A situação da brasileira presa no Camboja, Daniela Marys, de 36 anos, vivenciou um desdobramento importante nesta quinta-feira, dia 23 de agosto de 2024. Acompanhada por sua irmã, Lorena Oliveira, e pela ONG Um Grito Pela Vida, que monitora o caso de perto, Daniela enfrentou seu julgamento em Phnom Penh. No entanto, a tão esperada decisão final não foi imediatamente proferida e está agendada para o dia 12 de novembro.
A família da brasileira, com residência em São Paulo, e a organização de apoio afirmam categoricamente que Daniela está detida de forma injusta, sendo uma suposta vítima de uma rede de tráfico humano. A acusação oficial que pesa contra ela é a de tráfico de drogas, mas a defesa e os familiares sustentam veementemente que as substâncias ilegais foram forjadas e inseridas em seus pertences sem seu conhecimento.
Brasileira Presa no Camboja: Julgamento de Daniela Marys Define Futuro
Até o momento, a família de Daniela permanece sem informações concretas sobre qual seria a substância exata que levou à sua detenção, conforme relato de sua irmã, Lorena Oliveira, à Folha. As autoridades locais mencionam apenas a posse de três cápsulas como base para a acusação. A ONG que apoia Daniela também nega qualquer envolvimento dela com atividades de narcotráfico, reforçando o cenário de exploração. Segundo Isabel do Rocio, que atua na organização e auxilia a família, Daniela morava em um alojamento compartilhado, com restrições severas, incluindo a impossibilidade de fechar a porta do dormitório. “Nem para dormir, estavam sempre vigiando. Como isso não é tráfico humano?”, questiona Isabel, reiterando o objetivo da defesa de desqualificar o crime e buscar justiça, apesar do conhecimento da existência de “muita gente grande nesse comércio humano”.
A Falsa Promessa de Emprego e a Descoberta do Esquema
A viagem de Daniela Marys ao Camboja, em 30 de janeiro, foi motivada por uma suposta proposta de trabalho na área de telemarketing. Lorena Oliveira, irmã da arquiteta, explicou que a família expressou preocupação com a ideia, mas Daniela encarava a oportunidade como uma solução temporária para juntar dinheiro e retornar ao Brasil. A experiência anterior de Daniela em viagens internacionais, com passagens pelos Estados Unidos e Dubai, onde nunca havia enfrentado problemas, gerava uma falsa sensação de segurança.
Após a chegada ao país asiático, Daniela rapidamente percebeu a estranheza do complexo onde estava empregada e residia. Um dos primeiros sinais de alerta foi a obrigatoriedade de entregar o passaporte logo na chegada. Pouco tempo depois, a triste verdade veio à tona: seu trabalho consistia em aplicar golpes financeiros contra outros brasileiros. Ao descobrir a natureza ilícita de suas atividades, a arquiteta entrou em pânico e exigiu ser liberada do local. Em 26 de março, porém, sua situação se agravou dramaticamente quando policiais apareceram em seu dormitório e a prenderam sob a alegação de posse das referidas cápsulas.
A Luta por Contato e o Golpe Adicional
A partir da prisão, a comunicação com Daniela tornou-se um desafio imenso para a família. Lorena relatou que, aproveitando-se do momento de vulnerabilidade, criminosos em posse do telefone de Daniela aplicaram um golpe adicional, forçando a família a realizar uma transferência de R$ 27 mil. Este incidente expôs ainda mais a gravidade e a perversidade da rede em que a brasileira se viu envolvida, transformando o drama familiar em uma dupla tragédia.

Imagem: www1.folha.uol.com.br
Atuação do Itamaraty e Alertas Nacionais
Diante do cenário complexo, o Itamaraty, por meio da Embaixada do Brasil em Bangcoc, na Tailândia, está acompanhando o caso. Embora o ministério não possa divulgar detalhes específicos da investigação, confirmou sua atuação no suporte. Vale ressaltar que o governo federal anunciou em 2024 a intenção de abrir uma embaixada própria no Camboja, com a diplomata Vivian Sanmartin já aprovada para a chefia, mas a instituição ainda não foi inaugurada, o que justifica o monitoramento pela embaixada do país vizinho.
O Itamaraty tem se engajado ativamente em iniciativas de prevenção contra o tráfico humano. Desde 2022, quando os primeiros casos de brasileiros aliciados na região foram identificados, o governo publicou alertas sobre as ofertas enganosas de emprego. Um novo comunicado foi emitido em fevereiro de 2025, reiterando a seriedade da ameaça. Nestes alertas, o ministério detalha que os golpes frequentemente envolvem propostas para trabalhar em call centers ou cassinos – como no caso de Daniela – onde as vítimas são frequentemente submetidas a condições análogas à escravidão, coagidas a praticar fraudes cibernéticas e a recrutar outras pessoas da mesma nacionalidade. Para mais informações sobre a prevenção e o combate ao tráfico de pessoas, é possível consultar os esforços governamentais neste link oficial do governo brasileiro.
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O caso de Daniela Marys ilustra os perigos ocultos em propostas de trabalho no exterior, especialmente em regiões vulneráveis a redes de exploração. A família e os apoiadores agora aguardam ansiosamente a decisão de 12 de novembro, que definirá o futuro da brasileira. Mantenha-se atualizado sobre este e outros temas relevantes de Política e direitos humanos em nossa editoria.
Crédito da imagem: Arquivo pessoal




