Boulos critica operação e define foco do crime organizado

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Em sua posse como novo ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, o deputado federal Guilherme Boulos, dirigindo-se ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, expressou nesta quarta-feira, 29 de outubro de 2025, sua firme oposição à Operação Contenção, uma ação que resultou em ao menos 119 mortes no estado do Rio de Janeiro. Sua declaração principal reformulou a compreensão sobre a origem e a liderança das organizações criminosas no país, enfatizando que o foco de combate deve ser direcionado à elite financeira por trás de esquemas ilícitos.

Durante seu discurso proferido no Palácio do Planalto, o recém-empossado Secretário-Geral articulou uma perspectiva que desafia a visão convencional do combate ao crime. Boulos afirmou sentir “orgulho de fazer parte do governo do presidente que sabe que a cabeça do crime organizado desse país não está no barraco de uma favela, muitas vezes está na lavagem de dinheiro lá na [Avenida] Faria Lima, como vimos na Operação Carbono Oculto da Polícia Federal”. Essa fala ressalta uma abordagem do governo para combater crimes financeiros em vez de focar apenas em comunidades marginalizadas.

Boulos critica operação e define foco do crime organizado

A menção direta à Operação Contenção e seu alto número de vítimas reforça a crítica a um modelo de segurança pública que, segundo Boulos, atinge principalmente as populações de baixa renda e os policiais que atuam nessas regiões. Ele fez um minuto de silêncio para todas as vítimas, abrangendo tanto os agentes de segurança quanto os moradores das comunidades do Complexo do Alemão e da Penha, afetadas pela operação. O presidente Lula, embora presente na solenidade, não realizou discurso oficial durante o cerimônia.

A Cerimônia de Posse e a Nova Missão

A solenidade que oficializou Guilherme Boulos em seu novo cargo contou com a participação de diversas autoridades políticas e representantes da sociedade civil. Entre os presentes estavam o vice-presidente Geraldo Alckmin e importantes ministros de Estado, como Fernando Haddad, da pasta da Fazenda, e Gleisi Hoffmann, encarregada das Relações Institucionais. O Salão Nobre do Palácio do Planalto foi preenchido por centenas de representantes de movimentos sociais, grupo com o qual Boulos tem forte ligação e trajetória.

No evento, Guilherme Boulos detalhou sua percepção sobre o encargo atribuído pelo Presidente Lula. “O presidente Lula me deu a missão de ajudar nessa reta final do seu terceiro mandato com o governo na rua”, declarou. A ideia central por trás dessa diretriz é fomentar o diálogo e a proximidade do poder executivo com os cidadãos. Segundo ele, essa interlocução não deve se restringir apenas àqueles que já endossam as políticas públicas vigentes, mas deve se estender a categorias como entregadores e motoristas de aplicativos, que representam segmentos cruciais da economia popular e da vida urbana.

Concepções de Política Pública e Críticas à Hipocrisia

O Secretário-Geral ressaltou sua convicção de que a elaboração de políticas efetivas transcende os limites institucionais. “A gente sabe que as políticas que mudam pessoas não nascem só nos palácios e nos gabinetes. Elas nascem do povo, dos territórios populares. Elas nascem das ruas”, refletiu. Esta perspectiva reflete sua própria origem no ativismo social e a importância que ele atribui à participação popular na construção de soluções para os problemas nacionais.

Contudo, Boulos não poupou críticas a quem, segundo ele, demonstra uma hipocrisia ao se posicionar. Ele desafiou aqueles que se intitulam “contra o sistema”, questionando: “Se são contra o sistema, por que é que não apoiam a nossa proposta de taxar bilionário e bets?”. Essa interpelação demonstra o alinhamento de Boulos com propostas de maior progressividade tributária, defendendo a taxação de grandes fortunas e do mercado de apostas como um caminho para o enfrentamento das desigualdades sociais e o financiamento de políticas públicas, conforme pautas do governo e dos movimentos sociais.

Reconhecimento e Trajetória Política de Boulos

Ao concluir seu pronunciamento, Guilherme Boulos prestou homenagem e expressou gratidão aos seus “companheiros dos movimentos sociais”. Ele os descreveu como uma “escola de vida e de luta”, reconhecendo a influência desses indivíduos em sua formação pessoal e política. Ressaltou que, embora muitos desses companheiros “não tiveram a oportunidade de sentar no banco de escola”, foram eles que lhe transmitiram lições valiosas, não adquiridas no ambiente universitário, como “o valor da solidariedade”, demonstrando um profundo apreço pela sabedoria prática e pelo senso comunitário.

Boulos critica operação e define foco do crime organizado - Imagem do artigo original

Imagem: Valter Campanato via agenciabrasil.ebc.com.br

Com 43 anos, o novo ministro tem uma vasta trajetória no ativismo urbano, marcada pela dedicação à defesa dos direitos à moradia e às pautas sociais. Natural de São Paulo, Guilherme Boulos é o filho mais novo dos respeitados médicos infectologistas e professores universitários Maria Ivete e Marcos Boulos, herdando uma linhagem de dedicação acadêmica e científica. Filiado ao Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), Boulos obteve um notável desempenho nas urnas em 2022, sendo eleito deputado federal com mais de 1 milhão de votos. Tal feito o consolidou não apenas como o candidato mais votado em seu estado, São Paulo, mas também o segundo mais votado em todo o território nacional.

A Operação Carbono Oculto, citada por Boulos como exemplo de lavagem de dinheiro que alimenta o crime organizado, ressalta a importância de investigações financeiras no combate às redes criminosas. Para aprofundar-se sobre as operações conduzidas pela Polícia Federal e outras notícias relevantes, é possível consultar o portal da Agência Brasil, uma fonte oficial de informação sobre temas de justiça e segurança pública no país.

Neste novo e desafiador cargo na Secretaria-Geral da Presidência, o principal objetivo de Boulos será aprimorar a articulação política do Palácio do Planalto, atuando como ponte entre o governo, os movimentos sociais e os diversos segmentos da sociedade civil, garantindo que as demandas populares sejam ouvidas e integradas nas políticas governamentais. A nomeação e posse de Boulos representam, assim, uma movimentação estratégica no governo para fortalecer laços com as bases populares e ampliar a visibilidade de uma agenda social e de direitos, redefinindo as prioridades no cenário político nacional, focando nas causas estruturais do crime e da desigualdade.

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Em suma, a posse de Guilherme Boulos na Secretaria-Geral não foi apenas uma formalidade, mas um marco que reiterou uma visão crítica à Operação Contenção e propôs um novo paradigma para entender e combater o crime organizado, focando na esfera financeira. Sua missão de levar o “governo na rua” e sua defesa de uma política enraizada nas necessidades populares prometem um período de intensa articulação social. Para continuar acompanhando as nuances da política nacional e as novas perspectivas apresentadas por líderes como Guilherme Boulos, convidamos você a explorar outras matérias da nossa editoria de Política.

Crédito da imagem: Valter Campanato/Agência Brasil

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