O cenário automotivo global acaba de testemunhar um marco significativo no desenvolvimento de veículos elétricos de alta performance. O modelo Yangwang U9, um superesportivo fabricado pela BYD, consolidou sua posição como o automóvel elétrico de produção mais veloz do mundo. Este feito foi alcançado durante testes de performance rigorosos, nos quais o veículo registrou uma velocidade excepcional que redefiniu os parâmetros de capacidade dos veículos eletrificados atualmente disponíveis no mercado global.
Recorde Global de Velocidade e Detalhes da Conquista
A conquista do novo recorde mundial de velocidade foi realizada nas sofisticadas e mundialmente reconhecidas instalações de Papenburg, situadas na Alemanha. Neste ambiente de teste de última geração, o BYD Yangwang U9 demonstrou seu potencial ao atingir a impressionante marca de 472,41 quilômetros por hora (km/h). A validação dessa velocidade máxima coube ao piloto profissional Marc Basseg, que conduziu o superesportivo em condições otimizadas.
O veículo utilizado para estabelecer este recorde foi uma versão específica do modelo, conhecida como Track Edition. Esta configuração particular do Yangwang U9 não é apenas projetada para maximizar o desempenho em pista, mas também é um produto integralmente comercializável, que incorpora todos os equipamentos e elementos necessários para a sua homologação e operação legal em vias públicas, englobando tanto o tráfego urbano quanto as estradas. Uma característica de destaque presente nesta versão Track Edition é a inclusão de um difusor dianteiro construído em fibra de carbono. Este componente não somente adiciona um visual mais agressivo, mas, crucialmente, contribui para otimizar o desempenho aerodinâmico do veículo, o que é um fator preponderante para a estabilidade e a manutenção da performance em altíssimas velocidades.
Antes do recente feito, o Yangwang U9 já havia demonstrado um desempenho notável. Em uma avaliação realizada no mês de novembro do ano anterior, a configuração considerada convencional do superesportivo alcançou 391,94 km/h. Naquela ocasião, os testes também foram conduzidos pelo mesmo piloto profissional, Marc Basseg, confirmando a consistência e a capacidade inerente de alta velocidade do veículo em diferentes de suas configurações.
Potência e Aceleração Superiores: Engenharia de Ponta
A concepção mecânica do BYD Yangwang U9 revela uma engenharia complexa e poderosa, central para suas extraordinárias capacidades. O veículo integra um avançado sistema de propulsão com tração nas quatro rodas, que é impulsionado por quatro motores elétricos distintos, cada um designado a uma das rodas. Individualmente, cada um desses motores gera uma potência de 326 cavalos-vapor (cv), resultando em uma potência combinada e total impressionante de 1.306 cv.
Além da robustez da potência, o superesportivo elétrico se destaca pelo torque gerado, atingindo a marca de 130,5 kgfm (quilograma-força metro). Para contextualizar a força bruta desse sistema de propulsão, a potência total de 1.306 cv do Yangwang U9 supera em 2,3 vezes a potência do motor Coyote 5.0L V8, um propulsor reconhecido que equipa veículos como a renomada picape Ford F-150, ressaltando o salto tecnológico e a performance alcançados pela BYD no segmento de veículos de alta performance.
O foco no desenvolvimento do U9 recai de forma significativa em sua capacidade de aceleração, um quesito no qual o modelo redefine padrões. O veículo é capaz de acelerar de 0 a 100 km/h em um curtíssimo período de apenas 2,3 segundos. Esse dado o posiciona de forma superior, inclusive, a superesportivos híbridos consagrados no mercado, evidenciando o desempenho explosivo proporcionado pela motorização elétrica.
Como um ponto de comparação, a Ferrari SF90 Stradale, atualmente reconhecida por sua excecional aceleração no segmento de mercado, cumpre a mesma tarefa de 0 a 100 km/h em 2,5 segundos. É válido mencionar que a arquitetura propulsora da Ferrari é distinta, combinando um potente motor V8 biturbo F154 FA com três motores elétricos em um sofisticado sistema híbrido plug-in. Apesar das diferentes abordagens tecnológicas, o Yangwang U9 demonstrou ser mais ágil na resposta inicial.
Com relação à velocidade máxima oficial, existem algumas diferenças técnicas entre os modelos. A velocidade máxima nominal do Yangwang U9, tal como vem de fábrica e é apresentada para o consumidor, é de 309 km/h. Por sua vez, a Ferrari SF90 Stradale ostenta uma velocidade máxima um pouco superior em sua configuração padrão, atingindo os 340 km/h. No entanto, o recorde estabelecido pelo Yangwang U9, que ultrapassou a marca de 470 km/h, foi obtido em condições específicas de teste onde as limitações de velocidade normalmente presentes em veículos de produção foram temporariamente removidas, permitindo explorar o máximo potencial intrínseco de sua engenharia e motorização.
