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Brasileira Condenada por Matar Ex-Marido é Presa na Itália

A Justiça brasileira alcançou Flávia Alves Musto, a brasileira condenada por mandar matar seu ex-marido Isaías de Lira há duas décadas no Grande Recife, com sua prisão pela Interpol em Pisa, na Itália. A detida, que enfrentava uma sentença de mais de 20 anos de reclusão, foi localizada após uma minuciosa investigação liderada pela família […]

A Justiça brasileira alcançou Flávia Alves Musto, a brasileira condenada por mandar matar seu ex-marido Isaías de Lira há duas décadas no Grande Recife, com sua prisão pela Interpol em Pisa, na Itália. A detida, que enfrentava uma sentença de mais de 20 anos de reclusão, foi localizada após uma minuciosa investigação liderada pela família da vítima e encontra-se agora aguardando as definições sobre seu processo de extradição. Sua prisão ocorreu na última semana, encerrando um período de mais de oito anos em que seu paradeiro era desconhecido para as autoridades.

Flávia Alves Musto é apontada como a mentora do sequestro e assassinato de Isaías de Lira, que tinha 27 anos na época do crime, em 14 de agosto de 2005, em Paulista, Pernambuco. Segundo o processo, ela teria contratado pistoleiros para executar o ex-companheiro, cujo corpo foi encontrado sem vida em uma estrada de terra. A família da vítima, em especial sua irmã Allira Lira, assistente jurídica, revelou que o paradeiro de Flávia estava sob sigilo desde 2015. A descoberta da sua localização no exterior, ocorrida no início deste mês, foi fruto de um empenho incansável por parte de Allira. Informações divulgadas inicialmente pela Folha de Pernambuco e confirmadas por veículos como o g1 trouxeram a público os detalhes desta perseguição de anos.

Brasileira Condenada por Matar Ex-Marido é Presa na Itália

A caçada por Flávia Alves Musto teve um avanço decisivo quando Allira Lira, irmã de Isaías, descobriu que sua ex-cunhada havia se casado novamente e registrado a união com um cidadão italiano. Essa revelação surgiu por meio de uma certidão de casamento localizada em um cartório de Petrolina, no Sertão do estado. A assistente jurídica contou que a pesquisa foi facilitada por um amigo e ocorreu enquanto ela se dedicava à escrita de um livro sobre o caso de seu irmão. Esta descoberta se provou fundamental para rastrear os passos da foragida e alertar as autoridades competentes sobre sua nova identidade e residência no exterior. A defesa de Flávia Alves Musto não se manifestou até o momento.

O processo de identificação de Flávia exigiu que Allira consultasse detalhadamente o processo judicial. “Tive que folhear o processo inteiro para contar tudo o que houve e colocar número de inquérito, de tudo”, detalhou. Foi ao pesquisar o CPF da ex-cunhada que ela identificou um processo na 3ª Vara Cível de Camaragibe, no Grande Recife, associado ao nome Flávia Alves Musto. Ela ressaltou que a mulher utilizou nomes diferentes ao longo do tempo: Flávia Alves de Souza (solteira), Flávia Alves de Lira (casada com Isaías) e, posteriormente, Flávia Alves Musto, mas o número do CPF permaneceu o mesmo, facilitando a identificação em etapas cruciais da investigação familiar.

Com as informações em mãos, Allira Lira solicitou a um amigo, que atua como detetive, que localizasse o atual cônjuge da ex-cunhada. A família de Isaías de Lira desconhece como Flávia Musto conseguiu estabelecer um relacionamento e deixar o Brasil, especialmente considerando seu status de foragida da Justiça brasileira desde 2015, e desde quando ela se estabeleceu na Europa. No entanto, o rastreamento em redes sociais do parceiro revelou seu endereço na cidade de Pisa. Com esta peça de informação crucial, Allira prontamente encaminhou a certidão de casamento para o Ministério Público de Pernambuco. Sua persistência em cobrar providências junto ao órgão, questionando a falta de ação diante da localização da foragida, culminou com o acionamento da Interpol, resultando na rápida detenção de Flávia Alves Musto pelas autoridades italianas.

A Conturbada Relação e o Planejamento do Crime

Flávia Alves Musto, natural de Sobradinho, na Bahia, e Isaías de Lira casaram-se em 2001 e estabeleceram residência no bairro de Aldeia, em Camaragibe. Os autos do processo revelam que o matrimônio foi marcado por conflitos e uma série de idas e vindas, com o casal chegando a se separar por sete vezes ao longo de pouco mais de dois anos. Durante as investigações, testemunhas indicaram que Flávia demonstrava um ciúme intenso, fator que contribuiu para a natureza tumultuada da relação. A irmã da vítima, Allira, relatou que Isaías tomou a decisão de pôr um fim definitivo ao casamento após descobrir uma traição por parte de Flávia, o que desencadeou um período de perseguição por mais de um ano, já que a acusada não aceitava o término do relacionamento.

