Na madrugada do último domingo (21), o Boto Cor de Rosa brilhou no Festival dos Botos do Sairé 2025, capturando a atenção de torcedores e visitantes no icônico Lago dos Botos. O espetáculo memorável aconteceu na vila balneária de Alter do Chão, em Santarém, no oeste do Pará, proporcionando momentos de intensa emoção e reverência à cultura local. A agremiação apresentou uma performance carregada de significado, honrando as raízes e a força do povo da região, em uma celebração que ressaltou elementos tradicionais amazônicos e a comunidade que mantém viva essa herança.
A edição deste ano do Festival dos Botos do Sairé reforçou a importância das manifestações culturais da Amazônia. Com sua temática vibrante, o Boto Cor de Rosa, figura central do evento, ofereceu um enredo envolvente, evidenciando o comprometimento da associação com a preservação e a exaltação dos pilares que constituem a identidade de Alter do Chão e de seus moradores. O empenho dos participantes, tanto nos bastidores quanto no palco, foi crucial para a grandiosidade da noite, que culminou em uma apresentação aplaudida e reconhecida.
Boto Cor de Rosa Brilha no Festival Sairé 2025
A apresentação do Boto Cor de Rosa teve como eixo central o tema “Catraia: Encantaria do Atravessar”. Esta escolha não só prestou um tributo singelo ao povo tradicional, mas também homenageou os catraieiros da vila balneária de Alter do Chão e todos os foliões que contribuíram para a rica tapeçaria histórica do Sairé. Os catraieiros são essenciais para a vida local, responsáveis pelo transporte diário de banhistas até a Ilha do Amor, desempenhando um papel fundamental na economia e no turismo da região.
Durante o espetáculo, os próprios catraieiros entraram no Lago dos Botos, protagonizando um dos momentos mais vibrantes da noite ao dançarem carimbó com grande entusiasmo e expressividade. Esse ato simbolizou a valorização de suas contribuições e de sua ancestralidade. A celebração ainda incluiu referências a personalidades importantes, como o atual presidente da associação de catraieiros e a compositora por trás da aclamada canção “Catraieiro”, regravada por nomes influentes da música paraense, reafirmando o valor da cultura popular.
A mítica lenda do Boto, um dos contos mais emblemáticos da região amazônica, foi recriada com um esplendor visual incomparável, utilizando alegorias ricas em luzes e efeitos especiais. A personificação do Boto Homem coube ao intérprete Clésio Wangan, que emergiu no Lago dos Botos através da alegoria “Surara Encantado”, retratando “O guerreiro encantado nas águas”. Sua atuação hipnotizante capturou a essência da figura mística que habita as águas do rio.
A narrativa prosseguiu com a sedução do Boto, que conduz a cabocla Borari, brilhantemente interpretada por Mayanna Pinheiro, para as profundezas do lago. Lá, ela se transforma em um ser encantado, um elemento crucial na cosmogonia da lenda. A responsabilidade de manter o equilíbrio natural, afetado por esses eventos místicos, recaiu sobre o Curandeiro, vivido por Netto Simões, que atuou como mediador entre o mundo humano e o espiritual, um pilar fundamental nas crenças locais. Segundo informações do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), o Festival dos Botos de Santarém tem um papel importante na promoção e preservação das culturas regionais amazônicas.
A riqueza cultural da apresentação foi ainda mais acentuada pela participação das Suraras do Tapajós, grupo musical feminino conhecido por suas raízes na cultura ribeirinha e indígena, que adicionaram camadas sonoras e cênicas ao show. Além disso, a presença marcante de mulheres que já defenderam o item Rainha do Sairé conferiu um tom de continuidade e respeito à tradição. Entre elas, Maria Eulália se destacou, pois deixa o posto de Rainha do Sairé em 2025, após dedicar oito anos de sua vida à defesa desse significativo título.
Com um timing exemplar, o Boto Cor de Rosa concluiu sua performance integral faltando apenas dois minutos para o fim do horário limite estipulado pelo regulamento do festival. Essa precisão demonstra o alto nível de organização e profissionalismo da equipe. O presidente da associação do Boto Cor de Rosa, Tiago Vasconcelos de Sousa, expressou sua satisfação com o resultado, afirmando que o sentimento era de “dever cumprido”.

Imagem: g1.globo.com
“Passamos meses, dias planejando esse projeto e hoje a gente chegou na reta final. Entregamos um grande espetáculo. Eu tenho muito orgulho de espalhar que sou catraeiro, tenho exercido essa atividade, venho da minha família, então eu tenho no sangue essa cultura, essa tradição, essa resistência”, declarou Tiago Vasconcelos de Sousa, evidenciando seu profundo vínculo pessoal com o tema e a comunidade homenageada. Suas palavras ressoaram com o espírito de luta e celebração que permeou toda a performance.
Clésio Wangan, que incorporou o Boto Homem, também celebrou o êxito do Boto Cor de Rosa no Festival. Ele manifestou grande confiança na conquista do título, atribuindo o provável sucesso ao esforço conjunto e à minuciosa preparação. “A gente vem desde o começo do ano, nos preparando para que a gente chegasse aqui nesse momento, a gente entregasse o nosso melhor, né, e em busca do nosso título tão esperado, que com certeza esse ano vai vir por toda a nossa dedicação, por todo o planejamento que o Boto Cor de Rosa teve, e a nossa associação, ela merece, por essa entrega do espetáculo que foi feito hoje aqui”, enfatizou Wangan, sublinhando a dedicação e o planejamento por trás do grandioso espetáculo.
A atuação do Boto Cor de Rosa no Festival dos Botos do Sairé 2025 foi um verdadeiro espetáculo de fé, tradição e resiliência. Através da música, dança e alegorias deslumbrantes, a agremiação conseguiu transmitir a riqueza da cultura amazônica, ao mesmo tempo em que prestou uma justa homenagem aos trabalhadores catraieiros e ao intrínseco povo Borari. A noite reforçou não apenas a beleza das lendas locais, mas também a força da comunidade que as mantém vivas para as futuras gerações. Este tipo de celebração é fundamental para o fortalecimento da identidade cultural do Pará e de suas cidades.
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Foto: Dominique Cavaleiro / g1
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