Inovações da Suspensão: Saltos e Coreografias
Para além da impressionante performance em velocidade, o Yangwang U9 integra tecnologias que o distinguem de maneira marcante na categoria de superesportivos. O veículo apresenta habilidades notáveis que transcendem as capacidades usuais, incluindo a capacidade de realizar movimentos coreografados sincronizados com música e de “saltar” ativamente para evitar obstáculos, como buracos, em diversas superfícies de condução.
A manobra de salto é viabilizada por um sofisticado sistema hidráulico que possui uma capacidade de resposta ultrarrápida. Essa suspensão permite elevar o corpo do carro em até 75 milímetros (equivalente a 7,5 centímetros). A agilidade do sistema é particularmente notável, sendo capaz de realizar essa elevação a uma velocidade de 500 milímetros por segundo, ou seja, meio metro em um segundo. Tal força gerada é robusta o suficiente para elevar uma massa que excede uma tonelada.
O tempo que o veículo necessita para executar essa elevação e efetuar o “salto” é notavelmente breve, de apenas meio segundo. Esta característica proporciona uma funcionalidade prática, como a capacidade de desviar instantaneamente de buracos inesperados em ruas, estradas ou pistas, contribuindo para a segurança e a integridade mecânica do veículo. Uma demonstração pública realizada pela BYD ilustrou essa capacidade: o Yangwang U9 foi capaz de atingir uma velocidade de 120 km/h e, em seguida, saltar, percorrendo cerca de seis metros no ar durante a execução da manobra, comprovando a eficácia do sistema em altas velocidades.
A suspensão do U9 não é utilizada apenas para manobras evasivas; seu controle preciso é também empregado para fins de entretenimento. O veículo é capaz de “dançar” em sincronia com apresentações musicais. Essa funcionalidade é potencializada pela integração de caixas de som externas, que emitem a música, e luzes que piscam em compasso com o ritmo, transformando o veículo em um centro de espetáculo dinâmico, realçando a versatilidade e a inovação tecnológica da BYD.
Comercialização e Valores no Mercado
Apesar de seu lançamento e dos impressionantes atributos, o BYD Yangwang U9 ainda não está disponível para comercialização no território brasileiro. No entanto, para o mercado de origem da BYD, a China, o superesportivo já possui seu valor de partida. O modelo é comercializado a partir de 1,68 milhão de renminbis (RMB). Ao se realizar a conversão para o real brasileiro (BRL), considerando as taxas de câmbio atuais, este montante equivale a aproximadamente R$ 1,3 milhão. Essa precificação posiciona o Yangwang U9 no segmento de luxo e alta performance no mercado global.
O Centro de Testes de Papenburg: Uma Referência Global
A conquista do recorde mundial de velocidade pelo BYD Yangwang U9 não poderia ter ocorrido em um cenário mais adequado do que a pista de testes de Papenburg. Este complexo, reconhecido internacionalmente pela excelência e rigor de suas avaliações, é um local fundamental para a verificação do desempenho de veículos de alto escalão. Localizada no norte da Alemanha, em uma região próxima à fronteira com a Holanda, Papenburg se estende por um circuito de 55,3 quilômetros de extensão total, caracterizado pela diversidade de suas seções, cada uma projetada para uma função específica de teste.
A meticulosa segmentação do circuito de Papenburg permite uma análise abrangente dos veículos. Detalhes de cada seção:
Teste Acústico: Com 300 metros de comprimento, essa seção é dotada de duas faixas, planejadas para o tráfego de automóveis de passeio e caminhões. O foco principal é a mensuração e análise do nível de ruído emitido pelos veículos, incluindo tanto o som proveniente do motor quanto o gerado pelo contato dos pneus com o asfalto. Essencial para avaliar a conformidade com normas e o conforto sonoro.
Teste de Inclinação (Primeira Seção): Nesta seção de 75 metros de comprimento, existem duas faixas padrão complementadas por duas faixas adicionais que possuem diferentes inclinações. Uma das faixas extras apresenta uma inclinação de 15 graus, enquanto a outra alcança 20 graus. Tal configuração é utilizada para testar o desempenho da tração, a capacidade de frenagem e a estabilidade em condições de subida e descida íngremes.
Teste de Freio: Este complexo dedicado tem uma extensão total de 3.810 metros. Nele, encontram-se oito pistas distintas, cada uma pavimentada com um tipo diferente de material, como concreto, granito e asfalto. A variedade de superfícies é crucial para a avaliação exaustiva dos sistemas de frenagem, simulando as diferentes condições de aderência encontradas nas vias públicas.

Imagem: g1.globo.com
Teste de Cidade: Com 693 metros de comprimento, essa pista simula um ambiente urbano com suas curvas fechadas e a capacidade de introdução de água salgada no solo. O objetivo é testar o comportamento de veículos de até 7,5 toneladas em manobras de cidade, além de verificar a resistência à corrosão e o desempenho em pisos molhados, refletindo o cenário real de uso.
