demonstra que o amor e a dedicação podem transpor barreiras de comunicação, criando laços indeléveis. Essa história viral não apenas sensibilizou milhões de pessoas, mas também elevou a conscientização sobre a adoção de animais com deficiência e a importância da inclusão. Para explorar mais narrativas inspiradoras e notícias de sua região, continue acompanhando nossa editoria de Cidades e descubra as histórias que impactam sua comunidade.
Crédito da imagem: Arquivo Pessoal
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