Ainda conforme o processo e o depoimento de Allira Lira, Flávia Musto arquitetou o assassinato ao tomar conhecimento de que Isaías estava iniciando um novo relacionamento. O crime ocorreu em 13 de agosto de 2005, um dia após Isaías completar 27 anos. Na fatídica noite, a vítima celebrava o aniversário com amigos em um bar localizado no bairro de Dois Irmãos, na Zona Norte do Recife. Naquele local, Isaías de Lira foi sequestrado por dois indivíduos disfarçados de policiais. Os criminosos entraram no estabelecimento alegando que Isaías seria conduzido a uma delegacia para responder por um suposto esquema de tráfico de drogas, envolvendo um amigo chamado Dennis.

O relato da irmã, baseado nas testemunhas, descreve os momentos aterrorizantes: “Perguntaram quem era Isaías de Lira. Aí meu irmão, coitado, olhou, assim, e disse: ‘sou eu, por quê?’ Aí ele disse: ‘você está preso. Dennis já está na Delegacia de Entorpecentes de Casa Amarela'”. Diante da perplexidade de Isaías, que negava envolvimento com tal acusação, os falsos policiais prontamente algemaram-no e o arrastaram para fora do estabelecimento, apesar de sua tentativa de resistir. Amigos da vítima tentaram intervir, questionando a identidade dos supostos agentes. Em resposta, um dos criminosos atirou no pé de um dos rapazes e proferiu: “Nossa identificação é essa”, arrastando Isaías para um carro modelo Polo. Embora os amigos de Isaías tenham tentado seguir o veículo, perderam-no de vista ao adentrarem a BR-101. O corpo de Isaías foi descoberto pela polícia no dia seguinte, em 14 de agosto, na Estrada de Jaguarana, localizada no bairro de Maranguape 2.

Longa Investigação e O Período Foragida

A investigação para apurar a morte de Isaías de Lira foi extensa e demorada, levando sete anos para ser concluída e passando pela responsabilidade de seis delegados distintos. Allira Lira, diante da frustração com a lentidão do processo, tomou a decisão de cursar Direito, um caminho que a ajudaria a se engajar mais diretamente no caso. Em 2011, enquanto estudava, Allira conheceu o promotor de Justiça que acompanhava as investigações. Segundo ela, foi a partir desse contato que o inquérito ganhou novo fôlego e, no ano seguinte, em 2012, finalmente foi concluído, culminando na decretação da prisão preventiva de Flávia Alves Musto.

Flávia permaneceu detida sob prisão preventiva até 2014, quando o prazo máximo de sua detenção chegou ao fim, resultando em sua soltura. A partir desse momento, ela passou a responder ao processo criminal em liberdade. Contudo, essa liberdade durou pouco tempo em termos de comparecimento às audiências. Allira Lira relatou que a ex-cunhada simplesmente deixou de comparecer às convocações judiciais. “Em 2015, fez a Justiça botar ela como foragida, porque ela não estava indo [às audiências]”, detalhou a irmã da vítima. O que chama atenção é o fato de que, segundo Allira, menos de um ano, meses após sua soltura, Flávia Alves se casou com o cidadão italiano com quem viria a ser presa em 2024.

Em 2019, o Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) proferiu a condenação de Flávia Alves Musto. A sentença, emitida pela Vara Criminal de Paulista, estabeleceu a pena de 29 anos de prisão por homicídio qualificado. Foram consideradas as agravantes de “motivo fútil” e o “recurso que impossibilitou a defesa da vítima”, reforçando a crueldade e o planejamento do crime. A defesa de Flávia, então, recorreu da decisão. Após análise em segunda instância, a pena foi reformulada e reduzida para 21 anos de reclusão. Com sua localização e detenção pela Interpol na Itália, Flávia foi encaminhada a uma unidade prisional local. Atualmente, ela aguarda a análise do pedido de extradição, formalizado pela Justiça brasileira, para que possa ser trazida de volta ao Brasil e cumprir sua condenação.

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A prisão de Flávia Alves Musto na Itália encerra uma longa busca por justiça no caso do assassinato de Isaías de Lira, ocorrido há quase duas décadas em Pernambuco. Este desenvolvimento destaca a importância da colaboração internacional e da persistência da família da vítima em buscar responsabilização. Para mais informações sobre casos semelhantes e análises aprofundadas sobre justiça e segurança pública em Cidades, continue acompanhando a nossa editoria e fique por dentro das últimas notícias.

Crédito da imagem: Reprodução/WhatsApp (referência para foto de Flávia Alves Musto), Miguel Medina/AFP (referência para foto da Torre de Pisa)

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