O Bolsonarismo em Desalento Pós-Condenação de Bolsonaro vive um período de considerável desânimo e uma notável ausência de resposta popular, em contraste com mobilizações anteriores. A recente sentença, que condenou o ex-presidente Jair Bolsonaro a 27 anos e três meses de prisão, gerou uma atmosfera de perplexidade entre seus apoiadores, apesar de ser um desfecho em parte aguardado.
Diante da inesperada falta de engajamento nas ruas, a estratégia central do movimento agora se volta para as articulações no âmbito do Congresso Nacional. O objetivo primordial é negociar um acordo que possa garantir a anistia, não apenas ao líder político, mas também aos indivíduos envolvidos nos ataques ocorridos em 8 de janeiro. Discussões preliminares sobre uma proposta de anistia estão em curso, embora as minutas atualmente debatidas ofereçam apenas a possibilidade de redução das penas, ficando aquém das expectativas da base bolsonarista.
Bolsonarismo em Desalento Pós-Condenação de Bolsonaro
Aliados próximos ao ex-presidente justificam a estagnação nas ruas atribuindo-a ao cenário delicado de Bolsonaro, que abrange tanto seu estado clínico quanto o psicológico. Eles ponderam que a proximidade com os atos de 7 de Setembro de 2025, já designados como um esforço de defesa de Bolsonaro, tornou difícil a convocação de novas manifestações de grande porte. A narrativa se inclina, ainda, a culpar o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), pela desmobilização. Analistas bolsonaristas sugerem que o avanço das investigações e as condenações emitidas pela corte teriam incutido medo nos apoiadores, desestimulando a participação em protestos.
Outra perspectiva defendida pelo grupo indica que a prisão de Bolsonaro foi implementada de maneira gradual, um processo apelidado de “prisão a conta-gotas”, o que teria minado a capacidade de orquestrar grandes mobilizações. Em 18 de julho, medidas cautelares foram impostas ao ex-presidente, incluindo a proibição de conceder entrevistas e o uso de tornozeleira eletrônica. Posteriormente, em 4 de agosto, a prisão domiciliar foi decretada. Essa sequência de eventos é utilizada como argumentação para a escassez de resposta popular, especialmente quando comparada à movimentação que envolveu o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2018. À época, a condenação de Lula no caso do tríplex em Guarujá e do sítio de Atibaia, por acusações de corrupção e lavagem de dinheiro, culminou em sua entrega à Polícia Federal em São Bernardo do Campo, em meio a uma expressiva manifestação de militantes.
Ao contrário da recepção calorosa e politizada de Lula, a condenação de Bolsonaro a quase três décadas de prisão foi recebida por uma vigília em frente ao seu condomínio, composta por um número restrito de apoiadores. Na noite do veredito, cerca de 40 pessoas se reuniram, um contingente similar ao de dias anteriores. Ali, em torno de um carro de som, religiosos e defensores de Bolsonaro reiteraram um discurso de perseguição, solicitando orações e palavras de esperança aos poucos presentes. Faixas clamando pela volta de Bolsonaro e uma réplica em tamanho real do ex-presidente em papelão eram exibidas. Os apoiadores, frequentemente trajando camisetas da seleção brasileira ou portando bandeiras do Brasil e de Israel, buscavam um respiro.
A dúvida sobre o futuro político do movimento começou a surgir. Eduardo Torres, cunhado do ex-presidente, questionou a pequena plateia presente no carro de som sobre quem Bolsonaro indicaria para a Presidência, com a plateia respondendo em uníssono “Bolsonaro”. Ele ainda reiterou que, independentemente dos obstáculos, Jair Messias Bolsonaro seria o candidato, evocando a crença em um “milagre” ainda por se realizar. Atualmente, sob prisão domiciliar, o ex-presidente aguarda tanto o milagre prometido quanto o desfecho das discussões sobre anistia no Congresso, sem presenciar mobilizações massivas que se transmitam pela televisão. Aliados manifestam apreensão quanto à possibilidade de uma detenção em presídio ou carceragem da PF, cenário que, segundo eles, poderia, enfim, desencadear atos espontâneos. Não há programações de atos definidos e, até novembro, estima-se que os recursos para tais mobilizações possam se esgotar.
A aposta principal do movimento, neste momento, concentra-se na viabilidade de um acordo legislativo que promova a anistia para o ex-presidente e para outros condenados em relação aos eventos de 8 de janeiro. Segundo o Senado Federal, a anistia é um ato legislativo que concede o perdão por delitos específicos, extinguindo a pena ou medidas de segurança correspondentes.

Imagem: www1.folha.uol.com.br
O Pastor Silas Malafaia, organizador de grandes manifestações na Avenida Paulista, refuta a tese de desânimo na militância, reiterando que os eventos de 7 de Setembro já cumpriram o papel de defender o ex-presidente e lutar pela anistia. Ele apontou o custo elevado de tais mobilizações, questionando a sustentabilidade de atos frequentes, e afirmou que foram cinco este ano, sem relação com desânimo ou medo. Da mesma forma, o deputado federal Bibo Nunes (PL-RS) relembrou os “mega movimentos” realizados no Dia da Independência, onde já se protestava contra a iminente condenação de Bolsonaro. Ele reforçou a crítica à “política invadindo os tribunais”, garantindo que “mega movimentos” serão realizados novamente em breve.
Nas plataformas de mensagens, o bolsonarismo permaneceu atuante. Termos ligados ao ex-presidente e ao seu julgamento mantiveram-se em alta, conforme um levantamento da Palver para a Folha. Em 18 de julho, data da imposição da tornozeleira eletrônica, foram registradas aproximadamente 2 mil menções a Bolsonaro a cada 100 mil, quase o dobro do pico de menções ao ex-presidente Lula (PT) no período. Apesar de os números voltarem a patamares anteriores, eles permanecem consideravelmente mais elevados do que os de seu opositor.
Um vídeo divulgado pelo deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) circulou amplamente nas redes sociais entre os bolsonaristas, expressando o clima pós-condenação de forma emotiva, não combativa. Na gravação, Ferreira faz uma carta aberta a Bolsonaro, revisitando sua trajetória no Exército e na política. Ele contesta o veredito no que diz respeito à suposta trama golpista, afirmando que o ex-presidente foi sentenciado por lutar contra o que classificou de “sistema sujo”. O deputado ressalta que suas palavras não são apenas dele, mas ecoam o sentimento de milhões de brasileiros que ainda creem em Bolsonaro, lamentam sua prisão, mas mantêm a fé e a esperança na anistia para todos, garantindo que a luta continuará. Importante destacar que Bolsonaro, em prisão domiciliar, não possui acesso a telefone ou redes sociais, ficando isolado das reações diretas de sua base digital.
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Em um momento crucial para a sua base, o bolsonarismo navega entre o desalento de seus apoiadores e a esperança em um desfecho favorável por via legislativa. Apesar da condenação e das restrições impostas, a busca por uma solução política, como a anistia, demonstra a persistência de seus seguidores em manter o legado de Bolsonaro relevante. Para aprofundar a análise sobre as movimentações políticas e o cenário pós-condenação, leia nosso artigo sobre o impacto de condenações em lideranças populares.
Crédito da imagem: Pedro Ladeira-14.9.2025/Pedro Ladeira/Folhapress
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