O ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Guilherme Boulos, lançou neste sábado, 8 de novembro de 2025, o “Programa Governo na Rua”. A iniciativa marca um esforço direto para aprofundar a escuta social e fortalecer os laços entre o governo federal e as comunidades periféricas em todo o Brasil. A estreia do projeto aconteceu na zona sul da capital paulista, em um campo de futebol no Morro da Lua, na região do Capão Redondo, ponto de partida para uma agenda que visa aproximar as políticas públicas das necessidades reais da população.
Boulos ressaltou a natureza essencial da nova plataforma de conexão, enfatizando seu papel em permitir que o Ministério da Secretaria-Geral da Presidência colete, de forma transparente e participativa, as aspirações e demandas da cidadania. Durante o evento inaugural em São Paulo, diversos representantes da comunidade compartilharam suas experiências e reivindicações, incluindo a voz de um entregador de aplicativo, o testemunho de uma trabalhadora com jornada na escala 6 por 1, as inquietações de jovens engajados da região com suas próprias pautas, bem como a militância de movimentos sociais dedicados à luta por moradia e os artistas que representam a efervescência da cultura periférica. Conforme declarado pelo ministro, esses intercâmbios constituem um “exercício de escuta” crucial para o desenho de políticas públicas mais eficientes e inclusivas.
Este movimento reflete um compromisso reiterado pela liderança presidencial. “O presidente Lula ganhou por ampla margem entre quem ganha menos de dois salários mínimos, que é a maioria do povo que está nas periferias. A missão que o presidente Lula me deu foi aproximar ainda mais as políticas do governo federal, do governo do Brasil, com o povo que está nas periferias”, pontuou o ministro. Com a inauguração do projeto, a gestão federal busca intensificar a presença estatal onde ela se faz mais urgente, estimulando a participação direta dos cidadãos na cocriação do futuro da nação.
Boulos Lança Programa ‘Governo na Rua’ em Periferias
Para além de suas ações presenciais, o Programa Governo na Rua expandirá seu alcance por meio de uma dimensão digital, tornando-se acessível em todos os estados da federação. A plataforma “Brasil Participativo”, operando com base no Orçamento Participativo Digital, foi estabelecida como o principal canal online para engajamento cívico. O objetivo primordial é proporcionar aos cidadãos não apenas um espaço para expressar suas opiniões, mas também a capacidade de influenciar diretamente a alocação de recursos públicos. “O povo também tem que apresentar o que quer que esteja no orçamento do governo do Brasil. Nessa plataforma, é só botar seus dados, botar ali e falar, ó, na minha região a prioridade é isso aqui ou é aquilo outro. E aí todo mundo vai poder ter o seu dedo, a sua mão na decisão de para onde vai o dinheiro do governo federal”, detalhou Guilherme Boulos, salientando o caráter democrático e inovador da ferramenta. Para mais informações sobre plataformas de participação cívica do governo, é possível consultar fontes oficiais como a página do Brasil Participativo no Portal Gov.br.
As Vozes da Periferia e Suas Reivindicações
Durante o lançamento do Programa Governo na Rua no Capão Redondo, as demandas emergentes das comunidades periféricas ganharam destaque, ecoando nos discursos de líderes e ativistas presentes. A iniciativa provou ser um catalisador para a manifestação de pautas cruciais que refletem os desafios enfrentados por milhões de brasileiros. A escuta ativa é um pilar do programa, conforme demonstrado pelas apresentações diversas no evento.
Protagonismo da Juventude e Fim da Escala 6×1
Uma das vozes proeminentes foi a de Guilherme Coelho, um jovem líder da periferia, que clamou por um maior protagonismo da juventude nas deliberações governamentais. “É importante demais a gente ter a juventude incluída nesses espaços de discussão de políticas públicas. A gente não quer só ser ouvido. A gente quer ter esse protagonismo de estar junto na mesa, discutindo com a população a implantação das políticas públicas que vão servir para a gente”, declarou Coelho. Sua fala sublinha a aspiração por uma participação mais substancial, transformando os jovens de meros ouvintes em coautores das soluções que os impactam.
Ainda no palco de debates, Bruna Simões Miranda, coordenadora do Movimento Vida Além do Trabalho, defendeu o fim da jornada 6×1 e a necessidade de uma atenção ampliada à saúde mental dos trabalhadores, uma realidade particularmente presente nas periferias. “A gente sabe que aqui na periferia a maioria trabalha no esquema 6×1, e o nosso movimento está pedindo para que a gente tenha mais vida, para que a gente possa ter tempo para a nossa família, e para cultuar a nossa fé”, explicou Bruna. Ela confrontou a lógica econômica que muitas vezes desconsidera o impacto humano: “Dizem que a economia vai quebrar sem a escala 6×1, que vai ter desemprego. Levantam dados. Mas nós somos os dados, nós somos quem está com a saúde mental afetada”, acrescentou, ressaltando a urgência de uma mudança legislativa e cultural.
Imagem: agenciabrasil.ebc.com.br
Políticas para Entregadores por Aplicativo e Espaços de Poder
Elias Pereira Freitas da Silva, amplamente conhecido como Júnior Freitas e coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Direito, enfatizou a urgência de políticas públicas focadas nos entregadores por aplicativo. Ele argumentou pela necessidade premente da inclusão e representatividade dessa categoria em posições de influência. “A gente está sendo sucateado nas ruas todos os dias. Os jovens desse país estão morrendo nas ruas trabalhando para aplicativo que hoje está ganhando bilhões em cima das costas dos trabalhadores”, desabafou Freitas. Ele reforçou a importância da militância cívica: “A gente precisa de pessoas comprometidas com o povo trabalhador, porque elas exercem cargos, eleitas por nós. Mas quem manda é a população e é por isso que a gente não pode deixar de lutar. Hoje é simbólico, mas é muito importante”, concluiu, sublinhando que o engajamento da sociedade civil é a força motriz para a garantia de direitos e o combate à exploração laboral.
O Programa Governo na Rua, sob a coordenação de Guilherme Boulos, representa um canal aberto e essencial para que as demandas das periferias se integrem diretamente à agenda federal, fomentando uma administração mais atenta e representativa. A expectativa é que essa articulação contínua gere políticas públicas efetivas para enfrentar os desafios apresentados pelas comunidades, promovendo desenvolvimento e equidade social em todo o país.
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Crédito da Imagem: Valter Campanato/Agência Brasil
