A questão do calor intenso na Copa do Mundo de 2026 surge como um dos principais entraves para a organização do torneio. A preocupação com as altas temperaturas no período de realização do evento, de 11 de junho a 19 de julho, já gera discussões acaloradas e potenciais mudanças significativas para a maior competição de futebol do planeta. Um dos alertas veio de uma manchete do jornal britânico The Times, indicando que jogos da Inglaterra poderiam começar à 1h da manhã no Reino Unido para mitigar os efeitos do calor.
Os horários das partidas na Copa do Mundo expandida, que contará com 48 seleções, configuram-se como um verdadeiro quebra-cabeça para os organizadores. O desafio reside em conciliar o bem-estar dos atletas com a demanda das televisões europeias, que buscam exibir os principais jogos no horário nobre. O exemplo dramático de Maxime Crepeau, goleiro do Canadá, socorrendo o bandeirinha Humberto Panjoj, que desmaiou com o calor em um jogo da Copa América 2024 em Kansas City, reforça a seriedade da questão da saúde em campo.
Calor Intenso é o Maior Desafio para a Copa do Mundo 2026
O dilema em torno do impacto do calor nas condições de jogo está intrinsecamente ligado à dependência financeira da FIFA em relação aos direitos de transmissão de TV. Milhões são movimentados nessa transação, e horários convenientes para audiências-chave são cruciais. Uma partida começando às 20h na Inglaterra, por exemplo, ideal para o público e o faturamento de pubs, significaria um pontapé inicial ao meio-dia em Los Angeles, um horário inviável devido às altas temperaturas esperadas nos Estados Unidos, México e Canadá, os países-sede.
Embora nenhuma seleção europeia tenha garantido sua vaga ainda, grandes nomes como Inglaterra, França, Espanha e Portugal já demonstram boa performance nas Eliminatórias. O sorteio dos grupos, agendado para 5 de dezembro de 2025, definirá os cenários iniciais. O calendário, porém, já revela uma fase de grupos densa, com 15 dias consecutivos que podem apresentar quatro ou mais jogos por dia. Além disso, a infraestrutura dos estádios adiciona uma camada de complexidade: dos 16 palcos da Copa, 11 não possuem cobertura, incluindo o local previsto para a final, em Nova Jersey.
As lições da Copa do Mundo de Clubes de 2025, realizada no mesmo período do Mundial de 2026, ressaltaram o impacto das temperaturas elevadas sobre os jogadores e a experiência dos torcedores. Eventos teste como este são cruciais para a FIFA avaliar e adaptar as estratégias para o torneio principal.
A preocupação com o bem-estar dos jogadores é central. Um estudo recente conduzido por pesquisadores da Queens University em Belfast, na Irlanda do Norte, trouxe dados alarmantes ao revelar que em 14 dos estádios programados, as temperaturas podem atingir níveis perigosos para a saúde humana. Diante disso, a FIFPro, entidade global que defende os interesses dos atletas profissionais, fez recomendações formais à FIFA. A organização solicitou o aumento do intervalo de jogo de 15 para 20 minutos, além da instituição obrigatória de duas paradas para hidratação durante cada partida, como forma de minimizar riscos de saúde para os atletas em condições extremas.
O debate sobre a realização de competições esportivas durante o verão norte-americano não é recente, precedendo inclusive as discussões sobre aquecimento global. A Copa do Mundo de 1994, sediada nos Estados Unidos, é frequentemente citada como um precedente marcante, sendo uma das edições mais quentes da história, com médias de 33°C. A final memorável entre Brasil e Itália, disputada em Pasadena, Califórnia, começou às 12h30 local e foi jogada sob uma temperatura extenuante de 40°C.
Para além dos desafios climáticos, a organização do torneio também enfrenta tensões com o anfitrião Donald Trump. Amigo de Gianni Infantino, presidente da FIFA, Trump capturou a atenção na cerimônia de premiação da Copa do Mundo de Clubes ao subir ao palco junto aos jogadores do Chelsea. Inclusive, há relatos de que o troféu teria permanecido na Casa Branca, com uma réplica na sede do clube inglês.
As políticas de imigração e as disputas tarifárias de Trump com outros países também levantam preocupações sobre a vinda de torcedores ao Mundial. O ex-presidente já fez ameaças de excluir cidades como Seattle e São Francisco da lista de sedes, atribuindo-lhes “governo de lunáticos radicais de esquerda”. A FIFA, através de seu vice-presidente Victor Montagliani, tem procurado amenizar a situação. “O futebol sobreviverá a regimes, governos, slogans, e eles causam uma dor de cabeça de vez em quando”, afirmou Montagliani, adicionando que a beleza do jogo reside em ser “maior do que qualquer indivíduo ou país”. Resta observar como essa retórica se alinhará com a imprevisibilidade de Donald Trump, uma figura que promete gerar mais debates até 2026.
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Em suma, a Copa do Mundo de 2026 se perfila como um evento que transcenderá as quatro linhas do campo, desafiando a FIFA em múltiplos aspectos, do bem-estar dos atletas às complexidades políticas e econômicas. O calor nos Estados Unidos, México e Canadá é um fator que exigirá soluções criativas e robustas dos organizadores. Para acompanhar todas as atualizações e análises sobre os preparativos e impactos desse grande evento esportivo, continue navegando em nossa editoria de Esporte e mantenha-se informado sobre os principais desdobramentos no cenário do futebol mundial.
Crédito da imagem: Jamie Squire – 25.jun.24/Getty Images via AFP
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