Bebida com Metanol: Concentração 300x Acima do Limite em PE

As autoridades de saúde de Pernambuco confirmaram nesta segunda-feira (13) os primeiros três casos de intoxicação por metanol, uma substância altamente tóxica. A alarmante descoberta veio à tona após investigações revelarem que a bebida consumida pelas vítimas apresentava uma concentração de metanol 300 vezes superior ao limite legal estabelecido para produtos desse tipo. As ocorrências envolveram homens residentes no município de Lajedo, localizado na região do Agreste, e resultaram em dois óbitos e um caso com sequelas visuais graves.

A investigação minuciosa foi conduzida por Rafael Arruda, perito criminal do Instituto de Criminalística, que detalhou as etapas dos exames laboratoriais. Segundo as conclusões, a análise das bebidas ingeridas pelas vítimas revelou níveis exorbitantes da substância química. Em um dos casos mais graves, a concentração de metanol no sangue do indivíduo era cinco vezes maior do que a taxa considerada adequada para o início imediato do tratamento, evidenciando a extrema gravidade da exposição.

Bebida com Metanol: Concentração 300x Acima do Limite em PE

Conforme explicado pelo perito Arruda, a substância encontrada nas garrafas de bebidas adulteradas superava em 300 vezes o que o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) permite para a fabricação fermentada de bebidas destiladas. A legislação brasileira, estabelecida pelo Mapa, determina que o limite máximo de metanol tolerado é de 20 mililitros para cada 100 mililitros de álcool anidro, ou etanol puro. Qualquer concentração acima desse patamar torna a bebida potencialmente letal ou causadora de danos severos à saúde humana.

A situação acendeu um alerta nas autoridades de saúde. Até o momento, Pernambuco registra um total de 48 casos suspeitos de intoxicação por metanol. Deste número, 27 continuam sob investigação para confirmação ou descarte, enquanto 18 já foram formalmente descartados. Os três casos recentemente confirmados lançam luz sobre a seriedade da adulteração de produtos e os riscos diretos à vida dos consumidores.

Os indivíduos oficialmente confirmados com intoxicação por metanol são:

• Celso da Silva, 43 anos: Internado no Hospital da Mestre Vitalino (HMV) em 2 de setembro, ele veio a óbito uma semana depois, no dia 9 do mesmo mês.
• Marcelo dos Santos Calado, 32 anos: Deu entrada no HMV em 4 de setembro e, embora tenha recebido alta em 23 de setembro, permaneceu com perda significativa da visão em decorrência da intoxicação.
• Jonas da Silva Filho, idade não informada: Infelizmente, faleceu na madrugada de 29 de agosto, antes mesmo de conseguir ser transferido para o HMV.

Rafael Arruda salientou a complexidade na detecção do metanol no organismo, pois o corpo humano metaboliza a substância rapidamente. Essa característica dificulta a identificação da toxicina se os exames não forem realizados em um curto período. A “janela de detecção” crucial, segundo o perito, estende-se de 14 a 18 horas após a ingestão. Após esse intervalo, o metanol é convertido e se torna inviável a sua quantificação. No entanto, em um dos casos de óbito precoce, onde a vítima faleceu poucas horas após o consumo da bebida, o fígado cessou a metabolização, o que possibilitou a precisa quantificação da substância tóxica no sangue.

Em um desdobramento recente da investigação, o governo anunciou a prisão de um homem de 40 anos, natural de São Bento do Una, no Agreste. Ele é suspeito de adulterar bebidas que teriam sido trazidas do estado de São Paulo. A prisão ocorreu em sua residência, no sábado, dia 11, em meio aos esforços para conter a disseminação dessas substâncias perigosas.

Imagem: g1.globo.com

Sobre a possibilidade de haver outras vítimas fatais relacionadas à intoxicação por metanol, o perito informou que ainda é cedo para conclusões. As investigações continuam em andamento, muitas delas sob segredo de justiça ou em análise confidencial pelos órgãos de saúde, e apenas o progresso dessas apurações poderá determinar a extensão total dos casos e identificar outras eventuais vítimas.

A disseminação de bebidas adulteradas representa um sério risco à saúde pública, e a vigilância sobre os produtos comercializados é fundamental. Para entender mais sobre a segurança e os perigos do consumo de álcool não fiscalizado, você pode consultar o que diz a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) sobre metanol em bebidas.

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Este grave incidente ressalta a importância da fiscalização e do controle rigoroso da procedência das bebidas. Fique sempre atento às notícias da sua região. Para mais atualizações sobre segurança e saúde em Pernambuco e no Brasil, continue acompanhando a editoria de Cidades no Hora de Começar.

Crédito da imagem: Mariane Monteiro/g1