Nesta quarta-feira, 10 de dezembro de 2025, o Plenário da Câmara dos Deputados proferiu uma decisão crucial, optando pela **suspensão do mandato do deputado Glauber Braga** (PSOL-RJ) por um período de seis meses. A votação resultou em 318 votos a favor da suspensão, 141 votos contrários e três abstenções. Tal medida impede a cassação do parlamentar e, consequentemente, a perda de seus direitos políticos.
A determinação parlamentar configurou a rejeição da cassação proposta anteriormente. Em vez disso, foi acolhida uma punição alternativa. O caso teve início em abril do ano passado, quando o deputado foi acusado de agredir Gabriel Costenaro, um membro do Movimento Brasil Livre (MBL).
Câmara decide por suspensão de Glauber Braga por seis meses
Para que a suspensão fosse aprovada ou a cassação confirmada, eram necessários, no mínimo, 257 votos dos parlamentares. Durante o processo de votação inicial no Plenário, uma moção de preferência foi aceita, alterando a proposta de cassação – que o tornaria inelegível – para a suspensão de seis meses. Esta alteração recebeu 226 votos a favor e 220 votos contrários, evidenciando uma disputa acirrada sobre a gravidade da punição. Diante deste cenário, parlamentares que inicialmente defendiam a cassação revisaram sua posição, considerando que uma conclusão do processo com alguma forma de punição seria mais prudente do que uma eventual absolvição de Glauber Braga.
A Proposta de Suspensão do Mandato
A suspensão, estabelecida como punição alternativa, foi formalmente proposta pelo deputado Lindbergh Farias (PT-RJ). Essa alternativa ganhou adesão e foi apoiada por membros de diversas siglas partidárias, incluindo PSD e MDB. Entre os que endossaram a suspensão, estava o deputado Hildo Rocha (MDB-MA), que admitiu o equívoco de Braga e o consequente desrespeito ao Código de Ética da Câmara. Contudo, Rocha argumentou que a penalidade máxima, a perda do mandato, seria desproporcional ao ato. “Isso não é motivo de cassação”, defendeu.
Outra voz a se manifestar em defesa de uma punição alternativa foi a da deputada Laura Carneiro (PSD-RJ). Apesar de se posicionar politicamente como oposição a Glauber Braga, Carneiro compreendeu o contexto do incidente. Ela afirmou que também reagiria a provocações, ressaltando a delicada situação pessoal do deputado. “Glauber erra muito. Mas a mãe dele estava na UTI. Eu daria também um tapa [se estivesse na situação]”, declarou a parlamentar.
O deputado Fausto Pinato (PP-SP) alinhou-se a essa perspectiva, ponderando que, embora Glauber Braga tenha cometido um erro e merecesse sanção, a cassação de seu mandato excederia a justa medida para a infração em questão.
Vozezes a favor da Cassação e Rejeição de Emendas
Em contraste com a linha defendida pela suspensão, o relator da matéria, deputado Paulo Magalhães (PSD-BA), reafirmou sua posição a favor da cassação de Braga. Magalhães sustentou que o tema foi minuciosamente discutido em instâncias como a Comissão de Constituição e Justiça e o Conselho de Ética, enfatizando a importância de manter as deliberações anteriores. “Acredito que nós temos que manter todos os conhecimentos que foram apresentados e debatidos”, afirmou.
Pouco antes da votação crucial, o deputado Magalhães rejeitou emendas apresentadas por Lindbergh Farias. Estas emendas visavam estabelecer a punição alternativa de seis meses de suspensão e, em caso de cassação, impedir a inelegibilidade de Braga. A recusa reiterou a firme posição de Magalhães em favor da cassação integral do mandato do parlamentar.
A Defesa de Glauber Braga: “Uma Violência”
Precedendo a votação no plenário, Glauber Braga, visivelmente emocionado, veementemente refutou a possibilidade de ter seu mandato cassado. Ele reiterou que seu ato de chutar o integrante do MBL ocorreu após este ter proferido ofensas dirigidas à sua mãe, que na época passava por tratamento intensivo em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI). “Calar o mandato de quem não se corrompeu é sim uma violência”, declarou o deputado em sua defesa.
Em seu apoio, o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) sublinhou que Glauber Braga não possui histórico de outros processos ou denúncias semelhantes, descrevendo-o como um parlamentar ativo e engajado. “Ele está nas comissões, nas causas e nas lutas”, reforçou Alencar. A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) também se posicionou em favor de Braga, argumentando a ausência de fundamento para uma cassação. Ela exortou os colegas a agirem com consciência, traçando um paralelo e destacando que a ação de Braga em defesa da honra de sua mãe não poderia ser equiparada a outros casos polêmicos, como o envolvendo a deputada Carla Zambelli.
No entanto, a favor da cassação, o deputado Kim Kataguiri (União-SP) contestou a narrativa de Braga, alegando que as imagens disponíveis não provam as ofensas à mãe do parlamentar. Kataguiri sugeriu que Braga era “incapaz de debater o tema no mérito”. Nikolas Ferreira (PL-MG) também defendeu a cassação, concordando que a defesa da família seria justificável em caso de ofensas, mas argumentando que Glauber “mentiu”. Ferreira ainda recordou que Braga havia votado favoravelmente à cassação do então deputado Daniel Silveira.
Precedentes e Protestos
Em um incidente anterior à votação final, na terça-feira (9), Glauber Braga havia protagonizado um protesto, ocupando a cadeira da presidência da Câmara dos Deputados. O parlamentar foi então retirado à força por agentes da Polícia Legislativa Federal. Esse ato ocorreu após o presidente da Câmara, Hugo Motta, anunciar que levaria ao Plenário não apenas o pedido de cassação de Braga, mas também os processos referentes a Carla Zambelli (PL-SP) e Delegado Ramagem (PL-RJ), embora esses casos não possuam qualquer relação direta entre si. Na ocasião do protesto, Braga proferiu: “Que me arranquem desta cadeira e me tirem do plenário.”
Decisão do Conselho de Ética
Em abril, o Conselho de Ética da Câmara dos Deputados já havia se pronunciado sobre o caso, aprovando, por 13 votos a cinco, o parecer favorável à cassação de Glauber Braga por quebra de decoro parlamentar. Naquela ocasião, o partido Novo apresentou a argumentação de que Glauber agrediu Costenaro durante uma manifestação de apoio a motoristas de aplicativo, em meio a debates sobre a regulamentação da categoria profissional. Durante a sessão do conselho, Glauber Braga explicou que a agressão foi desencadeada após um histórico de provocações reiteradas por parte do membro do MBL.
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A decisão pela suspensão de seis meses do deputado Glauber Braga pela Câmara dos Deputados representa um capítulo significativo na história recente do parlamento brasileiro. Esta medida, que impediu a cassação e a inelegibilidade do parlamentar, resultou de um complexo debate, com fortes posicionamentos de diferentes alas políticas. Para aprofundar-se em outras pautas importantes do cenário nacional, continue acompanhando nossa editoria de Política e fique por dentro dos principais acontecimentos que moldam o Brasil.
Crédito da imagem: Lula Marques/ Agência Brasil

