No vibrante Parque Residencial Valle Verde, situado na periferia de Araraquara (SP), a iniciativa de bioconstrução na periferia de Araraquara está redefinindo a interação comunitária e a promoção do desenvolvimento sustentável. O Coletivo Cangaço Cultural tem mobilizado crianças, jovens e adultos, oferecendo cursos de bioconstrução em um terreno estratégico de 4,5 mil metros quadrados, de propriedade da Universidade Estadual Paulista (Unesp).
Denominado “Bioconstruindo na Quebrada”, o projeto não se restringe à edificação de estruturas físicas; ele se posiciona como um ponto de encontro e aprendizado contínuo. Além das oficinas de construção sustentável, a organização também disponibiliza uma gama diversificada de atividades gratuitas ao longo da semana, incluindo aulas de teatro, capoeira e filosofia, que enriquecem o tecido social da comunidade.
A transformação no Valle Verde ganha corpo com os esforços dedicados de voluntários e moradores na edificação de um quiosque. Esta estrutura servirá como a futura sede do grupo, consolidando o espaço para suas múltiplas atividades. Essa obra representa um pilar fundamental da atuação do coletivo.
Bioconstrução Periferia Araraquara: Coletivo Une Moradores
O líder comunitário Flávio Rodrigues da Silva, um dos principais responsáveis pelo Coletivo Cangaço Cultural, salienta a relevância primordial do curso de bioconstrução. Ele destaca que a proposta vai muito além da simples necessidade de construir, concentrando-se fundamentalmente na transmissão de saberes e na valorização da oralidade, bem como na recuperação de técnicas e tecnologias que foram historicamente negligenciadas. Essa abordagem coletiva fomenta um ambiente onde a partilha de experiências é o alicerce para que o “trampo” progrida, catalisando discussões sociais ainda mais abrangentes.
O quiosque está programado para ser inaugurado até o final de outubro, mas os planos do Coletivo Cangaço Cultural se estendem para projetos futuros ainda mais ambiciosos. A comunidade poderá contar com a criação de uma horta ecológica e uma marmitaria ecológica, complementando o compromisso da organização com a sustentabilidade e a autossuficiência. Os cursos de bioconstrução, que promovem uma abordagem sustentável para edificações, acontecem regularmente aos sábados e domingos, no período das 9h às 17h, estando abertos a toda a população interessada e ocorrendo no cruzamento da Avenida Bercholina Alves Carvalho Conceição com a Rua Maria do Carmo Ferreira Granato. Essa iniciativa é um dos frutos de um acordo de pós-ocupação firmado pelo coletivo através do programa “Minha Casa, Minha Vida”.
Ao longo das aulas, os participantes já foram introduzidos a uma variedade de técnicas e temas essenciais na **bioconstrução na periferia de Araraquara**. Dentre eles, foram abordados conhecimentos fundamentais de carpintaria e métodos construtivos como o telhado verde e o pau a pique, também conhecido como taipa de mão. Para as próximas semanas, a agenda da iniciativa prevê a exploração de assuntos como bacia de evaporação e jardins de chuva, aprofundando o entendimento dos alunos sobre práticas ecológicas e inovadoras. Em seguida, o foco será direcionado para o curso de agroecologia, que se dedica à promoção de sistemas agrícolas e alimentares saudáveis. As aulas de agroecologia terão início nos dois últimos finais de semana de novembro e continuarão nas duas primeiras semanas de dezembro. Para mais informações sobre as diversas práticas e fundamentos da construção sustentável, é possível acessar o portal da Embrapa sobre bioconstrução.
Foco em Atividades Culturais e Educacionais Abrangentes
Para além das capacitações em bioconstrução, o Coletivo Cangaço Cultural demonstra um forte compromisso com a arte e a educação, oferecendo uma variedade de atividades. Aos sábados, o próprio terreno se torna um polo cultural, abrigando aulas de arte e educação, que englobam música, dança e artes visuais, além de sessões de capoeira. Nos dias de semana, de segunda a sexta-feira, as atividades são transferidas para o estacionamento da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Valle Verde, situado na Rua Henrique João Baptista Crisci, nº 1.160. Os horários e modalidades das aulas são distribuídos da seguinte forma:

Imagem: g1.globo.com
- Segunda-feira: Muay thai às 19h e Jiu-jítsu às 20h.