Teste de Durabilidade (Primeiro Trecho): Totalizando 12,4 quilômetros, este trecho é destinado à verificação da longevidade e robustez dos componentes veiculares. A pista foi projetada com poucas curvas acentuadas, permitindo que os testes de durabilidade simulem percursos longos, com menor exigência de viragens, focando no estresse constante e prolongado sobre a estrutura e mecânica do veículo.
Teste de Durabilidade (Segundo Trecho): Também com 12,4 quilômetros de extensão, mas com uma configuração de curvas diferente da seção anterior. Este segmento é projetado para simular um percurso que inclui tanto curvas suaves quanto curvas mais fechadas em um trajeto longo. Essa variação testa a resiliência do veículo e seus componentes sob distintos níveis de força lateral e demandas dinâmicas.
Teste de Cascalho: Este trecho de 3,7 quilômetros de comprimento é especializado em simular a condução fora do asfalto. A pista incorpora diversos tipos de cascalho, cada um com uma granulometria específica, para replicar distintas condições de superfícies não pavimentadas e avaliar a performance da suspensão, tração e controle em terrenos acidentados.
Teste de Direção: Uma miniatura do famoso Circuito de Hockenheim, esta pista de 2,5 quilômetros é otimizada para a realização de testes voltados à dinâmica de condução e avaliação em cenários que emulam competições. Ideal para ajustes finos em direção, suspensão e sistemas de controle eletrônico, sob a máxima exigência dinâmica.
Teste Oval de Alta Velocidade: Este é o trecho de 12,3 quilômetros de comprimento onde o BYD Yangwang U9 registrou seu recorde. Caracterizada por suas curvas superinclinadas (peraltes), esta pista permite aos veículos atingir e manter as velocidades mais elevadas possíveis em condições seguras, sendo a área ideal para validar limites de velocidade e performance máxima de motorização.
Teste de Inclinação (Segunda Seção): Em seus 142,5 metros, esta pista permite testar veículos em subidas e descidas com inclinação de até 18%. Fundamental para avaliar a potência de arrancada em ladeiras, a eficácia do freio-motor e o controle de tração em inclinações desafiadoras.
Teste de Pavimento Ruim: Estendendo-se por 3.286 metros, esta seção foi criada para replicar diversas imperfeições comuns em estradas com asfalto degradado, incluindo buracos, rachaduras e outras falhas estruturais. É um teste crucial para verificar a robustez da suspensão, a durabilidade dos componentes do chassi e o conforto interno sob condições adversas.
Teste de Suspensão: Com um comprimento reduzido de 24,6 metros, esta pista contém ondulações de 30 centímetros de altura. Seu propósito é medir a capacidade do veículo de manter a estabilidade e a aderência das rodas, mesmo quando uma delas está sem tração ou passa por desníveis abruptos, sendo essencial para o ajuste da resposta de amortecedores e sistemas de controle.
Testes Dinâmicos: Esta área, que possui 2.590 metros de extensão, é notável pela sua versatilidade, apresentando múltiplos formatos de pista, como seções circulares, trapezoidais e retas. Esse design permite uma ampla gama de avaliações da dinâmica do veículo, abrangendo desde a resposta da direção e estabilidade em manobras evasivas até os limites de aderência em curvas, em um ambiente controlado.
Teste de Pista Molhada: Com 1,1 quilômetro de extensão, esta pista é equipada com um sistema de irrigação contínua que simula condições de chuva ou piso molhado. Ela combina trechos retos com curvas e é utilizada para avaliar o comportamento do veículo em aquaplanagem, a eficácia dos sistemas de controle de estabilidade e tração, e a segurança geral em condições de baixa aderência.
Supercarros Previamente Testados em Papenburg
A relevância de Papenburg é sublinhada pela história de supermáquinas que já passaram por suas instalações para validar recordes e performances. Entre os veículos emblemáticos que já realizaram feitos significativos na pista alemã estão:
Em 2017, o Koenigsegg Agera RS impressionou o mundo ao necessitar de apenas 36,4 segundos para acelerar de 0 a 400 km/h e, em seguida, frear completamente até a imobilidade, demonstrando um balanço notável de potência e capacidade de frenagem.
No ano de 2022, o Rimac Nevera, outro supercarro elétrico, foi reconhecido por seus feitos em Papenburg, sendo então listado como o automóvel elétrico mais veloz do mundo após registrar uma velocidade de 412 km/h. Esta performance serviu de precursor para o recorde estabelecido posteriormente pelo Yangwang U9.
Mais recentemente, em 2024, o Bugatti W16 Mistral alcançou a marca de 453,91 km/h, estabelecendo-se como o conversível mais rápido do mundo a ser testado na exigente pista alemã. Esses registros demonstram a constância de Papenburg como palco para as grandes proezas da engenharia automotiva.
A conquista do Yangwang U9 não só reforça a capacidade tecnológica da BYD no setor automotivo global, mas também marca um avanço notável na corrida por performance no crescente mercado de veículos elétricos de alto desempenho.
Com informações de g1.globo.com
🔗 Links Úteis
Recursos externos recomendados