TÍTULO: Caixa revela lista de assessores com laços políticos
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META DESCRIÇÃO: A Caixa Econômica Federal divulga nomes de assessores diretos com vínculos políticos. Saiba detalhes sobre as nomeações, incluindo ex-mulher de ministro e familiares de congressistas.
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A revelação de nomes entre os assessores diretos da presidência da Caixa Econômica Federal tem gerado discussão sobre as conexões políticas dentro da instituição financeira estatal. Informações obtidas por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI) indicam que o quadro de consultores inclui indivíduos com laços familiares e profissionais com figuras proeminentes do cenário político nacional. A lista destaca a presença da filha de um deputado federal do Centrão, o irmão de um prefeito de capital, a ex-esposa de um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e um advogado com vínculos diretos com o deputado federal Arthur Lira (PP-AL), considerado o principal padrinho político do atual presidente da Caixa, Carlos Vieira.
Essas nomeações, referentes a pessoas que atuam como assessores sem serem servidores de carreira do banco, foram alvo de um pedido de acesso à informação. A requisição à Caixa foi feita em 9 de maio. No entanto, a divulgação da lista completa ocorreu apenas em 22 de setembro, depois de uma intervenção decisiva da Controladoria-Geral da União (CGU), que derrubou os argumentos da estatal para reter os dados.
Caixa revela lista de assessores com laços políticos
A princípio, a estatal havia justificado a não divulgação da relação dos assessores da Caixa alegando possíveis riscos à segurança física dos indivíduos e a chance de assédio por parte de instituições concorrentes. Tais justificativas foram contestadas e rejeitadas pela CGU, que emitiu uma determinação para que as informações fossem disponibilizadas ao público. A Controladoria argumentou que a publicidade desses dados é fundamental para a transparência e o controle social de cargos considerados estratégicos em uma empresa pública federal.
Carlos Vieira assumiu a presidência da Caixa em novembro de 2023, e as nomeações de diversos desses consultores ocorreram logo após sua posse ou nos meses seguintes. Embora a Caixa não tenha informado os salários desses consultores, fontes internas mencionam valores próximos a R$ 40 mil mensais. O banco apenas reiterou que a escolha dos consultores segue as normas internas e os procedimentos de governança, compliance e integridade da instituição, garantindo mecanismos para prevenir potenciais conflitos de interesse.
Relações familiares e políticas entre os novos assessores
Entre os nomes que compõem o grupo de assessores da presidência da Caixa, destaca-se Maria Socorro Mendonça Carvalho Marques, ex-esposa do ministro do STF Kassio Nunes Marques. Economista de formação, ela já teve passagem por gabinetes no Senado Federal e, antes de sua nomeação na Caixa em 26 de dezembro de 2023, atuava como assessora parlamentar júnior. A ligação dela com a política não é novidade, considerando seu histórico de trabalho com ex-senadores.
Outro vínculo político significativo é o de Mayara Santiago, filha do deputado federal Wilson Santiago (Republicanos-PB). A advogada foi nomeada para a equipe de assessoria em 11 de dezembro de 2023. O pai de Mayara é conhecido por sua proximidade com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), com quem inclusive já dividiu funcionários em gabinetes. O deputado Wilson Santiago não se manifestou quando questionado sobre a nomeação de sua filha.
A lista também inclui João Antônio Holanda Caldas, irmão do prefeito de Maceió, João Henrique Caldas (PL), o JHC, e filho da senadora Dra. Eudócia (PL-AL). Ele assumiu o posto de consultor em 2 de fevereiro de 2024. Anteriormente, João Antônio teve uma breve passagem como deputado federal, atuando como suplente eleito pelo estado da Bahia. A Caixa, ao justificar a contratação de Caldas em junho, citou sua experiência parlamentar como relevante para as atribuições do cargo, que incluem a análise do cenário político e econômico para auxiliar a alta gestão.