- Terça-feira: Aulas de Teatro às 19h e Capoeira Angola às 20h.
- Quarta-feira: Atividade de Leiturada às 19h e Muay thai às 20h.
- Quinta-feira: Capoeira Angola às 19h e Jiu-jítsu às 20h.
- Sexta-feira: Filosofia para crianças às 18h30 e Muay thai às 19h30.
- Sábado (no terreno da Rua XX): Arte e educação às 9h e Capoeira Angola (musicalização) às 14h.
A visão do coletivo é que, uma vez concluídas as obras no terreno, todas essas atividades culturais e educacionais se consolidem nesse espaço próprio, reforçando o impacto cultural na comunidade.
A Contribuição Essencial da Unesp
A Universidade Estadual Paulista (Unesp) desempenha um papel estratégico nesse projeto, atuando no local a partir da cessão do terreno pela Prefeitura de Araraquara, formalizada por decreto em 2024. Após a formalização de um acordo com a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), a Unesp se dedica a duas frentes principais de trabalho. A primeira foca na transmissão de conhecimento sobre empreendedorismo para moradores de baixa renda da região, visando promover a autonomia econômica. A segunda frente concentra-se em atividades de extensão universitária, que engajam ativamente os estudantes da instituição no desenvolvimento da comunidade.
O professor Sérgio Vicente Fonseca, que integra o Departamento de Administração Pública da Faculdade de Ciências e Letras, está à frente das negociações para a aquisição de seis contêineres. Esses contêineres serão adaptados e transformados em salas de aula para oferecer formação técnica e empreendedora. Desses módulos, três serão dedicados à incubação de jovens profissionais na área, capacitando-os como aprendizes de marceneiros e serralheiros. Um contêiner específico será destinado à incubação de mulheres empreendedoras, com foco em processamento e gerenciamento dos alimentos cultivados na futura horta que será instalada no terreno, promovendo a autossustentabilidade. Os contêineres remanescentes serão utilizados para atividades de extensão curricular, cumprindo as exigências do Ministério da Educação (MEC).
A colaboração da Unesp envolverá alunos de todas as unidades da universidade em Araraquara, buscando ampliar a disseminação de conhecimento e promover o bem-estar dos moradores. Um dos contêineres, por exemplo, abrigará um consultório odontológico, com o atendimento sendo realizado por alunos da Faculdade de Odontologia. Em outra vertente de atuação, será implantada uma mini-horta de ervas fitoterápicas, gerenciada e utilizada por estudantes de Farmácia. Adicionalmente, alunos de cursos como Letras, Ciências Sociais, Administração Pública e Economia se dedicarão a iniciativas de educação ambiental e educação cidadã. O professor Fonseca descreve essa atuação como um esforço essencial para estabelecer um “diálogo com a comunidade” na ‘quebrada’, referenciando o pensamento de Paulo Freire sobre uma relação dialógica que fortalece mutuamente ambas as partes. A previsão é que os contêineres estejam completamente instalados até dezembro deste ano, e o início das aulas de capacitação está projetado para março de 2026.
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O Coletivo Cangaço Cultural, em uma parceria estratégica com a Unesp, demonstra de forma inspiradora como a **bioconstrução na periferia de Araraquara** transcende a esfera da técnica construtiva. Ela se revela uma poderosa ferramenta de empoderamento, educação e integração social, impactando positivamente a vida dos moradores do Valle Verde. O projeto “Bioconstruindo na Quebrada” emerge como um modelo exemplar de como iniciativas locais têm o potencial de gerar transformação profunda e duradoura. Para se manter sempre atualizado sobre outras histórias de desenvolvimento comunitário, iniciativas sociais e debates relevantes que impactam a vida em nossas cidades, convidamos você a explorar as demais publicações em nossa editoria de Cidades.
Foto: Coletivo Cangaço Cultural
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