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Brasil Lança Banco Virtual de Fauna para Combater Zoonoses

O Banco Virtual de Fauna, uma inovadora plataforma digital, foi inaugurado no Brasil com o objetivo primordial de catalogar e disponibilizar amostras biológicas de animais. Esta iniciativa estratégica visa não apenas mitigar surtos de doenças zoonóticas, que podem afetar diretamente a saúde humana, mas também proteger a fauna do país contra patologias que ameaçam a […]

O Banco Virtual de Fauna, uma inovadora plataforma digital, foi inaugurado no Brasil com o objetivo primordial de catalogar e disponibilizar amostras biológicas de animais. Esta iniciativa estratégica visa não apenas mitigar surtos de doenças zoonóticas, que podem afetar diretamente a saúde humana, mas também proteger a fauna do país contra patologias que ameaçam a sua existência e, em alguns casos, levam à extinção.

Denominado Biorrepositório Nacional da Biodiversidade, ou simplesmente Bionabio, o sistema oferece um ambiente digital acessível a profissionais e entidades em todo o território nacional. Através dele, pesquisadores podem inserir, consultar e compartilhar uma vasta gama de informações, formando uma robusta rede colaborativa. Liderado pelo pesquisador Ricardo Dias, da renomada Universidade de São Paulo (USP), o projeto recebe suporte financeiro essencial do Instituto Todos pela Saúde (ITpS) e da Fapesp. Conta, ainda, com a colaboração de instituições de grande peso, como a Fiocruz, diversas universidades, secretarias estaduais de saúde e unidades de vigilância de zoonoses. O diálogo se estende, conforme Dias, ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), órgão vinculado ao Ministério do Meio Ambiente.

Brasil Lança Banco Virtual de Fauna para Combater Zoonoses

A concepção por trás deste projeto audacioso foi detalhada pelo médico veterinário e pesquisador Ricardo Dias. O Bionabio atua como um hub central, superando as limitações dos repositórios físicos que, muitas vezes, sofrem com a falta de organização informacional. Sem um nível adequado de organização digital, mesmo as mais valiosas amostras perdem grande parte do seu potencial. Atualmente, a fase prioritária do projeto envolve a captação e cadastro de dados relativos a amostras já armazenadas em tubos de ensaio por diferentes instituições no Brasil. A ambição é notável: alcançar o registro de mil espécies até o final deste ano no site oficial do Bionabio, pavimentando o caminho para um impacto transformador na epidemiologia nacional.

Mecanismo Operacional e Benefícios Práticos

A funcionalidade do Bionabio é pensada para agilizar a resposta a crises sanitárias. Tomemos como exemplo a detecção de um surto de gripe aviária em uma localidade específica. Pesquisadores da região podem acessar o Bionabio para verificar se outras entidades possuem amostras biológicas de aves infectadas, coletadas em outras partes do país. Esta consulta permite identificar rapidamente o padrão de evolução do vírus. Essas análises cruciais capacitam as autoridades a tomar decisões informadas e agir com celeridade para conter a disseminação da doença, configurando um avanço significativo na vigilância epidemiológica.

Anderson Fernandes de Brito, virologista e coordenador científico do ITpS, enfatiza o imenso potencial do banco de dados. Durante apenas uma das oficinas técnicas realizadas para apresentar o projeto, cerca de cem entidades presentes revelaram possuir amostras biológicas – incluindo sangue, tecido e pelos – de mais de 60 mil espécies em seus arquivos. Brito destaca que esta facilidade de troca de informações permitirá que órgãos públicos e organizações forneçam respostas muito mais ágeis, identificando a origem e a trajetória de patógenos. Sem uma ferramenta centralizada como o Bionabio, saber “quem tem amostra do quê” torna-se uma tarefa “superdifícil”, se não impossível, inviabilizando ações preventivas e reativas eficientes.

Vigilância Prospectiva e Respostas Estratégicas

Para o pesquisador Ricardo Dias, que também é médico veterinário, a capacidade do banco nacional vai além do registro histórico. O Bionabio tem um caráter prospectivo essencial para a epidemiologia, permitindo o estudo da evolução de patógenos ao longo do tempo. Ele cita o surto severo de febre amarela que atingiu drasticamente a população de macacos bugios no Horto Florestal, parque localizado na Zona Norte de São Paulo, em 2017. A descoberta de um bugio morto naquele período acendeu um sinal de alerta para a presença do vírus, resultando no fechamento temporário do parque e na intensificação de uma campanha de vacinação na região.

Com o sistema em operação, se uma amostra de 2017 estiver armazenada em uma instituição, será possível estabelecer contato para propor parcerias e investigar a evolução do vírus. Similarmente, caso uma doença que nunca foi registrada em um estado apareça, os dados geográficos e a análise da evolução viral fornecidos pelo Bionabio se tornam ferramentas indispensáveis para antecipar cenários e traçar estratégias de controle. Esta abordagem melhora significativamente a capacidade de resposta das autoridades sanitárias e ambientalistas.

Brasil Lança Banco Virtual de Fauna para Combater Zoonoses - Imagem do artigo original

Imagem: g1.globo.com

Padronização de Protocolos de Coleta: Um Pilar Fundamental

Um dos pilares críticos do projeto reside na implementação de protocolos rigorosos e padronizados para a coleta, acondicionamento e transporte das amostras biológicas. Anderson Fernandes de Brito observa que, frequentemente, a ausência de diretrizes claras resulta em exportações de material inadequadas. Essas falhas podem comprometer a viabilidade das amostras ao chegarem aos laboratórios para diagnóstico. Além disso, a simples data de coleta e informações incompletas sobre a espécie diminuem consideravelmente a relevância do material.

O Bionabio, por outro lado, exige o registro de metadados cruciais: data, latitude e longitude do local da coleta, tipo de material, órgão de origem do animal e o método empregado para a coleta. “Ter todas essas informações […] é tão importante quanto o próprio tubo com aquela coisa dentro”, reitera Brito. Esse fluxo informativo completo permite traçar desde a origem do animal doente até a conclusão diagnóstica precisa.

Ao registrar um diagnóstico no sistema, a informação é prontamente compartilhada com toda a rede. Ricardo Dias exemplifica: a detecção de uma influência aviária altamente patogênica em uma ave silvestre no Brasil serviria como um alerta importante para todos os participantes. O depósito de informações no banco de dados obedece a regras de custódia e, fundamentalmente, garante o anonimato do pesquisador responsável pelo envio do material biológico. Essa metodologia é vista por Dias como uma forma de “quebrar um paradigma da desconfiança” que muitas vezes prevalece entre laboratórios e pesquisadores, fomentando a colaboração.

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Em suma, o Bionabio representa um salto qualitativo para a saúde pública e a conservação da biodiversidade no Brasil. Ao centralizar dados vitais de amostras biológicas da fauna, a plataforma empodera pesquisadores e autoridades a agir de forma mais informada e coordenada contra doenças, prevenindo surtos e protegendo espécies ameaçadas. Convidamos você a continuar explorando nossas publicações sobre inovação e ciência em nossa editoria de Análises.

Crédito da imagem: Arte/g1

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