Vínculos com Arthur Lira e as articulações partidárias
Carlos Vieira foi alçado à presidência da Caixa por indicação direta de Arthur Lira. Consequentemente, as posições estratégicas do banco têm sido disputadas e ocupadas por indicados de partidos do centrão e da direita, como PP, Republicanos e PL, o que denota um arranjo político de composição de forças. Dentro desse contexto, figura também na lista de consultores o advogado Luiz Maurício Carvalho e Silva, nomeado em 20 de setembro de 2024.
Luiz Maurício Carvalho e Silva tem uma relação profissional de longa data com o presidente da Câmara, tendo atuado como advogado de Arthur Lira em casos de disputa de terras em Pernambuco, além de já ter representado a mãe do deputado em outro processo legal. Nem o advogado, nem Arthur Lira se manifestaram quando questionados a respeito do assunto pela reportagem.
Imagem: www1.folha.uol.com.br
As pressões e demissões no contexto político são também evidentes na Caixa. José Trabulo Junior, que atuava como consultor da presidência e era uma indicação do presidente do PP, Ciro Nogueira, foi demitido em uma sexta-feira recente, dia 10. A medida veio como resposta à derrota de uma Medida Provisória crucial para o governo na Câmara dos Deputados. Embora tenha indicado Trabulo Junior, Ciro Nogueira tem se posicionado publicamente cobrando o afastamento do PP do governo e buscando articulações para a próxima corrida presidencial, apesar de André Fufuca, também do PP, seguir no Ministério do Esporte.
Em movimento semelhante, a Caixa destituiu Rodrigo de Lemos Lopes da Vice-Presidência de Sustentabilidade e Cidadania Digital. Lopes era um aliado de Altineu Côrtes (PL-RJ), vice-presidente da Câmara e ex-líder do partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, mesmo diante das alianças partidárias no cenário atual, essas movimentações indicam um dinamismo nas relações entre o governo e as lideranças parlamentares.
A Controladoria-Geral da União enfatizou a importância da transparência em entidades públicas. Para a CGU, “Eventuais riscos identificados devem ser enfrentados por medidas de segurança institucional, e não pela restrição de acesso.” Esse princípio está alinhado com o que pode ser encontrado em normativas como a Lei de Acesso à Informação, que visa garantir a abertura de dados e a accountability do poder público.
Transparência e Governança na Caixa Econômica Federal
A revelação dos nomes dos assessores não servidores demonstra a constante necessidade de supervisão sobre as nomeações em estatais brasileiras. A medida em que cargos de assessoria estratégica são preenchidos por indicações políticas e a capacidade da CGU em impor a transparência são pontos cruciais para a credibilidade e a governança das instituições. A própria Caixa já publiciza informações de seus dirigentes de alto escalão, o que reforça o entendimento de que esses dados devem ser públicos e passíveis de controle social.
Confira a lista dos assessores não servidores da presidência da Caixa Econômica Federal, incluindo as respectivas datas de nomeação ou demissão, conforme o levantamento:
- Ana Miguel Teixeira da Silva – 06/11/2024
- Fabiano Pereira Cortes – 18/03/2024
- Hellen Falcão de Carvalho – 10/11/2023
- João Antônio Holanda Caldas – 02/02/2024
- José Jesus Trabulo de Sousa Junior – Demitido na sexta (10)
- Luiz Maurício Carvalho e Silva – 20/09/2024
- Maria Salete Cavalcanti – 31/10/2023
- Maria Socorro Mendonça Carvalho Marques – 26/12/2023
- Marina Selerges – 20/12/2023
- Mauro Borges Lemos – 13/02/2023
- Mayara Raissa Alves de Oliveira Santiago – 11/12/2023
- Renato Nardoni – 20/11/2023
- Ricardo Tom de Oliveira – 09/11/2023
- Roberto Barros Barreto – 10/03/2023
- Valoni Adriano Procópio – 10/03/2023
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Este levantamento sobre os assessores da Caixa e suas ligações políticas sublinha a relevância da vigilância cidadã e do trabalho jornalístico em desvendar as estruturas do poder. Para se manter atualizado sobre os desdobramentos na economia e na política brasileira, continue acompanhando nossa editoria e outras notícias recentes.
Crédito da imagem: Pedro Ladeira-9.nov.2023/Folhapress
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